Investimentos

Cenários Econômicos

15/10/2018

Outubro de 2018

O “Boletim Macroeconômico” é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.


Zona do Euro (dados coletados até 01/10/2018)

A economia da zona do euro tem se mostrado estável, porém mais desacelerada. O crescimento na Europa enfraqueceu, substancialmente, após o avanço do ano passado. O ambiente externo mais adverso, o aperto da renda real das famílias devido ao aumento inflacionário são as principais contribuições negativas. 

PIB E PMI.jpg

Fonte:  Bloomberg, elaborado por Dipla/ Gepoc

 

Ademais, os indicadores de confiança são sensíveis aos impasses comerciais entre a China e os EUA uma vez que afetariam negativamente a região, especialmente o setor exportador. Adicionalmente, embora a guerra comercial entre EUA e Europa parece menos provável, o risco ainda existe.  Como pode ser observado no gráfico abaixo, a exportação tem sido impactada pelo agravamento do ambiente externo, protecionismo e uma potencial guerra comercial. 

As incertezas políticas e econômicas causam postergação de decisões de investimentos e de consumo. As incertezas estão relacionadas à diversas questões.

São elas:

• Tarifas de importação e exportação
• Demanda externa
• Brexit
• Nova regras de emissão para a indústria automobilística
• Dúvidas quanto a sustentabilidade da dívida italiana
• Recentemente, Crise na Turquia
• A inflação na Zona do Euro tem sido impulsionada pelos preços mais altos de energia devido à alta do petróleo. A inflação está em torno da meta do BCE. Em agosto de 2018, avançou, exatamente 2%. A dinâmica dos preços deve continuar respondendo ao mercado de trabalho mais apertado, ao aumento gradual dos salários e da elevação da capacidade utilizada. 

 

Inflação Acumulada 12 meses

Inflacao Acumulada 12 Meses.jpg

Fonte:  Bloomberg, elaborado por Dipla/ Gepoc

 

EUA (dados coletados até 01/10/2018)

A atividade econômica nos EUA segue trajetória consistente, apesar dos aumentos dos riscos relacionados às incertezas dos mercados globais. O PIB norte americano avançou 4,1% no 2º trimestre de 2018 (trimestre a trimestre anualizado). Esse foi o maior ritmo desde 2014. O Consumo e os Investimentos apresentaram alta de 4,0% e 5,4%, respectivamente, indicando uma melhora da renda das famílias e da confiança dos agentes. As exportações tiveram forte elevação (9,3%) beneficiadas pela antecipação de parte das vendas pelo receio de mudanças de políticas tarifárias em resposta às sobretaxas ao aço e ao alumínio importado. Medidas fiscais adicionaram em torno de US$ 1,5 trilhão via corte de impostos, que somados a benefícios contábeis para investimentos, contribuíram para o resultado acima da média do PIB. O estímulo fiscal provavelmente contribuirá com 0,7pp para o crescimento do PIB em 2018 e 0,6pp em 2019. A Lei de Cortes e Empregos Tributários (TCJA) terá seu maior efeito marginal neste ano, enquanto os gastos da Lei Orçamentária Bipartidária (BBA) beneficiarão, principalmente, o crescimento em 2019. 

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Após longos anos de inflação baixa - abaixo de 2% perseguido pelo FED – os preços da maior economia do mundo têm apresentado uma trajetória gradual e crescente ao longo de 2018, compatível com o alvo de 2%. No momento, esse crescimento dos preços não parece ser uma ameaça aos planos de normalização do Banco Central americano. Isto porque as expectativas de inflação estão controladas e quando observamos os núcleos de inflação, que melhor capturam a tendência excluindo itens mais sensíveis a choques como alimentos e energia, ainda estão distantes de apresentar trajetórias explosivas.

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Taxa de Câmbio (dados coletados até 01/10/2018)

No curto prazo, diferentes elementos trazem maior volatilidade para o câmbio. No âmbito interno, tem-se a instabilidade de um ano eleitoral e indefinições relacionadas ao equilíbrio fiscal.  E no externo, principalmente, a pressão dos EUA sobre o comércio internacional e questões geopolíticas. No longo prazo, segue a tendência de elevação da taxa de juros americana gradual e apreciação do dólar, com lenta normalização da liquidez internacional.

Após um período de relativa estabilidade no final de 2016, o Real depreciou-se cerca de 24% determinado por um ambiente externo mais adverso e pelo aumento das incertezas internas. Esta realização da moeda era esperada, uma vez que em períodos anteriores o Real havia se apreciado mais do que às demais moedas sem um fundamento econômico plausível. Adicionalmente, a redução entre a taxa de juros no Brasil e nos EUA impacta negativamente na entrada de recursos estrangeiros no país.

O acompanhamento de algumas variáveis macroeconômicas e financeiras contribuem para a análise do câmbio. O CDS (Credit Default Swap), medida de risco-país, é altamente correlacionado com a taxa de câmbio.  O aumento do risco soberano causa uma queda dos fluxos de capitais depreciando a moeda local. Um componente do aumento do risco do Brasil trata-se de eventos externos, tais como, a guerra comercial, a queda da perspectiva de crescimento mundial, risco do aumento do ritmo de alta dos juros norte americanos, crise em alguns países emergentes, dentre outros fatores. Enquanto o outro componente deve-se a questões domésticas, como incerteza política e quanto à sustentabilidade das contas públicas.

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Fonte:  Bloomberg, elaborado por Dipla/ Gepoc

O gráfico abaixo compara o desempenho da moeda brasileira com a evolução das moedas dos emergentes (Colômbia, Coreia do Sul, Índia, Rússia, México e África do Sul) e com o DXY (média ponderada do dólar em relação às principais moedas do G7).  Portanto, o ano de 2018 foi marcado com a forte depreciação do Real frente às demais moedas, excetuando-se as economias que tiveram maior choque negativo– Argentina e Turquia.

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Fonte:  Bloomberg, elaborado por Dipla/ Gepoc

 

Inflação (dados coletados até 05/10/2018)

Em setembro, o índice oficial de inflação (IPCA) apresentou variação de 0,48%. Esse foi o maior resultado para um mês de setembro desde 2015, quando o IPCA cresceu 0,54%. Com isso, o índice passou a acumular alta de 4,53%, ante um crescimento de 4,19%, nos doze meses terminados em agosto.

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Fonte: IBGE

 

O principal responsável pela oscilação do IPCA foi o grupo “Transportes”, que registrou aumento de 1,69%, principalmente, em função do aumento de 4,18% do item combustíveis, que representou metade da variação do IPCA no mês.

A despeito da variação da inflação em setembro, os dados mostram que o cenário prospectivo em relação à política monetária está inserido em uma dinâmica de lenta recuperação da economia e expectativas ancoradas.

Nesse cenário, a economia segue operando com elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria, em um contexto de arrefecimento dos indicadores de confiança dos empresários, e na alta taxa de desemprego, com a confiança dos consumidores também debilitada.

Contudo, apesar das condições do ambiente interno estarem contribuindo para a manutenção dos índices de preços em patamares reduzidos, o cenário externo tem se mostrado mais desafiador, com redução do apetite ao risco em relação às economias emergentes.

Os principais riscos estão associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e às incertezas quanto aos impactos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e suas possíveis consequências para a atividade econômica mundial.

 

Expectativas de Mercado (dados coletados até 08/10/2018)

Expectativas de Mercado.jpg

 

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O presente boletim, de caráter informativo, foi produzido com base em dados publicamente divulgados. A Previ não declara, tampouco garante, de forma expressa ou tácita, que tais dados sejam imparciais, precisos, completos ou corretos. Cenários, análises, projeções, prognósticos e estimativas com base em tais dados estão sujeitos a riscos e incertezas e podem ser, ainda, e a qualquer momento, prejudicados, desconsiderados e descartados, até mesmo como decorrência, por exemplo, de mudanças na conjuntura nacional e/ou internacional, divergências nos critérios e métodos interpretativos e/ou nos fatores de riscos sistêmicos e/ou associados a alterações geopolíticas, políticas, econômicas, sociais, legislativas ou regulatórias. Este boletim não deve, em nenhuma circunstância, ser considerado como indicação, orientação, recomendação ou fonte para tomada de decisões. Compete a cada leitor realizar pesquisas, estudos e análises devidas. Qualquer eventual decisão ou ação é de sua exclusiva responsabilidade, não podendo a Previ, em nenhuma hipótese, ser de qualquer forma responsabilizada, inclusive, por qualquer perda ou dano, direto ou indireto. A Previ não assume qualquer compromisso ou obrigação, inclusive de revisar, atualizar ou complementar este boletim. A reprodução, divulgação, distribuição ou compartilhamento não expressamente autorizado deste boletim,  ou de qualquer parte dele, sujeitará o infrator às penalidades legais.

Previ - Diretoria de Planejamento