Edição 198 Julho/2018

vida boa

A arte de viver a vida

Conheça a trajetória de Cida Katsurayama, aposentada do BB e apaixonada pelas artes plásticas

 

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A arte e a criatividade sempre fizeram parte da minha vida, mesmo antes de virar uma artista. Observar as pessoas e o que acontece ao meu redor aguçou a minha sensibilidade como ser humano e me fez ser uma profissional bem-sucedida. E foi exatamente por ser observadora que acabei entrando no Banco do Brasil. 

Morava em São Paulo com meus pais e irmãos e trabalhava na secretaria de um colégio, quando percebi que vários alunos estavam solicitando o certificado de conclusão do Ensino Médio. Perguntei para as colegas de trabalho o porquê dessa procura, e elas me disseram que era para se inscreverem no concurso do BB. 

Eu não sabia quase nada sobre o Banco, mas achei interessante e comentei com a minha mãe que iria fazer o concurso. Ela me apoiou e até foi comigo fazer a inscrição. Na verdade, fiz uma troca: tinha um dinheiro guardado para comprar um vestido e, incentivada por ela, acabei deixando a aquisição para depois e me inscrevi. Foi a escolha mais acertada que já fiz, afinal, ela mudou a minha vida. 

Em 22 de agosto de 1974, aquela jovem que sonhava em ser arquiteta, mas acabou fazendo Matemática, tomou posse no BB, aos 20 anos. E isso me enche de orgulho, porque eu entrei no Banco sem saber nada e me apaixonei. Me empenhei muito e construí uma carreira sólida, bem-sucedida e que me proporciona uma aposentadoria como eu sempre desejei. 

Aos 51 anos decidi me aposentar. Achei que já tinha contribuído bastante para os bons resultados do BB e que já tinha conseguido deixar minha marca. Trabalhei em diversas agências em São Paulo, dando sempre o melhor de mim. Fui uma gestora que ouvia a sua equipe, que prestava atenção nas necessidades dos funcionários e dos clientes; que tinha boas ideias e entregava bons resultados; e fui reconhecida por todo o meu comprometimento. 

Me orgulho de ter sido uma gestora inovadora, criativa e pioneira. Tanto que, em 1999, fui promovida a Superintendente da Regional Oeste do BB em São Paulo, cargo no qual me aposentei. Mais do que uma evolução na minha carreira, foi um marco, afinal, eu era a primeira mulher naquela função. 

Muitas etapas da vida

O Banco me trouxe muita coisa boa. Posso dizer que eu tinha uma vida antes de tomar posse, outra durante meus 30 anos de trabalho e essa terceira fase, de aposentada, que estou amando. 

No Banco conheci meu marido Ernesto, que também foi bancário por um tempo e depois saiu em busca de outros desafios. Durante meus anos de trabalho me tornei esposa, mãe da Paula, do Fernando e do Pedro e profissional dedicada. Não foi fácil. ‘Equilibrei pratos’ por muito tempo, mas sempre fiz da melhor forma possível. 

Aposentar para estudar

Por isso, em 2004, depois de 30 anos de dedicação ao BB, eu resolvi que estava na hora de mudar o rumo da minha jornada. A criatividade e a sensibilidade de artista sempre me acompanharam, e eu resolvi que, ao me aposentar, ia me dedicar às artes que eu tanto amo. E lá fui eu. 

Graças ao complemento de aposentadoria que recebo da Previ pude me dedicar aos prazeres da vida. Costumo dizer que Ernesto e eu somos estudantes-viajantes. Minha primeira graduação foi em Matemática e em função da carreira no Banco fiz vários cursos de extensão voltados para a área administrativa. Por isso, depois de aposentada, decidi enfim cursar Artes Plásticas na Escola Panamericana de Artes em São Paulo, e aí começou a minha realização. 

Nossa, como é bom poder colocar para fora toda aquela criatividade e o amor pelas artes com técnicas próprias. E como estudar é um grande prazer, segui me capacitando e entendendo melhor que caminho seguir. 

Tornei-me mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC- SP, onde também me graduei em Artes: História, Crítica e Curadoria. E, conforme o tempo vai passando, vou me especializando no desenvolvimento de estudos em gravura e técnicas mistas em pintura, trabalhando conceitos das cores e espacialidades orientais. 

Aliás, a minha arte tem uma forte influência da cultura japonesa, e para aprimorá-la eu venho estudando com afinco no Centro de Estudos Orientais, aqui em São Paulo mesmo. Até porque estudar é uma constante na minha vida para aprender, praticar e produzir uma arte cada vez mais autoral, com o meu modo de ver a vida, com o meu DNA. 

Ser artista, eu garanto, não é fácil. Mas vale muito a pena. E o reconhecimento ao meu trabalho tem sido recompensador. 

Em 2016, participei da Bibart, Primeira Bienal de Arte de Bari, na Itália. Foi uma ousadia expor duas das minhas obras na Succorpo Cattedrale di San Sabino. E o melhor de tudo foi o reconhecimento: recebi o prêmio Giuria Giornalisti Sezione Pittura pelas obras. Quanta felicidade. E a certeza de que estou no caminho certo. 

E por aí eu vou... aprendendo, produzindo e expondo a tradução da minha arte em gravuras e quadros. Essa é a minha maneira singular de ver a vida. De contribuir com criatividade, inovação e beleza para um mundo melhor. 

Desde 2016 foram muitas exposições: Exterioridades, no Museu Histórico de Tatuí (SP); Natureza Despercebida, no Circolo Italiano (SP); Mostra de Arte Vida, no Centro Brasileiro Britânico; 11ª Grande Exposição de Arte Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (SP); Metáforas do Empoderamento Feminino, na Assembleia Legislativa de São Paulo (até 29 de junho), entre tantas outras. 

Todas as obras expostas têm uma história única e são importantes na construção da minha carreira de artista e na minha história de vida. 

É com imenso prazer que digo que hoje, aos 64 anos, mais do que uma aposentada do BB, participante da Previ que adora estudar, viajar com o marido e curtir os filhos já adultos, eu sou uma artista em constante evolução, reconhecida pelo meu talento e da qual a minha família tem orgulho. Definitivamente eu sou muito feliz! 

Cida Katsurayama, artista e aposentada do BB

contato: cidakatsurayama@gmail.com

Cida Katsurayama apresenta sua arte

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A aposentada Cida Katsurayama fala sobre sua trajetória no Banco e nas artes

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