Edição 179 Agosto/2014

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Amor além da amizade

Casados desde 1978, Raquel e Eduardo torcem para que o segundo encontro com os colegas - em Corumbá - ocorra antes do nascimento da primeira neta

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Para Raquel Rocha da Silveira e Eduardo Assis de Deus, a ida para Corumbá foi mais do que uma chance na vida profissional. Ela trouxe uma união para a vida inteira.

Mineira de Manhuaçu, Raquel estudava Ciências Biológicas e trabalhava na Biblioteca da UFMG, em Juiz de Fora, quando passou no concurso para o Banco. Ela conta que era arrimo de família aos 17 anos, e o trabalho no BB era uma chance de ajudar em casa. “Descobri que havia passado por acaso, minha mãe me ligou avisando e nem tive tempo para pensar. Saí de Juiz de Fora, fui para Manhuaçu pegar a carta de posse e segui com minha tia de lá para Corumbá. Foram três dias de viagens de ônibus até Campo Grande e, de lá, de avião até Corumbá. Fiquei em um hotel caríssimo com ela na primeira noite. Quando tomei posse, no dia seguinte descobri que já havia outros mineiros no Banco e logo conheci Edmée, Raimunda e Rosângela. Houve empatia imediata e me mudei para o Hotel Ruas com elas.”

Ela lembra que só foi apresentada oficialmente a Eduardo alguns dias depois, quando ele apareceu no hotel para visitar os amigos trazendo consigo um violão e um pacote de biscoitos de chocolate. “Já estava cheio de boas intenções comigo. Nos tornamos amigos e nunca mais nos separamos. E lá se vão 36 anos de casados, que completamos em 9 de setembro. Ficamos lá em Corumbá durante um ano. Em seguida fui transferida para Governador Valadares, e Eduardo para Sete Lagoas. Logo que voltamos ficamos noivos”, conta.

Embora a amizade entre todos eles tornasse os dias mais divertidos, a saudade da família era grande. Raquel conta que era muito difícil completar uma ligação telefônica para Manhuaçu e chegou a ficar um ano sem falar com a mãe. “O contato era só por carta. Tirando a saudade e o calor, nossa vida lá em Corumbá era muito divertida. A gente viajava para as cidades mais próximas, sempre juntos. Andávamos em bando. O Luiz já namorava sério a Dinorah, por isso ficou menos tempo, mas sempre que podia estava com a gente. Formamos uma grande família mineira”, revela.

Para Eduardo, que desde pequeno trabalhava com o pai em uma loja de fotografia, passar no concurso para o Banco do Brasil foi uma experiência. Ele estava fazendo vestibular também para Ciências Biológicas, em Sete Lagoas, e teve apoio do pai para ir Corumbá tomar posse. “Ele disse: vai, se não gostar você volta. Com o apoio deles fui e não me arrependi. Além de ter construído uma carreira de 20 anos no Banco, ainda encontrei o amor da minha vida e fiz amigos para uma vida inteira”, afirma.

“Fui morar numa república, mas estava sempre lá no Hotel Ruas com eles. Andávamos em grupo para cima e para baixo. Quando não estávamos trabalhando estávamos passeando, jogando conversa fora, tocando violão. Aos poucos cada um do grupo foi conseguindo transferência e voltando para Minas. Só ficamos Raquel e eu, por um ano. Também conseguimos voltar e, logo que chegamos, fomos a
Manhuaçu para eu pedir a mão dela em casamento. Antes da gente casar ela conseguiu ser transferida para Sete Lagoas, onde moramos até hoje”, conta.

Eduardo ficou no Banco por 20 anos e, durante um Programa de Demissão Voluntária (PDV), decidiu sair para virar empresário. “Saí e comprei uma casa lotérica que tenho até hoje. Continuei pagando a PREVI como autopatrocinado e, alguns anos depois, saquei o valor que tinha para montar um salão de festas em sociedade com meu irmão, que inauguramos em 2012. E, como a fotografia faz parte da minha vida desde pequeno, também investi em uma loja de fotografia, um estúdio e uma locadora de filme”, explicou ele, contando ainda que sempre pensou que na aposentadoria continuaria a trabalhar, “por isso ter a PREVI foi fundamental”.

Eduardo e Raquel se casaram em 1978, e a amiga Edmée foi madrinha do casamento. Pais de Mirelle e Matheus, Raquel e Eduardo se preparam para serem avós pela primeira vez. “Catarina nasce em dezembro, por isso queremos que nossa viagem a Corumbá, que será o segundo reencontro da nossa turma, aconteça antes disso”, explica Raquel. Ela lembra que a cidade foi tão importante para a vida do casal que, quando fizeram 25 anos de casados, eles voltaram até lá na companhia dos filhos para rever os amigos que ficaram e mostrar onde a história deles começou.

Raquel conta ainda que o reencontro emocionante entre o grupo foi organizado por ela e Luiz. “Ele conseguiu reencontrar todos nós e teve a ideia. Como ninguém decidia nada, marquei a data e recebi todos eles aqui em casa no feriado de 15 de novembro do ano passado. Foi um final de semana especial e emocionante por estarmos todos juntos novamente. Vimos retratos antigos, contamos histórias, relembramos momentos engraçados e inusitados e conhecemos a famosa Dinorah, esposa do Luiz, que parecia até que nós já conhecíamos de tanto que ele falava nela. Passeamos por Sete Lagoas e combinamos que não perderíamos mais contato. O que, com as redes sociais, fica bem mais fácil”, diz.

Da vida do Banco, onde trabalhou por 29 anos, Raquel também só tem boas recordações. Ela se aposentou como gerente de contas de Pessoas Jurídicas e Especiais na agência de Sete Lagoas, aos 49 anos. “Minha história de vida está diretamente ligada ao Banco do Brasil. Fui feliz no tempo em que trabalhei tanto em Corumbá como em Governador Valadares e aqui em Sete Lagoas. Sempre estive rodeada de boas equipes, com profissionais competentes e amigos. Meu sonho era me aposentar pelo BB, e consegui isso. Com o complemento da PREVI, consegui ter uma boa vida depois que parei de trabalhar. Hoje, ajudo o Eduardo na contabilidade dos negócios dele e trabalho como presidente do Núcleo de Voluntários na Prevenção e Combate ao Câncer de Sete Lagoas, além, claro, de paparicar os filhos e viajar com Eduardo.”

Hoje os amigos se comunicam quase que diariamente e contam também com um grupo fechado no Facebook, onde postam fotos e informações relevantes para todos eles.

E o que fica dessa história para a turma é que os laços de amizade criados por eles, que tomaram posse em 1976 lá em Corumbá, não se desfizeram. Nem mesmo com o tempo. Nem mesmo com a distância.

Raquel e Eduardo casaram-se anos depois da posse no Banco

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