|nº 112| Março 06

Nesta Edição » Perfil - Futebol de mesa
É gol na mesa



Márcio de Souza (esq.) e Milton Pedreira (dir.) já disputaram
campeonatos cariocas e brasileiros de futebol de mesa
Futebol de mesa une gerações e, quase por acaso, entrou nas vidas de alguns colegas que levam o esporte a sério

Em vez de gramado, uma mesa. No lugar de jogadores, botões. De brincadeira na infância, o futebol de botão, ou melhor, como corrigem os aficionados, o futebol de mesa, virou esporte e é levado a sério por muita gente que treina e compete por clubes espalhados pelo País. A essência do jogo é simples, sobre um tabuleiro com marcas semelhanstes às de um gramado, dez botões e um bloco, como goleiro, são numerados, ganham nomes, normalmente dos jogadores do time do coração do “técnico” (como são chamados os atletas da mesa) e batem bolinha em busca do gol.

Pode parecer simples, menos para a legião de jogadores que transformou a brincadeira da infância em coisa séria. Dois desses atletas trabalham na PREVI. Milton Pedreira, da Gerência de Tecnologia de Informação, passou anos sem treinar com as paletas e pastilhas. Voltou a se interessar quando seu filho Rodrigo, à época com 12 anos, jogava com os amigos numa praça no Rio de Janeiro e foi convidado para treinar no Clube América. “Só então descobri que havia uma estrutura para o esporte, com equipes treinando, que não era só uma brincadeira.”

Seis anos depois, Milton, é o “cartola” do clube, um dos mais competitivos do estado. Ele organiza as categorias em que o esporte é praticado: infantil (até 14 anos), juvenil (até 17), adulto (até 49) e masters (de 50 para cima), além de equipes. É no América que treinam três dos cinco campeões brasileiros de diversas categorias. O primeiro, curiosamente, foi seu filho, à época na categoria infantil.

Outro funcionário da PREVI envolvido com o esporte é Márcio de Souza, assessor da presidência. Conta que era funcionário da agência Imperador do Banco do Brasil, em Petrópolis, no interior do Rio de Janeiro, em 1988, quando organizou com outros colegas um campeonato interno. “Cada um tirou o time de botão da gaveta e foi competir. E fui o campeão”, diverte-se. O gosto pela brincadeira no fim do expediente, que mobilizava 12 funcionários da agência, começou a tomar contornos mais sérios em 1990, num campeonato municipal.

No ano seguinte, os botoneiros do Clube Petropolitano participaram do campeonato nacional em Curitiba. Desde então, Márcio participa da categoria adulto. Para ele, o principal atrativo do esporte é a confraternização que a atividade permite. “É um espaço de convivência, inclusive, entre pais e filhos”, conta. Segundo ele, alguns pais separados encontram os filhos apenas no fim de semana e tinham dificuldade de achar um programa que agradasse a ambos. “O futebol de mesa é um intermediário que une o pai e o filho de uma forma saudável e divertida”, diz.

Milton lembra de outra vantagem. Mesmo sendo praticado por prazer, o futebol de mesa exige muita prática. “É um esporte para o qual não é preciso estar em forma”, brinca. “Mas os mais novos têm mais tempo e dedicação aos treinos, o que faz toda a diferença.” A falta de tempo para a prática é que motiva o funcionário da PREVI a dedicar-se mais à organização, apesar de também disputar os campeonatos.

Paulo César Michilin, paulistano e funcionário do BB, pratica o esporte desde 1987. Junto com o irmão Mauro, ex-funcionário do banco. “Li uma reportagem da revista Placar sobre o futebol de mesa e fomos atrás da Federação Paulista. Desde criança jogávamos futebol de mesa”, relata. Paulo conquistou um título brasileiro e outro paulista, e é o quinto no ranking paulista. Seu irmão levou quatro vezes a taça nacional, e é o número 1 de São Paulo.

Outro que se dedica a organização é Luiz Carlos Oliveira, de 52 anos, aposentado pelo BB desde o ano passado. Ele é presidente da Associação dos Praticantes de Futebol de Mesa de Petrópolis, um dos colegas de Márcio no Banco do Brasil. Mas não é por ser “cartola” que ele pendura a paleta, usada para mover os botões. “É uma diversão, que tira da rotina, mas procuro jogar a sério os campeonatos”, garante. A dedicação já rendeu títulos estaduais em categorias diferentes.

Todos concordam que um dos principais aprendizados do futebol de mesa é o respeito e a convivência, especialmente entre gerações. O respeito é especialmente importante porque as partidas não contam necessariamente com um árbitro. Os jogadores até podem solicitar um juiz, mas isso é pouco comum e visto como um gesto indelicado.

REGRAS

A simplicidade do futebol de mesa acaba quando entram em campo as diversas regras. A diferença entre as principais normas (Baiana, Carioca e Paulista) começa no número de toques. Na baiana, é permitido apenas um toque na bola. Na carioca, três, na paulista, praticada na maioria dos campeonatos oficiais, doze. Mas as diferenças não param por aí. A possibilidade de mover os jogadores, trazê-lo de volta ao campo, chutar ao gol também variam, incluindo dimensões do campo e da mesa, tempo de jogo etc. Na regra carioca, por exemplo, um jogador pode ficar em posição de impedimento se estiver mais próximo da linha de fundo do adversário do que a bola.

O que se mantém em todas é a presença de dez botões e um goleiro de forma retangular. Os jogadores só podem ser movimentados em direção à bola com pressão de uma paleta sobre eles, exceto o goleiro. A analogia ao futebol de campo é o que norteia a maior parte das regras, do formato do campo, da meta e objetivos.

Há ligas organizadas em diversos estados do País e um campeonato nacional. Além das categorias por idade, há a divisão por ouro, prata e bronze, equivalentes à divisões dos campeonatos de futebol.

Para saber mais:

www.fefumerj.com.br – Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro
www.futeboldebotaonews.com.br – Dicas e informações sobre o esporte, incluindo as regras