Edição 168 Dezembro/2012

Perfil do Participante

Espírito de união

No Ano Internacional das Cooperativas, a Revista homenageia o espírito associativo, característica dos participantes

associativismo - ilustracao.jpg

A Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida – organização criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho – lançou, naquele ano de 1993, o desafio para os funcionários do Banco do Brasil: criar mil comitês dentro do Banco, em três meses, para apoiar a campanha Natal Sem Fome em todo o país. A mobilização superou todas as expectativas. “Foram montados três mil comitês em apenas um mês”, lembra Antonio Sergio Riede, antigo diretor de Gestão de Pessoas do BB e atual presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb).

associativismo - antonio sergio riede.jpg

O resultado da campanha até hoje é, para Riede e milhares de funcionários e ex-funcionários, um exemplo da solidariedade e do espírito de união que existem na comunidade ligada ao Banco do Brasil. “Com o tempo, muitos comitês interromperam suas atividades, mas ficaram aqueles com atuação mais consistente, com projetos que capacitam e ajudam a emancipar as pessoas atendidas”, lembra.

Mais do que nunca, esse espírito está em sintonia com o nosso tempo. Não por acaso, a ONU declarou 2012 o Ano Internacional das Cooperativas, justamente para celebrar e promover o espírito associativo. “Cooperativas constroem um mundo melhor” foi o lema escolhido. Segundo Geraldo Magnanelli, diretor de Assuntos Especiais da Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil (Afabb) de São Paulo, o espírito de união fez nascer a PREVI em 1904 e virou uma tradição entre os funcionários do Banco. “A grande maioria das associações está aí para defender e fortalecer a nossa ‘santa’ PREVI, que permite a tantas pessoas manter o equilíbrio financeiro e uma boa qualidade de vida na aposentadoria”, diz.

Essa motivação estava presente nos 52 pioneiros que criaram a PREVI e também se reflete na atuação de milhares de organizações nacionais e regionais criadas por funcionários do Banco, que prestam serviços, cuidam dos interesses de seus participantes e apoiam atividades voluntárias.

Entre as organizações mais emblemáticas estão as AABBs. As primeiras Associações Atléticas do Banco do Brasil foram fundadas em 1928, e os clubes se espalharam por todo o país. Hoje, são 1.189 entidades ativas, reunidas na Federação Nacional das AABBs (Fenabb). “Com a interiorização do Banco, o clube era uma forma de fixar os funcionários e suas famílias, com mais qualidade de vida, especialmente nas cidades pequenas”, lembra Haroldo Vieira, presidente da Fenabb e conselheiro deliberativo da PREVI.

associativismo - haroldo vieira.jpg

Haroldo explica que a Fenabb ajuda as AABBs com recursos não reembolsáveis e capacitação para os gestores, mas que as Associações Atléticas são independentes. “Atualmente, para manter sua saúde financeira, muitas AABBs abriram as portas para sócios de fora”, diz. Ele percebe, no entanto, um impulso de renovação no âmbito dos clubes. “Vejo isso nos cursos oferecidos mais recentemente para dirigentes”, diz. “Hoje, de qualquer modo, os clubes têm de correr atrás para conseguir novos associados. Antes, todo mundo se filiava a uma AABB, era quase automático.”

O presidente da Fenabb lembra também que os clubes não se limitam ao lazer e ao esporte. Muitos realizam um trabalho social importante, o programa AABB Comunidade. Trata-se de um projeto socioeducativo desenvolvido pela Fenabb e pela Fundação Banco do Brasil, com parceiros locais dos estados e municípios, em mais de 400 AABBs de todo o país.“Recebemos crianças de famílias de baixa renda, oferecendo a elas atividades lúdicas, recreativas e de reforço escolar, além de acompanhamento médico”, conta o dirigente. Desde 1997, o programa já atendeu mais de 100 mil crianças.

Movidos pela solidariedade

A solidariedade também está na raiz da Apabb, a Associação de Pais de Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade, organização sem fins lucrativos, voltada para promover a inclusão e a qualidade de vida das pessoas com deficiência e dar apoio às famílias delas. Fundada há 25 anos e presente em 13 estados e no Distrito Federal, a instituição reúne mais de 12 mil associados.

associativismo - paulo tine.jpg

Segundo o presidente da Apabb, Roberto Paulo Tiné, “o trabalho de uma associação ou cooperativa é dar força para determinada ação que uma pessoa sozinha não poderia realizar”. Além disso, contribuir com uma organização pode ser, eventualmente, mais eficiente do que o trabalho voluntário direto. “Se você não tem disponibilidade para a atividade, é melhor contribuir com recursos.”

A Apabb também confirma que a solidariedade continua forte na comunidade do Banco. “A maioria de nossos associados não tem parentes com deficiência e mesmo assim contribui para o nosso trabalho”, diz Tiné. Para José Valdir dos Reis, presidente da Cooperforte e ex-presidente da PREVI, essa atitude faz parte da tradição do Banco. “Os funcionários sempre tiveram um espírito gregário e pioneiro”, diz.

associativismo - jose valdir.jpg

Força coletiva

A Cooperforte, Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Funcionários de Instituições Financeiras Públicas Federais, criada por funcionários do BB, hoje reúne 118 mil associados do Banco e de outras instituições, como Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, BNDES, Banco Central e Banco da Amazônia. Com ativos que somam R$ 1,2 bilhão e uma carteira de crédito de R$ 900 milhões, ela é um bom exemplo dessa força coletiva.

“As cooperativas são um contraponto de inclusão social e distribuição de renda, numa época em que a globalização é marcada pela exclusão e concentração de capital”, diz José Valdir. Além do serviço financeiro, a instituição mantém o Instituto Cooperforte, dedicado a projetos sociais e de geração de renda para a população de idade avançada.

Com a Cooperforte prestes a passar dos 120 mil associados, José Valdir acredita que o segredo para engajar as novas gerações nas cooperativas e associações é oferecer bons serviços e excelente atendimento. “Há 15 anos, tínhamos 31 mil associados e, de lá para cá, buscando a satisfação de todos, praticamente quadruplicamos esse número”, diz.

associativismo - david salviano.jpgO presidente da Cassi, David Salviano, concorda. “Segundo uma pesquisa realizada pelo Banco do Brasil, o direito a ter o plano de saúde da Cassi está entre os principais motivos para permanência no Banco, o que demonstra a importância da Caixa de Assistência para o funcionalismo e a continuidade do serviço”, afirma. “Procura-se rotular muito a chamada Geração Y (concebidos na era digital), mas o que temos observado é que ela é formada por pessoas engajadas e preocupadas com o dia de amanhã, que reconhecem a força e os benefícios das associações e representam o futuro da Cassi.”

Salviano ressalta que a Cassi é um patrimônio de seus 700 mil associados, entre funcionários, aposentados e parentes de até terceiro grau. “Eles são os donos do Plano”, resume. “O espírito associativo faz parte da criação da Cassi e é demonstrado por meio dos princípios que regem seu funcionamento, o mutualismo e a solidariedade. Por meio deles, os participantes contribuem mensalmente para um fundo comum, utilizado para arcar com os custos da assistência prestada a todos, quando necessitarem e de acordo com as regras do Plano. É uma união de esforços, em que cada associado contribui de acordo com o salário que recebe, beneficiando todo o grupo”, explica.

Por isso mesmo, a entidade não abre mão de usar todas as estratégias possíveis para manter o espírito associativo em alta. “Esse sentimento é fundamental porque é o que diferencia a Cassi e deve pesar em nosso favor diante de um setor de saúde cada vez mais agressivo e concentrado”, diz. “Queremos trazer os participantes para dentro da Cassi, para conhecer as dificuldades e desafios e buscar, juntos, soluções para a sustentabilidade da Caixa de Assistência.”

Associativismo

Mais Vistos

INDEX