|nº 126| Jul/Ago 07

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Fundos brasileiros e investidores americanos trocam experiências

Critérios de investimentos nos dois países foram o principal ponto dos debates

“As oportunidades são imensas, mas elas começam com o diálogo recíproco”, assim o embaixador norteamericano, Clifford Sobel, resumiu o encontro entre investidores institucionais dos EUA e representantes de sete fundos de pensão brasileiros: PREVI, Petros, Funcef, Fapes (BNDES), Valia (Vale do Rio Doce), Eletros (fabricantes de eletrodomésticos) e Previma (Andima). O presidente Sérgio Rosa agradeceu a presença de todos, lembrou a experiência internacional da PREVI e ressaltou a importância desses investidores entenderem o que é a economia brasileira. O presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Private Equity e Ventury Capital (ABVCAP), Thomas Tosta de Sá, frisou a importância da troca de experiências entre os dois grupos.

O desejo de aprofundar conhecimento sobre o funcionamento dos investimentos tanto no Brasil como nos Estados Unidos foi a tônica do debate realizado em 11/9. Tanto brasileiros como norte-americanos disseram serem necessárias novas visitas para estudar melhor as oportunidades. O debate se seguiu às apresentações do diretor de Investimentos da PREVI, José Reinaldo, e de Jesus Argüelles, representante do fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia, CalPERS na sigla em inglês.

Durante o debate, Sérgio Rosa perguntou sobre os principais fatores considerados pelos fundos norte-americanos para investir em outros países. O representante da CalPERS respondeu que não há diferenciação entre a avaliação de um investimento dentro ou fora dos EUA e lembrou que são avaliados os aspectos rentabilidade, governança, parceiros, dentre outros. Outros representantes de fundos também responderam e todos demonstraram muito critério com a análise dos investimentos escolhidos.

Os investidores estrangeiros fizeram perguntas sobre rentabilidade e diversificação de investimentos no Brasil. Todos os representantes de fundos de pensão falaram sobre suas instituições. Outra preocupação dos norte-americanos foi relacionar investimentos em private equity com empresas social e ambientalmente responsáveis. “O diálogo que estamos estabelecendo tem muitas frentes em comum, inclusive o da governança corporativa”, lembrou Sérgio Rosa.

O encerramento foi feito por Ana Guevara, vice-secretária assistente de Serviços, do International Trade Administration, órgão do Ministério do Comércio norte-americano. Ela lembrou a importância de dar prosseguimento à promoção de diálogo e à troca de experiências entre os fundos brasileiros e americanos.

Programação do Departamento de Comércio americano
A visita foi realizada pelo Institutional Investors Learning Journey (IILJ), programa do Departamento de Comércio dos EUA, que trouxe investidores institucionais americanos ao Brasil entre os dias 9 e 13/9, com atividades no Rio de Janeiro e em São Paulo. Além da PREVI, o roteiro incluiu visitas a instituições como BNDES, Petrobras e Bovespa. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) estiveram à frente da edição brasileira do programa.

O que é private equity e venture capital?
Conhecido como Capital Empreendedor (ou Capital de Risco), trata-se de forma de financiamento direcionado para empresas com alto potencial de crescimento e rentabilidade. Os fundos de investimento de private equity e venture capital são normalmente estruturados na forma de “condomínios fechados”. Isto é, os investidores compram quotas do fundo e só é possível resgatá-las na ocasião de desinvestimento, cerca de 5 a 10 anos após o início do fundo. Os investidores desses fundos costumam ser empresas privadas, fundos de pensão e entidades governamentais, interessados em investir em capital empreendedor, mediante a compra de ações, ou debêntures conversíveis em ações. O venture capital está relacionado a empreendimentos em fase inicial, enquanto o private equity está ligado a empresas mais maduras, em fase de estruturação, consolidação e/ou expansão de negócios. A essência desses investimentos é o compartilhamento de riscos do negócio por gestores e investidores, de modo a agregar valor à empresa investida.

As instruções CVM 209/94 e 391/03 regulam os fundos de investimento de venture capital e private equity, respectivamente. Fundos de pensão, como PREVI e Petros, investem no setor, além do BNDES. A PREVI tem recursos da ordem de R$ 640 milhões comprometidos com investimentos em fundos de venture capital e de private equity, em cujas carteiras estão empresas voltadas para tecnologia, informática, telefonia e infra-estrutura.