Edição 200 Novembro/2018

vida boa

O Everest não é o limite

Carlos Augusto Ferraz começou sua história com as caminhadas antes mesmo de aposentar-se e hoje segue como um andarilho de montanhas.

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Algumas coisas na vida mudam sem a gente planejar. Sempre tive uma vida tranquila, embora um pouco sedentária, até que, em 2014, participando de um congresso da Abrapp em Santa Catarina, vi em um estande o livro ‘Meu Everest’, do Luciano Pires, e acabei comprando um exemplar. Comecei a ler no avião, na volta para casa, e fiquei encantado com a história de como ele, um cara comum, muito parecido comigo, conseguiu escalar a maior montanha do mundo. E pensei: se ele conseguiu fazer isso, eu também consigo subir o Everest. Assim, começou minha história com as caminhadas até as montanhas, antes mesmo da minha aposentadoria.

Logo depois de ler o livro, comecei a amadurecer a ideia de subir o Everest. Ainda estava na ativa quando fiz isso, em 2015. Na verdade, caminhei até a face Sul do Campo Base do Everest, que fica no Nepal, a 5.364 metros do nível do mar. Trata-se de uma das rotas mais populares de trekking e de montanhismo no Himalaia.

Muita gente não acreditou quando eu disse que ia fazer essa viagem e me pediu até para desistir. Meus filhos, no entanto, se amarraram na ideia e me incentivaram a partir nessa aventura.

Viajei sozinho, mas contratei um guia brasileiro para me acompanhar e me planejei minimamente um ano antes para chegar lá. Li livros sobre o assunto; comprei equipamento, roupas apropriadas e a passagem de avião (como é longe o Nepal!). Cerca de três meses antes da viagem, comecei uma preparação física básica, com caminhadas simples. O único especialista que procurei foi um otorrino para me receitar paliativos para possíveis problemas de ouvido e de garganta, já que a caminhada seria em grandes altitudes e temperaturas muito baixas.

Longa jornada

Já em Katmandu, antes de começar a subida – que durou 10 dias –, finalmente conheci o guia da viagem e o resto do pessoal que fazia parte do grupo de escalada: um montanhista, um atleta, um corredor e eu, um andarilho sem qualquer experiência ou preparo. A experiência foi incrível e é inesquecível, mas não aconselho ninguém a fazer do modo como fiz: sem preparo profissional, por conta própria.

A altitude e a baixíssima temperatura são os grandes problemas da viagem porque cada um reage de um jeito. Como não sou alpinista, só vou onde dá para ir a pé. Somos apenas eu, minhas botas, o bastão de caminhada e uma mochila nas costas. No caminho até o Campo Base deixei muita gente para trás. Gente com motivações variadas que não conseguiram concluir a caminhada e tiveram que voltar porque não suportaram as intempéries ou, ainda, aqueles que ficaram na montanha para sempre. No nosso grupo de 10 pessoas, quatro não conseguiram subir; outros quatro chegaram, mas tiveram que descer de helicóptero; e apenas eu e outro participante completamos o caminho até o Campo Base.

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A caminhada é árdua. Cada montanha é única, com seus segredos. Mesmo não tendo chegado ao cume, porque meu objetivo era mesmo o Campo Base, o Everest é impressionante, de tirar o fôlego. A minha caminhada foi uma vitória, porque não fui motivado por algo ou alguém, mas apenas pela minha vontade de fazer aquilo. Entender que não adianta tentar fazer coisas além do que é possível foi fundamental para alcançar minha meta.

Minha sensação 21 dias depois, quando voltei para casa, foi de gratidão e de desafio cumprido. De confirmação de que, quando a gente quer, é possível fazer qualquer coisa. E ainda mais: que é possível ter novos objetivos na vida e torná-los realidade. A sensação de alívio ficou com a minha família, quando me viu chegar no Brasil no dia 25 de abril, mesmo dia em que acontecia um grande terremoto no Nepal que provocou avalanche no Everest, deixando 20 mortos.

A viagem da aposentadoria

A segunda viagem, ao Kilimanjaro, na África, eu planejei ao longo de 2016, já aposentado, e fui em julho de 2017. Fiz o trajeto com o mesmo guia do Everest, o que facilitou bastante a caminhada até o topo da montanha, 5.895 metros acima do nível do mar. Foram apenas 5 dias para chegar ao topo.

As duas montanhas são completamente diferentes. Nessa, a gente precisa entrar em um parque nacional e andar quase dois dias no meio de uma floresta tropical cheia de animais como gazelas e macacos. Depois, a gente entra em uma savana, esse sim um ambiente completamente diferente de tudo que conhecia, até que a subida da montanha se inicia realmente, com muita poeira vulcânica, que dificulta a respiração. Mas o resultado é igualmente incrível ao do Everest, embora a paisagem seja muito diferente.

Hoje, me vem a ideia de subir outras montanhas, como o Aconcágua, na Argentina, e o Monte Elbrus, na Rússia, mas ainda não tenho nada definido. Até porque as viagens são bastante caras e precisam de um planejamento bem-feito. Existe também a vontade de fazer o Caminho de Santiago de Compostela com meu filho, mas ainda não temos nada fechado porque é uma viagem imensa, que deve durar, pelo menos, 30 dias para percorrer seus mais de 1 mil km.

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Viajar e me divertir

Para mim, planejar viagens e procurar novos roteiros são um grande prazer. Com ou sem a família e os amigos, conhecer novos lugares e voltar aos que já conheço é algo que tenho feito constantemente, principalmente depois que me aposentei. Além disso, continuo estudando, faço parte do Conselho Fiscal de dois condomínios, continuo lendo sobre previdência e me tornei coach para compartilhar conhecimento. Porque a mente não pode parar.

E, se tenho uma aposentadoria tranquila, muito se deve à Previ e à minha trajetória de 31 anos no BB, onde tomei posse em 1983, em Brumadinho (MG), passei por Juiz de Fora e, em 1998, fui cedido para a Previ, onde fiquei por 17 anos, até me aposentar, em 2015.

Resolvi seguir carreira na Previ porque achava que valia a pena. Como tínhamos uma vida estruturada em Juiz de Fora, minha esposa Marcela (que também é aposentada do BB) e eu fizemos um acordo que deu muito certo: ela e nossos filhos (Luis Gustavo, 33 anos, e Paula, 25 anos) ficaram aqui e eu fui trabalhar no Rio. Passava a semana lá e todas as sextas-feiras voltava para casa. Foi assim até eu me aposentar, em 2015, aos 55 anos.

A minha aposentaria foi bem planejada. Fiz tudo que podia para aumentar minha média salarial para receber o máximo de benefício da Previ, que é tão importante para nós, associados. Ser um aposentado da Previ é ter a certeza de que a aposentadoria vai ser tranquila, que seus recursos estão sendo bem geridos por profissionais especializados da própria Previ e do BB. Sabemos que nenhum outro plano de previdência, público ou privado, se compara à Previ, porque ela foi construída por todos nós. E isso faz toda a diferença!

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Carlos Augusto Ferraz, aposentado e andarilho de montanhas
Contato: cafrgute@gmail.com

 

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