Edição 194 Agosto/2017

administração

Desafio em tempo de mudanças

Encontro reúne os conselheiros indicados pela PREVI para discutir boas práticas de governança e como criar valor nas empresas participadas

A PREVI não quer apenas resultados e dividendos das empresas nas quais possui participações. Ela quer perenidade. Quer ativos que apresentem boa rentabilidade ao longo do tempo, com fôlego para acompanhar o horizonte de compromissos de seus planos, que não se conta em anos, mas em décadas. “Não adianta você ter dividendos por um ano e não conseguir manter uma performance sustentável”, afirmou Gueitiro Matsuo Genso, presidente da PREVI, na abertura do Workshop de Conselheiros 2017, realizado na sede da Entidade, no Rio de Janeiro.

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E para auxiliar as empresas em que investe na obtenção de um desempenho sustentável e de alto nível, a PREVI indica profissionais para atuarem como conselheiros de administração e como conselheiros fiscais. “Profissionais bem treinados, capacitados para fazer o melhor pelas companhias”, acrescentou Gueitiro.

Renato Proença, diretor de Participações da PREVI, observou que a atuação individual e coletiva dos conselheiros é cada vez mais decisiva na vida das corporações. “Nos erros e nos acertos”, ressaltou. Segundo ele, como grande investidora, a Entidade tem a obrigação de indicar os melhores talentos para atuarem como conselheiros nas empresas participadas.

“Buscamos selecionar os candidatos mais bem preparados e com perfil mais adequado, considerando não apenas a experiência ou a capacitação, mas também sua adequação às características da empresa e ao momento daquele setor”, explicou Renato.

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Mais que experiência

Luís Moraes, suplente do Conselho Fiscal da Embraer, considerou excelente a oportunidade de participar do evento, não apenas pela qualidade das informações, mas pela possibilidade de intercâmbio com os colegas conselheiros. “Essa troca de ideias é importante”, afirmou Moraes, que atua na área há 15 anos. Segundo ele, a boa preparação é fundamental para que o profissional cumpra seu papel. “O bom conselheiro tem que se manter sempre atualizado, em formação permanente, e não se fiar apenas na experiência passada, por maior que ela seja.”

Mas o cenário será desafiador para as empresas e seus conselheiros no curto e médio prazo. A avaliação é do economista Roberto Padovani, que apresentou sua análise do cenário econômico brasileiro e global durante o evento. “Podemos esperar muita volatilidade pelo menos até o final de 2018, apesar da ligeira recuperação econômica”, afirmou. “A crise política continua, e a economia brasileira ainda está muito vulnerável, com uma situação fiscal muito delicada.”

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Padovani acrescentou que, além disso, a calmaria no cenário internacional não deve durar para sempre. “A China volta a desacelerar sua economia, o que derruba o preço das
commodities, e os Estados Unidos vão elevar os juros e retirar o excesso de dinheiro que puseram no mercado”, explicou. Tais fatores mexem com a economia brasileira e podem afetar o desempenho das empresas. “Por isso, preparem-se para muitos altos e baixos no curto e médio prazo.”

Diante de um cenário desafiador, Anna Guimarães, membro da WCD (Women Corporate Directors) e conselheira de administração, acredita que os conselheiros devem otimizar os resultados no longo prazo, sem tirar os olhos da perspectiva mais imediata. Mas é preciso ficar atento a possíveis conflitos de interesse nesse processo de geração de valor. Lembre-se de que os conselheiros defendem a empresa, e não o acionista, e devem equilibrar a visão de curto e longo prazo. “O que o acionista quer? Dividendos. Mas de que adianta pagar milhões em dividendos e deixar a empresa endividada em excesso por causa disso? O bom conselheiro está lá para tentar evitar situações como essa”, afirma Anna.

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Novas exigências

Sidney Ito, sócio da KPMG, por sua vez, chamou a atenção para o aumento no nível de cobrança em relação à atuação dos conselhos. Ele lembrou que, a partir de 2018, os conselhos fiscais das empresas brasileiras listadas no Novo Mercado devem cumprir uma série de novas exigências. “O Código Brasileiro de Governança terá de ser seguido pelas empresas ou elas terão de se explicar formalmente para o mercado”, informou.

Tudo isso aumenta a pressão sobre os conselheiros, tanto nos Conselhos Fiscais quanto nos Conselhos de Administração das empresas. A advogada Adriana Pallis, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Ópice Advogados, lembrou que os profissionais de conselho podem ser responsabilizados civil e criminalmente em caso de fraudes ou atos ilegais praticados pela empresa.

“Se o conselheiro não vê a fraude, mas não se sente confortável ou desconfia de alguma coisa, deve tomar uma atitude”, explicou Adriana. “Pedir explicações, comunicar suas dúvidas aos diretores, solicitar uma auditoria externa, enfim, ter uma postura proativa.”

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Para cumprir seu papel, os conselheiros devem usar todas as ferramentas a seu alcance. Por isso, é necessário que busquem manter um relacionamento próximo a outras instâncias que possam ajudá-los em suas funções. “Os comitês de assessoramento, por exemplo, podem ser muito importantes para dedicar mais tempo ao estudo de temas que vão ajudar o Conselho de Administração a tomar decisões estratégicas”, observou Rodrigo Más, da consultoria Bain & Company.

José Figueira, representante da PwC, por sua vez, chamou a atenção para a necessidade de os conselheiros fiscais manterem uma relação mais próxima com as auditorias independentes que atuam nas empresas. “O Conselho Fiscal deve ter um canal direto com o auditor, sem interferência da administração da empresa, para que ele possa acompanhar a auditoria, fazer sugestões”, afirmou.“Esse contato não deve se limitar ao momento de divulgação das informações contábeis.”

Competências

Mas o caminho para a melhoria dos conselhos das empresas no Brasil é longo. O diretor da Roland Berger no Brasil, António Bernardo, apresentou uma pesquisa feita com executivos de companhias nacionais sobre a atuação desses órgãos de governança. “Ao todo, 62% das empresas não acreditam que seus conselhos possuem o mix adequado de competências para cumprir seu papel, e 60% consideram que o conselho não dedica tempo suficiente para abordar pautas que sejam relevantes para o futuro da empresa”, afirmou. “A boa notícia é que há espaço para melhorar.”

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E a formação continuada dos conselheiros é um dos caminhos mais seguros para isso. Caminho que a PREVI procura seguir em eventos como esse, que colaboram para gerar valor para as empresas participadas e, consequentemente, para a Entidade.

Encontro PREVI de Governança Corporativa será realizado em setembro

Além da realização do Workshop, que busca capacitar e aprimorar os conselheiros indicados pela PREVI para sua atuação nas empresas participadas, a Entidade realiza anualmente o Encontro de Governança Corporativa. O Encontro reúne, além dos conselheiros, executivos das companhias, investidores, gestores de recursos e acadêmicos para discutir temas relevantes que podem impactar o dia a dia e o futuro das organizações.

Este ano, o evento será realizado no dia 20 de setembro, no Rio de Janeiro, com o tema “Comunicação como ferramenta estratégica”. Os participantes poderão acompanhar o evento em tempo real por meio da página “Encontro PREVI de Governança Corporativa”, no Facebook.

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