|nº 106| Setembro 05

EDITORIAL
Prova de fogo

Nos últimos meses o cenário político do País foi dominado pelo trabalho das CPIs. Desde a instalação da CPMI dos Correios (seguida da CPMI do Mensalão e dos Bingos) que a maior parte do noticiário passou a se debruçar sobre os fatos ali tratados. A partir da denúncia de que houve um volume significativo de recursos não contabilizados (o chamado “caixa 2”) alimentando campanhas e partidos políticos, a sociedade busca saber se estes recursos não teriam vindo de empresas estatais ou outras fontes de natureza pública.
Em meio a tudo isso, de repente o foco das investigações e suspeitas voltou-se para os Fundos de Pensão. Denúncias imprecisas, mas intensamente repetidas, alimentaram manchetes de jornal, matérias extensas em todos os veículos de comunicação, discursos de parlamentares e parte dos trabalhos das CPIs.

Nos últimos meses, nós aqui na PREVI dedicamos boa parte do nosso tempo a rever e preparar relatórios, atender jornalistas e responder requerimentos de informação vindos das CPIs e de outras Comissões do Congresso, da SPC, da Controladoria Geral da União, do TCU, do Conselho Fiscal e dos associados.
Fomos questionados sobre as aquisições de títulos públicos e debêntures, sobre as operações com ações, sobre as corretoras com as quais operamos, sobre investimentos recentes e antigos, sobre o contrato de 1997 com o Banco do Brasil, sobre os acordos firmados com o Citibank, sobre o uso de cartão de crédito corporativo, contratos com consultorias, aplicações em bancos, salários dos dirigentes etc.
Apesar do estresse e das muitas segundas e más intenções por trás de muitos questionamentos e denúncias, nosso compromisso manteve-se o mesmo: tratar os assuntos com transparência e profissionalismo. Respondemos a todas as questões com fatos e informações concretas, demonstrando que todos os negócios e operações realizados pela PREVI atenderam unicamente aos interesses da própria entidade, e seguiram padrões técnicos e consistentes.

A verdade é que a PREVI está sendo submetida a uma verdadeira “prova de fogo”. Nunca antes um fundo de pensão foi tão analisado e dissecado. Nunca antes tantos diferentes agentes (imprensa, parlamentares, CPIs, órgãos públicos, etc) se voltaram com tanta intensidade para buscar algum indício de má gestão, desvio de recursos, favorecimentos ou coisas do tipo.

A PREVI vem fazendo do limão uma limonada. Além de provar a integridade das suas operações, a Diretoria, o Conselho Deliberativo e Fiscal estão aproveitando para aperfeiçoar os mecanismos de gestão e de controle. Sob pressão, alguns detalhes aparecem e é um bom momento para tratá-los.
Além disso, temos procurado, com toda a dificuldade, manter todo o funcionamento da entidade, para que nenhum projeto relevante seja adiado: estamos cuidando da Carim, da Capec, da Parcela PREVI , da gestão interna, do Estatuto, dos investimentos e tudo mais. Apesar de alguns atrasos, compreenssíveis neste cenário, vamos fazer todo esforço para assegurar mais um ano de realizações.

Sergio Rosa