Investimentos

Cenários Econômicos

15/12/2017

Dezembro de 2017

O “Boletim Macroeconômico” é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.

Atividade Econômica (dados coletados até 14/12/2017)

O PIB do terceiro trimestre de 2017, divulgado recentemente, confirmou que a economia brasileira está em um ciclo de recuperação. A continuidade desta recuperação em curso dependerá das condições do ambiente político e fiscal, incluindo os desdobramentos das reformas.

Nesse período, o PIB apresentou crescimento de 0,1%, em relação ao trimestre anterior, ficando abaixo da expectativa do mercado, que era de um aumento de 0,3%. Contudo, a melhora disseminada dos componentes da demanda e da oferta foram mais significativos do que a variação do PIB agregado em si. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias seguiu avançando, mesmo após terem cessados os efeitos dos saques dos recursos do FGTS.  Desta forma, pode-se concluir que o impulso do consumo adveio do aumento da renda real, seja pela queda da inflação e dos juros, seja pela melhora gradual do mercado de trabalho.

Em outubro, a taxa de desemprego atingiu 12,2%, contra 12,4% registrado em setembro. O mercado informal (empregados sem carteira assinada, trabalhadores domésticos e os trabalhadores por conta própria) tem sido determinante para esta queda.

Em 2018, espera-se que com o retorno gradual da demanda por produtos e serviços e o aumento da confiança dos empresários seja possível observar uma recuperação por meio dos empregos formais.

Merece destaque o aumento de 1,6% dos investimentos (FBKF), em relação ao segundo trimestre do ano, tendo em vista que não apresentavam crescimento desde 2013. Este movimento foi apoiado pelo crescimento do consumo de máquinas e equipamentos. As importações no período também apresentaram expansão, configurando a melhora do consumo e dos investimentos. Já a contenção do consumo do governo tem refletido os esforços de contenção dos gastos públicos.

Pelo lado da Oferta (ótica da produção), os dados também foram favoráveis. Tanto o setor de serviços quanto a indústria colaboraram para o resultado positivo. Apesar do recuo de 3,0% da agropecuária, em relação ao trimestre anterior. Este resultado reflete o desempenho do setor no início do ano, que segue contribuindo, positivamente, para o PIB. Basta observar a expansão de 9,1% em relação ao terceiro trimestre de 2016.

Dados Acumulados

Ao compararmos o resultado acumulado até setembro de 2017 com o mesmo intervalo do ano de 2016, observa-se o progresso dos componentes do PIB. Em 2016, enquanto o consumo das famílias denotava uma queda de 4,8%, nesse mesmo período de 2017, apresenta um aumento de 0,4%. Observa-se, também, um “alívio” na queda dos investimentos. Além disso, o resultado das importações revela a melhora da demanda interna. 

 

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Fonte: IBGE, elaborado por DIPLA/GEPOC

 

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Fonte: IBGE, elaborado por DIPLA/GEPOC

 

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Fonte: IBGE, elaborado por DIPLA/GEPOC

Inflação (Dados coletados até 14/12/2017)

.  O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um crescimento de 0,28% em novembro, abaixo das expectativas do mercado (0,38%).

.  O grupo Alimentos e bebidas continua apresentando tendência de redução nos preços. Este grupo registrou deflação de 0,38%. 

.  O grupo de Artigos de residência também manteve trajetória de queda, caindo 0,45% no mês.

 

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Fonte: IBGE e Banco Central, elaborado pela Previ 

Política Monetária (Dados coletados até 14/12/2017)

Ciclo de queda de juros está chegando ao fim. O Copom anunciou a redução da taxa básica de juros da economia de 7,5%a.a. para 7%a.a na reunião de dezembro de 2017. A queda de 0,50pp (décima seguida) veio em linha com as nossas projeções.

Na ata do COPOM, o Banco Central alerta para os riscos em relação a inflação esperada para o próximo ano. Por um lado, os preços dos alimentos podem continuar aliviando as pressões inflacionárias. Por outro lado, uma possível frustração das expectativas do mercado quanto aos ajustes fiscais pode elevar o risco-país e pressionar a trajetória do índice.  Além disso, o Banco Central sinalizou a continuidade do ciclo da queda dos juros numa magnitude moderada na próxima reunião da instituição, que ocorrerá em fevereiro de 2018. 

 

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Estados Unidos (dados coletados até 30/11/2017)

A resolução do orçamento aprovado no congresso americano provisionou US$1,5 trilhão de corte líquido de impostos, sinalizando espaço para o avanço da proposta da reforma tributária pelo governo.

O plano de corte de impostos denominado “The Unified Framework for Fixing Our Broken Tax Code” foi disponibilizado pela Casa Branca e os principais pontos da proposta de reforma, em suma, revelam um estímulo fiscal em torno de US$ 2,2 trilhões ao longo dos próximos dez anos.

Basicamente a proposta sugere a redução de impostos das empresas de 35% para 20%, incentivo tributário para investimentos, criação de imposto único para taxar lucros estrangeiros. Em relação às pessoas físicas, a principal proposta reduz a quantidade de alíquotas de tributação de sete para três (10%, 25% e 35%).

Como de praxe, a proposta está sendo discutida antes no congresso e provavelmente o texto final deverá ser votado com valores aquém da proposta original.

Nota-se, dessa vez, um esforço do partido republicano na aprovação dessas medidas após a derrota sofrida em plenário na tentativa de substituição do Obamacare.

Para cenário de uma aprovação do pacote fiscal em torno de 500 bilhões, segundo a consultoria Oxford Economics, elevaria a da taxa de crescimento do PIB de 2,1% em 2017 para 2,4% em 2018, com um estímulo fiscal da ordem de 0,35pp de contribuição no PIB americano.

O impulso fiscal pode acelerar o ritmo de aperto monetário pelo FED, apesar do risco de elevação abrupta das taxas de juros ser pequeno. Nesse cenário de maior crescimento, em um contexto de mercado de trabalho aquecido (próximo ao pleno emprego), os índices de inflação devem subir no próximo ano. Como consequência, podemos ver uma valorização do Dólar Americano em relação as principais moedas e um retorno gradativo de fluxo de capitais ao país.  

China (dados coletados até 31/10/2017)

Na última década, o PIB chinês desacelerou para a média de 7% yoy, considerada o “novo normal” da economia. Após a crise global de 2008, com a demanda externa mais fraca, houve uma mudança do modelo de crescimento chinês. A fim de reduzir a instabilidade interna causada pelos ciclos econômicos globais, o crescimento baseado pelas exportações e investimentos foi substituído para uma economia voltada para o consumo interno. Para impulsionar o mercado interno e evitar uma aterrisagem forte da economia (hard landing), o governo aumentou o gasto público em infraestrutura, adotou políticas de afrouxamento monetário, incentivando o crédito, flexibilizando medidas macroprudenciais, diminuindo as  exigências e descontos sobre as taxas de hipotecas o que, posteriormente, possibilitou a queda dos estoques no setor imobiliário. Contudo, esta política é insustentável e desencadeia em algumas questões:

·         Excesso de capacidade de oferta em diversas indústrias, inibindo novos investimentos;

·         Crescimento insustentável do crédito;

·         Grandes estoques no mercado imobiliário;

·         Aumento contínuo da alavancagem em setores com excesso de capacidade, como de mineração de carvão, aço, alumínio, imobiliário e de construção.

O estímulo ao crédito provocou uma formação de excedente de capacidade em algumas indústrias e grandes estoques no mercado imobiliário, já que produziu-se além da capacidade de absorção interna e externa. Além disso,   aumentou o número de empresas inadimplentes. Portanto, reformas pelo lado da oferta começaram a ser implementadas. As empresas estatais (SOE) carecem de uma reforma estrutural em razão do excesso capacidade e endividamento elevados. Ademais, o governo determinou uma meta de redução da capacidade para os setores que estão sobrecarregados como a indústria pesada, tais como o carvão e o aço. Além disso, a poluição do ar na China piorou muito nos últimos anos. E com isso, as autoridades estão interessadas em reforçar as regulamentações ambientais. Uma das medidas apresentadas, foi a ordem de corte de produção  às indústrias que utilizam a usinas termoelétrica. As principais indústrias que usam esta forma de energia são a de aço, alumínio e refinarias de petróleo. Esta conjunção de fatores justificam a queda da produção industrial.

 

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Fonte: Oxford Economics, elaborado por DIPLA/ GEPOC

* À preços de 2010

 

Pelo lado da oferta, devido à mudança de direcionamento da política econômica voltada para o consumo doméstico, observa-se que o setor de serviços apresenta uma tendência de representatividade na economia crescente. O setor de serviços ultrapassou a indústria desde 2012 e correspondeu à 51,6% da produção econômica em 2016.

Pelo lado da demanda, nota-se um mercado de trabalho resiliente e o salário real relativamente forte, onde a taxa de desemprego caiu para 3,95% no segundo trimestre de 2017, abaixo da média histórica de 4,12%.  O aumento da renda média proporciona um incremento nos gastos dos consumidores em produtos e serviços.

No entanto, a sustentabilidade de longo prazo do crescimento da economia depende das decisões tomadas e objetivos de curto prazo das autoridades, ou seja, priorizando a qualidade e não somente a dimensão do crescimento. O modelo atual de investimento alto, poupança elevada e dívidas excessivas propiciam baixo bem-estar para a sociedade e não é sustentável.

Observa-se que desde o final de 2016, as autoridades têm demonstrado atenção ao aumento dos riscos financeiros e anunciaram algumas medidas manifestando interesse em dar continuidade em algumas reformas estruturais necessárias para a China crescer de forma mais sustentável.

Expectativas de Mercado (dados coletados até 11/12/2017)

 

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