Investimentos

Cenários Econômicos

28/09/2018

Agosto de 2018

O “Boletim Macroeconômico” é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.


Zona do Euro (dados coletados até 01/09/2018)

O cenário externo tem se mostrado mais turbulento. Um dos motivos do aumento dessa volatilidade é atribuído ao agravamento da crise da Turquia.

Uma das consequências do problema turco foi a forte desvalorização da Lira, que ressoou nos demais países emergentes. Os efeitos dos problemas enfrentados pelo país também foram observados na Europa, em função da relativa exposição de bancos da região à dívida turca.

Grafico Moedas Real vs Lira.jpg

Fonte: Bloomberg

Segundo informações do BIS ¹, países europeus respondem por US$ 167 bilhões da dívida da Turquia. Os bancos espanhóis emprestaram cerca de US$ 80 bilhões (5,4% do PIB espanhol). Os bancos franceses e italianos são outros grandes credores, com participação de 1,2% e 0,8% do PIB desses países, respectivamente.

À despeito da ocorrência de crises individualizadas, como as da Turquia, Argentina e Itália, a elevação da aversão ao risco em relação aos países emergentes tem sido motivada, principalmente, pela expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos; pelo crescimento da atividade econômica global, apesar de menos sincronizada, e pela escalada da guerra comercial entre EUA e China com efeito no comércio mundial.

Na última semana, o governo americano impôs novas tarifas de importação sobre o valor de US$ 200 bilhões em importações chinesas. Neste primeiro momento de 10%, podendo alcançar 25% no fim do ano. Esse movimento foi prontamente respondido pelo governo chinês com a imposição de novas tarifas de importação dos EUA em US$ 60 bilhões.

A escalada de barreiras comerciais consiste em um risco para o crescimento da zona do euro. Os exportadores europeus estão sentindo uma pressão crescente dado o aumento do protecionismo e efeito defasado do euro mais forte. Além disso, a incerteza política na região não é menosprezável. A recente eleição na Itália, a crise da independência catalã na Espanha e o processo do Brexit.

Portanto, há riscos globais e internos que estão afetando a perspectiva de crescimento da região. A pesar do  Banco Central Europeu (BCE) ter programado o encerramento da compra de títulos (QE), novos eventos podem levar à prorrogação do programa de afrouxamento.

¹ Relatório da consultoria TS Lombard “Turkish risks to Europe” de 14/08/2018. Dados consolidados do primeiro trimestre de 2018. 

 

Crédito (dados coletados até 26/09/2018)

O mercado de crédito tem evoluído em linha com o ritmo de recuperação da atividade econômica e com o processo de flexibilização da política monetária. Segundo informações do Banco Central, o saldo das operações de empréstimos totalizou R$ 3,1 trilhões em agosto, apresentando crescimento de 1,0% no mês e 3,4% nos últimos doze meses. Nesse período, a dinâmica do crédito foi baste distinta entre pessoas físicas e jurídicas, tendo em vista que enquanto o crédito às famílias apresentou crescimento de 6,8%, o crédito para empresas recuou -0,4%.

Credito do Sistema Financeiro.jpg

Fonte: BCB

Nos últimos doze meses, a expansão do crédito se deu em função das operações com recursos livres, que cresceram 8,9%, em detrimento ao recuo de 2,2% das operações com recursos direcionados, principalmente, em função do baixo desempenho dos financiamentos imobiliários (-21,1%) e dos recursos do BNDES (-10,3%), no segmento de pessoas jurídicas. Há que se considerar que o desempenho do mercado de crédito para pessoas jurídicas está diretamente associado às condições da atividade econômica.

No caso do crédito para pessoas físicas, um fator importante a ser analisado diz respeito à manutenção dos níveis de endividamento e comprometimento de renda das famílias que se encontram em 41,76% e 20,18% , respectivamente. Níveis considerados satisfatórios e que apresentam estabilidade nos últimos meses.
 


Atividade Econômica (dados coletados até 31/08/2018)

No ambiente interno, os dados da atividade econômica brasileira mostram persistência de um lento processo de recuperação. No segundo trimestre de 2018, o PIB cresceu apenas 0,2%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, a atividade registrou aumento de apenas 1,4%. A agropecuária permaneceu estável (0,0%), a indústria teve queda de 0,6% e os serviços tiveram variação positiva de 0,3%. O desempenho desses setores demonstra fragilidade no processo de retomada da economia.

PIB - Variacao trimestral e anual.jpg

Fonte: IBGE

Os investimentos e o consumo se mantêm em níveis baixos ou em queda, refletindo nos indicadores de atividade econômica. A desvalorização do câmbio tem pressionado ligeiramente os índices mais sensíveis aos preços externos, como os IGP's. Porém, a fraca demanda tem evitado maiores repasses aos índices de consumo (IPCA e INPC). Nem mesmo os juros e a inflação em níveis baixos estão sendo suficientes para impulsionar o crescimento da atividade econômica.

 

Política Fiscal (dados coletados até 30/08/2018)

Nos sete primeiros meses do ano, o déficit primário atingiu R$ 38,9 bi, ficando cerca de 50% inferior ao observado no mesmo período do ano passado. A melhora no resultado ocorreu em função do crescimento de 11,1% das receitas líquidas, ao passo que as despesas aumentaram apenas 5,2%. Segundo informações do Tesouro Nacional, as receitas foram influenciadas pela melhora dos principais indicadores macroeconômicos e pela arrecadação com o programa de regularização tributária. Porém, as despesas cresceram em função do aumento dos benefícios previdenciários, despesas de pessoal e discricionárias.

Resultado Primario.jpg

Fonte: Tesouro Nacional

 

As projeções do Tesouro Nacional apontam para um déficit de R$ 120,1 bilhões apenas nos meses de agosto a dezembro, entre outros fatores, em função da contínua pressão dos benefícios previdenciários e das despesas de pessoal e da elevação dos créditos extraordinários associados à política de subsídio ao diesel. Em 2018, a previdência social registrou déficit de R$ 107,1 bilhões, enquanto o Tesouro Nacional e o Banco Central foram superavitários em R$ 68,0 bilhões.

Embora o resultado primário de julho tenha sido melhor do que as expectativas do mercado, alguns elementos da dinâmica da execução financeira e o comportamento da arrecadação nos últimos meses tendem a repercutir num déficit primário inferior a meta de R$ 159 bilhões.

 

Expectativas de Mercado (dados coletados até 21/09/2018)

Projecao para 2018 e 2019.jpg

 

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O presente boletim, de caráter informativo, foi produzido com base em dados publicamente divulgados. A Previ não declara, tampouco garante, de forma expressa ou tácita, que tais dados sejam imparciais, precisos, completos ou corretos. Cenários, análises, projeções, prognósticos e estimativas com base em tais dados estão sujeitos a riscos e incertezas e podem ser, ainda, e a qualquer momento, prejudicados, desconsiderados e descartados, até mesmo como decorrência, por exemplo, de mudanças na conjuntura nacional e/ou internacional, divergências nos critérios e métodos interpretativos e/ou nos fatores de riscos sistêmicos e/ou associados a alterações geopolíticas, políticas, econômicas, sociais, legislativas ou regulatórias. Este boletim não deve, em nenhuma circunstância, ser considerado como indicação, orientação, recomendação ou fonte para tomada de decisões. Compete a cada leitor realizar pesquisas, estudos e análises devidas. Qualquer eventual decisão ou ação é de sua exclusiva responsabilidade, não podendo a Previ, em nenhuma hipótese, ser de qualquer forma responsabilizada, inclusive, por qualquer perda ou dano, direto ou indireto. A Previ não assume qualquer compromisso ou obrigação, inclusive de revisar, atualizar ou complementar este boletim. A reprodução, divulgação, distribuição ou compartilhamento não expressamente autorizado deste boletim,  ou de qualquer parte dele, sujeitará o infrator às penalidades legais.

Previ - Diretoria de Planejamento