Estratégia e planejamento

Estratégia e planejamento

A PREVI direciona suas ações a partir de dois documentos: o Plano Estratégico e Tático e as Políticas de Investimentos. Essas são as grandes bússolas que determinam os caminhos pelos quais a Entidade cumprirá a Missão de garantir pagamentos de benefícios a todos nós associados no longo prazo.

O Plano Estratégico e Tático da PREVI tem um horizonte de cinco anos, mas é revisto anualmente para incorporar eventuais mudanças de cenário e ajustes de rota identificados como necessários durante o processo de revisão estratégica. Os trabalhos do Plano Estratégico e Tático influenciam diretamente a construção das Políticas de Investimentos da PREVI, que têm horizonte de sete anos, mas também são revistas anualmente. Essa integração é fundamental para que os dois grandes direcionadores da PREVI estejam alinhados visando ao efetivo cumprimento da Missão.

Em 2017, a PREVI executou as ações previstas no Plano Estratégico e Tático 2017-2021 ao mesmo tempo em que, a partir de junho, iniciou a revisão anual que resultou no Plano Estratégico e Tático 2018-2022. Para esse ciclo, a integração entre os processos de revisão estratégica (definição dos objetivos e diretrizes da PREVI para um horizonte de cinco anos) e desdobramento tático (planejamento das ações que cumprirão os objetivos e diretrizes definidos) foi ainda mais intensificada. Contribuiu para isso a realização de Fóruns Estratégicos e Táticos mensais, nos quais se discutiu o andamento das ações previstas e se produziram insumos para a revisão do Plano.

A exemplo de 2016, estratégia e tática foram aprovadas conjuntamente pelo Conselho Deliberativo, o que reduz a possibilidade de que sejam realizadas ações dissonantes da linha estratégica.

Outra parte fundamental desse processo integrado foi a elaboração do orçamento, que ocorreu a partir dos direcionamentos do Plano Estratégico e Tático. O teto orçamentário foi definido com base na estratégia, que também especificou as prioridades para alocação interna de recursos (leia mais na seção Plano de Gestão Administrativa). Por fim, as ações definidas no Plano Estratégico e Tático foram integralmente refletidas no acordo de trabalho das equipes, reforçando que o foco prioritário está integralmente voltado para os objetivos e as diretrizes estratégicas da PREVI.

O contexto socioeconômico do ano e a previdência complementar

Depois de uma recessão que provocou uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2014 e 2016, em 2017 a economia brasileira mostrou os primeiros sinais de recuperação. Entre as notícias positivas, registraram-se o início da recuperação do mercado de trabalho, a inflação em acentuado viés de baixa e um recuo histórico na taxa básica de juros (Selic), que chegou a 7% no fim do ano. Além disso, não houve grandes sobressaltos cambiais, e a balança comercial teve resultado positivo, com a alta nas exportações. A queda nos juros e a agenda econômica no Congresso Nacional aumentaram o otimismo dos setores produtivos, com a elevação nos índices de confiança da indústria. Entretanto, a instabilidade política e institucional e o desequilíbrio nas contas públicas persistiram, fatores que ainda contribuem para incertezas e volatilidade em curto e médio prazos.

A redução da taxa de juros diminuiu a rentabilidade das aplicações em títulos públicos. De acordo com dados da Previc, os investimentos diretos em títulos públicos concentravam em 2017 cerca de 17% dos investimentos totais do sistema de previdência complementar fechada; além disso, boa parte dos recursos aplicados em fundos de renda fixa (que representam 53,7% dos investimentos totais do sistema) também são investidos em títulos públicos. A queda na rentabilidade fez com que, de modo geral, as EFPCs procurassem uma maior diversificação em suas carteiras.

Diante desse panorama, a PREVI considerou dois cenários para fundamentar sua política de investimentos. Um dos cenários incluía a manutenção de uma baixa taxa básica de juros e a aceleração do crescimento econômico com o aumento do investimento na produção e a ampliação na concessão de crédito. Essa situação permitiria maior apetite ao risco nos investimentos, incluindo aportes em títulos privados e ativos de renda variável, para maximizar o potencial de retorno no momento positivo. O outro cenário previa um desempenho ainda deprimido da economia, com crescimento baixo (ou zero), crise fiscal, inflação em viés de alta e um consequente aumento da taxa Selic. Uma maior aversão ao risco levaria a um retorno aos títulos públicos e à busca por maior liquidez e aumento dos recursos em caixa.

Além das circunstâncias externas, o planejamento levou em conta os diferentes momentos vividos pelo Plano 1 e pelo PREVI Futuro. Com grande número de associados já em fase de recebimento de benefícios, o Plano 1 teve como prioridade o aumento da liquidez para garantir o caixa necessário aos pagamentos. Já para o PREVI Futuro, plano ainda em fase de acumulação, foi buscado um ajuste fino da relação entre risco e retorno que considerasse os diferentes perfis dos participantes, seus objetivos e expectativas.

Foram esses fatores, bem como a mensuração das forças, fraquezas, ameaças e oportunidades, que orientaram a revisão de 2017 do Plano Estratégico e Tático e a consequente definição dos direcionamentos para o quinquênio 2018-2022.

Objetivos estratégicos em 2017

Os objetivos estratégicos abrangem basicamente três temas essenciais para o cumprimento da Missão: o relacionamento com os associados, a gestão da PREVI e os investimentos.

Na revisão realizada em 2016, que deu origem ao Plano Estratégico 2017-2021, a PREVI direcionou o objetivo estratégico de relacionamento com os associados para um foco mais refinado, considerando os diferentes perfis de comportamento e necessidades específicas dos associados, no que diz respeito a produtos, serviços e comunicação.

No tema gestão, foi identificada a necessidade de aprofundar o trabalho de aprimoramento de processos, na busca contínua por eficiência e eficácia. Assim, foi mantido o objetivo estratégico “Gestão eficiente e eficaz”. Para o tema investimentos, em consonância com o que já acontece na elaboração das Políticas de Investimentos, a estratégia foi segmentada em dois objetivos: um que trata especificamente das necessidades do Plano 1 e outro do PREVI Futuro.

Para cada objetivo são definidas diretrizes estratégicas, que orientam o foco do desdobramento dos objetivos em ações táticas.

Veja abaixo o quadro de objetivos e diretrizes estratégicas do Plano 2017-2021:

Objetivo estratégicoDescriçãoDiretrizes propostas
Fortalecimento na relação com os associados com soluções adequadas a cada perfilAproximar-se mais do associado e entender suas necessidades e expectativas de acordo com seu momento de vida
  • Canais de relacionamento
  • Oportunidades de novos produtos e serviços
  • Comunicação alinhada aos diferentes perfis de associados
  • Educação previdenciária
Balanceamento da gestão de investimentos com necessidades do passivo do Plano 1Gerenciar a carteira de ativos do Plano de forma a reduzir riscos e obter a liquidez necessária para o pagamento de um volume crescente de benefícios
  • A performance dos investimentos alinhada ao equilíbrio do Plano
  • O aumento da liquidez da carteira
  • A garantia do fluxo de pagamento de benefícios
Maximização do benefício do participante do PREVI Futuro dado seu perfil de riscoAssegurar aos participantes as informações e condições necessárias para a formação de suas reservas previdenciárias, de forma consciente e em linha com seu perfil de risco
  • Revisão dos Perfis de Investimento
  • Alinhamento das expectativas dos participantes do Plano em relação aos seus benefícios futuros esperados
  • Geração de retornos alinhados ao perfil de risco dos participantes
Gestão eficiente e eficazConstruir processos mais ágeis e eficientes de administração, gerando redução de custos e um atendimento mais assertivo aos participantes
  • Reavaliação das alçadas e competências das instâncias decisórias
  • Otimização de processos e estruturas
  • Sustentabilidade das competências
  • Implementação de novo processo de orçamentação
  • Otimização do planejamento, da execução e da entrega de projetos

Iniciada a vigência do Plano Estratégico e Tático, começa também a fase de acompanhamento da sua execução. Em 2017, foram realizados mensalmente Fóruns de Acompanhamento Estratégico e Tático que reuniram diretores, assessores e gerentes executivos para apresentar as ações realizadas para o atingimento dos objetivos estratégicos e cumprimento da Missão da PREVI.

Além de permitir maior engajamento na execução e acompanhamento do Plano, os Fóruns também forneceram importantes insumos para a revisão estratégica, iniciada em junho de 2017.

Outros insumos considerados na revisão do Plano foram os cenários previdenciários e macroeconômicos, bem como entrevistas prévias realizadas com os conselheiros, diretores, gerentes executivos e assessores da PREVI.

Todo esse material foi trabalhado nos Workshops de Planejamento Estratégico realizados em agosto, com conselheiros deliberativos, presidente do Conselho Fiscal, Diretoria Executiva, assessores e gerentes executivos. Em 2017 a participação nos Workshops foi estendida também a representantes dos Conselhos Consultivos, o que contribuiu para que os trabalhos contassem com novas visões sobre os potenciais direcionamentos da PREVI.

Como resultado, foram ajustados os objetivos e diretrizes estratégicas da PREVI para 2018-2022 (ver quadro Ajustes nos Objetivos Estratégicos 2018-2022) que, em seguida, foram desdobrados pelas equipes em ações táticas para seu atingimento. O resultado final é o Plano Estratégico e Tático PREVI 2018-2022.

Etapas do planejamento integrado em 2017

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A busca pela integração entre essas etapas se baseou em 3 pilares e 2 bússolas:

Pilares

pilares-planejamento-integrado

Bússolas

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Ajustes nos objetivos estratégicos em 2018

Para o período entre 2018 e 2022, foram promovidos ajustes em alguns dos objetivos estratégicos válidos em 2017. Se antes um deles era o “Fortalecimento do relacionamento com os associados de acordo com cada perfil”, passou a ser de acordo com “cada segmento”. A mudança reflete as conclusões da pesquisa realizada em 2017, que mostrou as diferentes necessidades e os segmentos distintos dos participantes (leia mais no capítulo Relacionamento com os públicos). Esse ajuste foi realizado com base nas iniciativas tomadas a partir do ciclo de Planejamento Estratégico e Tático do ano anterior e ajuda a focar melhor os esforços de atendimento e comunicação que aproximam a PREVI dos participantes.

A “Gestão eficiente e eficaz” continuou como um dos objetivos estratégicos, mas algumas diretrizes foram ajustadas ou reforçadas. Como aquela que prevê a modernização da área de TI na PREVI, que permite ganhos de eficiência na gestão e no atendimento aos participantes. Outra das principais ações em desenvolvimento para avançar nesse objetivo é o projeto de otimização da sede, no Rio de Janeiro, que será executado em 2018 e permitirá uma economia considerável de despesas para a Entidade.

No caso do objetivo que trata exclusivamente do Plano 1, a estratégia está focada no equilíbrio do plano, considerando tanto a gestão dos ativos (investimentos) quanto do passivo (taxa atuarial, reservas matemáticas). Para o PREVI Futuro, o Plano Estratégico continua focando na maximização dos benefícios (fase de acumulação), mas passa a dar cada vez mais relevância estratégica à fase de gozo de benefícios, na medida em que o número de associados nessa fase só tende a crescer.

Materialidade [GRI 102-47]

A relação de temas materiais da PREVI – os aspectos mais relevantes a serem considerados pela Entidade em sua gestão, planejamento e estratégia – foi redefinida em 2016 e revalidada para este Relatório pela Diretoria Executiva. A lista de temas resume os principais desafios, impactos e prioridades a serem considerados na condução da PREVI. O quadro abaixo apresenta a definição de cada um dos oito temas, divididos por quatro pilares fundamentais, e como eles se relacionam com os objetivos estratégicos.

PilarTemas materiaisPor que é importante para a PREVI?Relacionado a qual(is) objetivo(s) estratégico(s)?
Investimento responsável: investimentos de longo prazo com impacto socioambiental e retorno financeiro adequado
  • Investimento responsável
Resume a preocupação da PREVI com a sustentabilidade de seus investimentos e os impactos socioambientais, em análises que incluem a perenidade dos ativos e seus impactos sociais e ambientais, além do retorno financeiroBalanceamento da gestão de ativos e passivos visando ao equilíbrio do Plano 1
Maximização dos benefícios e equilíbrio do plano PREVI Futuro
Desempenho operacional: resultados compartilhados com seus públicos, estimulando uma visão ampliada com observação dos resultados financeiros e não financeiros
  • Desempenho econômico
  • Gestão de riscos e eficiência operacional
Inclui a identificação, a mensuração e a mitigação dos principais riscos envolvidos no negócio e nas operações e uma gestão ativa dos investimentos, com foco na solidez da carteira de ativos e em um planejamento de longo prazoGestão eficiente e eficaz
Relacionamento com os públicos e educação: comunicação aberta reforçando participação e atuação transparente da gestão, atendendo aos limites éticos estabelecidos junto aos grupos
  • Relacionamento com os participantes
  • Planos de benefícios
  • Educação previdenciária
A construção de laços de confiança com os associados, garantida por uma comunicação cada vez mais clara, transparente e ágil, além do esforço na disseminação de conhecimentos sobre a previdência complementarFortalecimento na relação com os associados com soluções adequadas a cada perfil
Ética e transparência: compromisso ético construído orienta todas as ações e avaliações de investimento e a atuação de todo o corpo funcional
  • Ética, conformidade e combate à corrupção
  • Transparência e prestação de contas
Necessárias para garantir a divulgação e o esclarecimento sobre todos os aspectos relativos à entidade. E uma gestão pautada pela conformidade a todas as normas e leis aplicáveis, o que contribui para a perenidade e a estabilidadeGestão eficiente e eficaz

Gestão de riscos [GRI 203-2]

A política de riscos da PREVI passou por uma revisão em 2017, de forma integrada à definição do Plano Estratégico 2017-2021. A gestão continuou baseada no tripé risco/retorno/liquidez, com o reforço em um ciclo de quatro etapas: identificação dos riscos, avaliação, controle e monitoramento. Um relatório unificado passou a ser distribuído para a Diretoria Executiva e para os Conselhos Deliberativo e Fiscal, com avaliações que consideram vários aspectos (mercado, crédito, limites, cenários de estresse e outros). Os dados coletados e analisados pela Gerência de Risco também alimentam um painel mensal com os status de cada risco específico, usados para orientar as decisões de investimento e pensar cenários futuros.

A gestão passou a adotar, em 2017, uma nova metodologia de análise setorial que procura identificar riscos potenciais em diversos segmentos da economia. Essas informações passaram a ser consideradas nas definições das Políticas de Investimento e contemplam riscos de curto e de longo prazos referentes a investimentos em títulos privados, como debêntures, e em renda variável (ações). Além disso, buscou-se definir o apetite de risco específico de cada um dos planos da PREVI (Plano 1, PREVI Futuro, Capec e Plano de Gestão Administrativa).

A Política de Gestão de Riscos Corporativos, documento que formaliza as diretrizes básicas aplicadas ao tratamento do tema na PREVI, é revisitada a cada dois anos. Sua última revisão já reflete uma evolução no conceito de gestão baseada em risco (GBR), que passa a incluir aspectos de controles internos – governança, risco e compliance (GRC) – na relação de riscos corporativos a que a PREVI está exposta. Com isso, uma nova categoria (risco de governança corporativa) foi incluída na Política, acompanhando as evoluções no tratamento de questões ligadas à integridade (leia mais no capítulo A PREVI). A lista atual inclui:

Risco (de)Definição
EstratégiaPossibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas no ambiente de negócios ou de utilização de premissas inadequadas na tomada de decisão
MercadoPossibilidade de perdas financeiras resultantes das oscilações nos índices, indicadores e preços dos ativos financeiros e investimentos
SolvênciaPossibilidade de perdas financeiras e/ou de credibilidade devido à incapacidade dos planos de benefícios administrados pela PREVI de cumprir compromissos
LiquidezPossibilidade de perdas financeiras resultantes da dificuldade de se desfazer de ativos dos planos para honrar seus compromissos
CréditoPossibilidade de perdas financeiras resultantes de inadimplência, ou seja, não recebimento de montantes financeiros
Contencioso judicialPossibilidade de ocorrência de perdas financeiras oriundas de decisões desfavoráveis em processos judiciais movidos contra a PREVI
OperacionalPossibilidade de perdas financeiras resultantes de falhas humanas ou de sistemas, deficiência de controles, inadequação dos processos internos ou fatores externos
AtuarialIncapacidade do plano de benefícios de saldar as obrigações assumidas com os participantes, em decorrência da adoção de premissas e hipóteses atuariais que não se confirmem
Governança corporativaPossibilidade de perda financeira ou de danos à imagem da PREVI oriundos da ineficácia do modelo de governança corporativa das empresas nas quais a Entidade possui participação acionária

Com os Indicadores-chave de Riscos (Key Risk Indicators ou KRIs), a PREVI acompanha a exposição da Entidade a riscos e monitora a eficiência de sua gestão. São também um mecanismo mais eficiente e transparente, adequado às melhores práticas de gestão dos fundos de pensão nacionais e estrangeiros. Um painel com 20 KRIs, atualizado constantemente, está disponível na intranet da PREVI aos gestores, o que permite o monitoramento de todas as categorias de riscos.

Responsabilidade socioambiental em investimentos [GRI 103 | 203-2]

Em 2017, a PREVI manteve o foco nos direcionamentos estabelecidos em sua Política de Responsabilidade Socioambiental (RSA). De acordo com a atualização no escopo do Programa de Integridade, houve um reforço no monitoramento das questões ligadas ao compliance e às boas práticas de governança nos investimentos da Entidade. Com recomendações baseadas no Código PREVI de Governança Corporativa, a observação dessas boas práticas foi uma das prioridades, incluindo indicadores específicos sobre integridade na avaliação do grau de sustentabilidade das empresas participadas.

Como ativista das questões relacionadas aos investimentos responsáveis, a PREVI é o único fundo de pensão da América Latina representado no grupo executivo do PRI, além de também indicar um membro para compor o Conselho do Carbon Disclosure Project (CDP), buscando cada vez mais a consolidação dos investimentos responsáveis.

Política de Responsabilidade Socioambiental (RSA) [GRI FS1, FS2, FS4, FS15]

A Política de RSA da PREVI define as diretrizes de atuação da Entidade em relação às questões sociais e ambientais envolvidas em seu negócio, tendo influência nas áreas de investimentos, governança, gestão de pessoal, relação com fornecedores e relação com associados. O risco socioambiental é um dos fatores de análise qualitativa dos investimentos e operações, e também das análises setoriais e cenários. Os principais riscos que a Política de RSA aborda são os socioambientais e de imagem institucional.

Nas gerências da PREVI existe a figura dos multiplicadores de RSA, que são funcionários que disseminam os conceitos de responsabilidade socioambiental nas gerências. Em 2017, a PREVI realizou dois encontros gerais com os multiplicadores de RSA. No primeiro semestre, o palestrante foi o professor de Geografia da PUC-RJ e CEO da consultoria Ecobrand, Marcelo Motta, que apresentou uma visão mais aprofundada sobre a temática RSA. No segundo semestre, o palestrante foi o diretor de Sustentabilidade da Vale, Alberto Nínio, que exibiu os principais programas de RSA implantados na Vale.

A fim de aprimorar o conhecimento dos analistas da área de investimento quanto à utilização de ferramentas de análise em investimento sustentável, em dezembro de 2017 a PREVI trouxe a diretora do Carbon Disclosure Project (CDP), Juliana Lopes, e o professor da Coppead/UFRJ, Celso Lemme, para o workshop "Análise sustentável – estabilidade financeira e mudanças climáticas".

Os princípios gerais da Política de RSA são:

  • Aplicação e promoção dos princípios da boa governança corporativa
  • Combate a práticas discriminatórias, de assédio, corrupção, extorsão e propina
  • Conduta ética
  • Erradicação do trabalho forçado e infantil
  • Geração e disposição de resíduos de forma responsável
  • Melhoria das condições de trabalho
  • Participação seletiva em programas e projetos de RSA
  • Promoção da equidade
  • Proteção dos direitos humanos
  • Respeito à diversidade
  • Respeito à representação dos trabalhadores
  • Utilização sustentável de recursos naturais

De acordo com as definições formalizadas em sua Política de RSA, a PREVI assume a necessidade de que todos os agentes econômicos – respeitadas as suas legítimas finalidades – devem preocupar-se com a busca de melhores resultados sociais e menores impactos ambientais decorrentes de suas atividades, visto que, além de possível, também é necessária a busca de retornos financeiros que observem os princípios de RSA. Isso inclui a avaliação de aspectos socioambientais na análise e seleção de investimentos, o estímulo à inserção de aspectos de sustentabilidade ao negócio das empresas e o respeito à ética e à transparência no relacionamento com todos os seus públicos (participantes, funcionários, patrocinadora, fornecedores e demais entidades do segmento de previdência complementar, entre outros).

As Políticas de Investimentos privilegiam ativos que se destaquem pela adoção das melhores práticas de governança corporativa e por ações de responsabilidade socioambiental e ética, em consonância com os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e com o Código de Governança Corporativa. No segmento de renda variável, há a priorização de investimentos em empresas que tenham como prática, ou que estejam de fato empenhadas em incorporar os princípios básicos de responsabilidade econômica, social, ambiental e ética, em consonância com o PRI, como a filiação a pactos e movimentos, como o Pacto Global e o Carbon Disclosure Project (CDP), e a declaração de não utilização de mão de obra infantil ou trabalho compulsório. [GRI 203-2, FS1]

Desde o segundo semestre de 2017, as aplicações em títulos privados passaram a contar com uma nova metodologia que inclui elementos relacionados ao tema “Integridade”, além de atribuir rating para cada companhia, denominado “rating ESGI”. O segmento de renda fixa já incorporava em suas análises de investimentos aspectos relacionados a questões ambientais, sociais e de governança (ESG) da empresa emissora. Sem inibir a participação na operação em análise, o objetivo é verificar o grau de aderência às práticas de investimentos responsáveis mediante atribuição de ágio ou deságio sobre a curva de crédito Anbima*.

Na classificação de seus empreendimentos imobiliários, a Entidade reviu os critérios de desempenho socioambiental, buscando alinhamento com certificações ambientais que são referência no mercado. Como recomendações de investimento, a PREVI busca empreendimentos que demonstrem, entre outros atributos, o incentivo a um programa de gestão ecoeficiente e a adoção de aspectos de RSA no processo de avaliação de seus locatários. A aplicação das políticas ambientais e sociais se baseia também no Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa em Empreendimentos de Base Imobiliária, que converte princípios básicos em recomendações objetivas. Também há o Guia de Orientação do Síndico, que objetiva proporcionar transparência na gestão e auxiliar síndicos e administradores de imóveis no cumprimento do dever de prestar contas aos proprietários, contribuindo, assim, para a maximização de valor e para a sustentabilidade da propriedade imobiliária. Neste segmento, 100% das empresas tiveram interação com a PREVI sobre o tema. [GRI 203, FS1, FS10, FS15]

A Matriz de Atratividade Setorial é um instrumento desenvolvido internamente que oferece informações acerca da diversificação setorial dos investimentos e contribui para a mitigação do risco de concentração setorial. É integrada ao conjunto de indicadores que acompanham o tripé risco/retorno/liquidez, e que subsidiam as decisões de investimento. A análise é feita em três dimensões:

  • Dimensão empresarial: mensura características ligadas ao perfil médio das empresas que compõem determinado setor, como a taxa de retorno de cada setor;

  • Dimensão estrutural: afere características da organização industrial do setor, como o regime de incentivos e a regulação setorial;

  • Dimensão sistêmica: avalia os impactos dos cenários político e econômico sobre as perspectivas de cada setor. [GRI 203-2]

Na Matriz, a avaliação de fatores socioambientais está contemplada na dimensão sistêmica, por meio da análise de informações de caráter qualitativo a serem levantadas em relação aos setores, avaliando os níveis de risco ambiental, legal e de impacto social mais relevantes em cada setor. O indicador qualitativo de responsabilidade ambiental avalia a exposição do setor ao impacto de decisões políticas e a existência de restrições legais em temas como comércio exterior, acordos internacionais, relação entre capital e trabalho e riscos ao meio ambiente, dentre outros. Quanto maior o nível de exposição do setor em tais aspectos, menor a nota. Esta nota é ponderada pelo peso do indicador na matriz que compõe a média ponderada do setor. Entre os setores que impactam negativamente no indicador de responsabilidade socioambiental, pode-se citar o setor de mineração, petroquímica, siderurgia e agronegócios e biocombustíveis. [GRI 103-2]

O resultado final da Matriz está baseado na ponderação de todos os fatores analisados em cada uma das três dimensões, em comparação ao nível de exposição setorial da PREVI e do mercado. Além disso, são calculadas faixas de tolerância para os investimentos em cada um dos setores, de forma a detectar quais setores se encontram fora dos limites definidos pela ferramenta.

As Políticas de Investimentos incluem o monitoramento dos impactos socioambientais. Todas as companhias da carteira de participações são submetidas a pesquisas sobre gestão de riscos e de sustentabilidade e avaliação de relatórios, balanços e demais documentos públicos sobre suas atividades. Em contatos regulares e diretos com as diretorias e os conselhos de Administração, são abordados não apenas o desempenho econômico, mas também as práticas de governança corporativa, transparência no relacionamento com a sociedade e mitigação de riscos ambientais e sociais. Internamente, as ferramentas para análise socioambiental dos potenciais novos investimentos são revisadas regularmente, e as questões de sustentabilidade e de boa governança são incluídas na capacitação do corpo técnico. [GRI FS2, FS11]

Um destaque entre as decisões de investimento de 2017 referentes ao posicionamento socioambiental da PREVI foi a venda da pequena parcela remanescente da participação nas Forjas Taurus, fabricante de armas. Não investir em empresas que tenham como atividade principal a comercialização de fumo e armas faz parte dos princípios de sustentabilidade da Entidade. A decisão também está alinhada às recomendações do PRI aos investidores institucionais.[GRI FS1]

*Referência para a precificação de ativos de crédito privado no mercado secundário, dividida por níveis de risco e elaborada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).