Investimentos

Cenários Econômicos

01/11/2018

Novembro de 2018

O “Boletim Macroeconômico” é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.


Confianças dos consumidores e empresários (dados coletados até 31/10/2018)

Em outubro, a Confederação Nacional da Industria (CNI) e o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) publicaram seus relatórios mais recentes sobre as expectativas dos consumidores e empresários em relação ao desempenho econômico. Segundo a CNI, a confiança do consumidor é a mais alta em quatro anos. Em outubro, o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), alcançou 110,6 pontos, registrando crescimento de 4,4%, em relação ao mês de setembro e alta de 12,5%, nos últimos quatro meses.

Indice Nacional de Expectativa do Consumidor - INEC.jpg

 

Entre os componentes avaliados pelo INEC, a percepção em relação à situação financeira foi o fator que mais cresceu, apresentando aumento de 8,9%, em relação ao mês anterior e 16,9%, em comparação a outubro de 2017. Essa variação indica que os consumidores estariam mais confiantes em relação à melhora de sua situação financeira no futuro.

As informações da CNI são corroboradas pelo indicador de Sondagem do Consumidor (ICC) do IBRE. Em outubro, o ICC passou de 82,1 para 86,1 pontos, embora ainda se mantenha em patamar baixo em termos históricos.  Ambos indicadores (INEC e ICC), mostram que há certa tendência de melhora da percepção dos consumidores em relação aos rumos da economia. 

Indice de Confianca do Empresario Industrial - ICEI.jpg

 

 

No caso das empresas, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da CNI mostra que houve crescimento do nível de confiança do setor. Em outubro, o ICEI aumentou em relação a setembro, atingindo 53,7 pontos. A melhora apresentada pelo indicador foi provocada, exclusivamente, pela expansão do Índice de Expectativas, que é um dos componentes do ICEI. No período analisado, o Índice de Expectativas passou de 55,9 para 57,8 pontos.

Os dados do Índice de Confiança Empresarial (ICE) do IBRE também mostram aumento do otimismo do setor em relação à atividade econômica. Em outubro, o indicador cresceu 0,9 pontos, atingindo 90,7 pontos. O IBRE enfatiza, contudo, que o crescimento apresentado pela confiança dos empresários ainda não foi suficiente para reverter a tendência observada nos últimos meses.  

 

Estados Unidos (dados coletados até 31/10/2018)

Apesar do aumento das incertezas quanto aos rumos do comércio internacional, em função da escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, a economia norte-americana vem apresentando crescimento robusto. A atividade econômica vem refletindo os bons fundamentos macroeconômicos, auxiliados pelos recursos adicionais da reforma fiscal.

Indicadores do mercado de trabalho apontam melhora contínua, porém ainda estão aquém das expectativas em função de pressões salariais. Já a inflação, do mesmo modo, vem sinalizando uma melhora gradual, em linha com a meta estabelecidas pelo Banco Central (FED) de 2%, o que condiz com a trajetória de aperto suave nas condições monetárias.

Indice CPI e PPI.jpg

 

Nesse contexto, o FED vive um dilema na condução da política monetária. Se por ventura retardar o seu plano de elevação das taxas de juros básica, pode levar a economia a um superaquecimento, uma vez que a economia se encontra próxima a sua máxima capacidade produtiva ou de pleno emprego, com a taxa de desocupação em níveis muito baixos (atingiu 3,7%, menor nível em 50 anos). Soma-se a isso, os efeitos do impulso fiscal já em vigor, com estímulos adicionais que podem chegar a 1,3% do PIB, quando somados os anos de 2018 e 2019.

Por outro lado, se o FED elevar os juros muito rapidamente, poderia antecipar uma desaceleração da atividade econômica, interrompendo prematuramente o atual ciclo positivo de expansão. O equilíbrio entre estes dois cenários de ajuste na política monetária será o grande desafio daqui para frente.

O fato é que os riscos de recessão estão aumentando. O cenário de crescimento global sincronizado observado do início do ano, nas principais economias do mundo, arrefeceu. Houve elevação dos preços do petróleo e do dólar, com problemas de oferta ocasionados pela crise na Venezuela e pelo rompimento do acordo com o Irã. Mas o risco mais relevante vem, sobretudo, do acirramento das relações comerciais dos Estados Unidos com seus pares comerciais, especialmente a China, que pode levar a uma desaceleração em escala global. A atividade econômica nos EUA segue trajetória consistente, apesar dos aumentos dos riscos relacionados às incertezas dos mercados globais. O PIB norte americano avançou 4,1% no 2º trimestre de 2018 (trimestre a trimestre anualizado). Esse foi o maior ritmo desde 2014. O Consumo e os Investimentos apresentaram alta de 4,0% e 5,4%, respectivamente, indicando uma melhora da renda das famílias e da confiança dos agentes. As exportações tiveram forte elevação (9,3%) beneficiadas pela antecipação de parte das vendas pelo receio de mudanças de políticas tarifárias em resposta às sobretaxas ao aço e ao alumínio importado. Medidas fiscais adicionaram em torno de US$ 1,5 trilhão via corte de impostos, que somados a benefícios contábeis para investimentos, contribuíram para o resultado acima da média do PIB. O estímulo fiscal provavelmente contribuirá com 0,7pp para o crescimento do PIB em 2018 e 0,6pp em 2019. A Lei de Cortes e Empregos Tributários (TCJA) terá seu maior efeito marginal neste ano, enquanto os gastos da Lei Orçamentária Bipartidária (BBA) beneficiarão, principalmente, o crescimento em 2019.

 

Política Monetária

Com a inflação em linha com a meta de 2% ao ano; a taxa de desemprego em nível baixo, em função mercado de trabalho aquecido e as expectativas controladas, o FED deve manter seu plano original de elevação da taxa de juros de maneira suave e gradual. Por enquanto a trajetória de elevação dos juros está em linha com o mercado. Após sete elevações em três anos (início em 12/2015), o Federal Funds rate atingiu o intervalo de 2,00% a 2,25% na última reunião de setembro. O plano de normalização prevê novos ciclos de alta com previsão de atingir o patamar de 3% até 2020.  

Projecoes de Taxas de Juros.jpg

No último ano, a inflação apresentou evolução positiva (o PCE alcançou a meta estipulada pelo FED); o hiato do produto está fechando e o crescimento econômico, apoiado no estímulo fiscal, vem sustentando os ganhos de inflação. A partir de agora a preocupação dos membros do FOMC (Comitê de política monetária do FED) está em definir até onde a taxa de juros irá, ou seja, qual será taxa de juros neutra ou de equilíbrio.

Nesse sentido o debate indica que se formaram duas alas no Comitê do Banco Central, uma ala mais hawkish e outra mais dovish. A primeira se apoia em uma política monetária mais restritiva, dado que os indicadores alvos já foram alcançados, e por esse motivo a manutenção dos juros atuais, segundo eles, aumentaria o risco de uma repique inflacionário e um eventual desequilíbrio no mercado financeiro.

Por outro lado, a ala mais dovish acredita que, a estratégia de elevação lenta e gradual, seja a mais correta, podendo a autoridade monetária fazer uma eventual pausa no plano de elevação, caso os indicadores macroeconômicos se mostrem desfavoráveis. O fato é que o FED deve seguir uma linha de atuação muito relacionada aos indicadores da economia. Essa estratégia mais cautelosa, conhecida como data dependent, deve evitar apostas muito arriscadas podem ocasionar mudanças bruscas de rumo na política monetária, que tem se provado muito mais danosas à economia global. 

Expectativa Infla__o.jpg

Nesse sentido, o Banco Central americano quer evitar é que um eventual movimento brusco na política monetária possa ocasionar um efeito recessivo na economia. É mais arriscado “errar a mão” e elevar os juros além do necessário e causar uma recessão, do que fazer um movimento muito suave de elevação dos fed funds e causar um eventual sobreaquecimento. Lidar com recessão é mais complicado, pois o FED não possui munição para combatê-la, tendo em vista que os juros já estão baixos demais. Quando se olha sob a perspectiva histórica, para combater a recessão é exigido, em média, uma queda de 500 pontos base (p.b.) dos juros básicos. Algo que atualmente o FED não dispõe.  

 

Expectativas de Mercado (dados coletados até 31/10/2018)

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O presente boletim, de caráter informativo, foi produzido com base em dados publicamente divulgados. A Previ não declara, tampouco garante, de forma expressa ou tácita, que tais dados sejam imparciais, precisos, completos ou corretos. Cenários, análises, projeções, prognósticos e estimativas com base em tais dados estão sujeitos a riscos e incertezas e podem ser, ainda, e a qualquer momento, prejudicados, desconsiderados e descartados, até mesmo como decorrência, por exemplo, de mudanças na conjuntura nacional e/ou internacional, divergências nos critérios e métodos interpretativos e/ou nos fatores de riscos sistêmicos e/ou associados a alterações geopolíticas, políticas, econômicas, sociais, legislativas ou regulatórias. Este boletim não deve, em nenhuma circunstância, ser considerado como indicação, orientação, recomendação ou fonte para tomada de decisões. Compete a cada leitor realizar pesquisas, estudos e análises devidas. Qualquer eventual decisão ou ação é de sua exclusiva responsabilidade, não podendo a Previ, em nenhuma hipótese, ser de qualquer forma responsabilizada, inclusive, por qualquer perda ou dano, direto ou indireto. A Previ não assume qualquer compromisso ou obrigação, inclusive de revisar, atualizar ou complementar este boletim. A reprodução, divulgação, distribuição ou compartilhamento não expressamente autorizado deste boletim,  ou de qualquer parte dele, sujeitará o infrator às penalidades legais.

Previ - Diretoria de Planejamento