Edição 196 Janeiro/2018

vida boa

O teatro e a vida real

Conheça a trajetória de Luciene Amarante, aposentada do BB apaixonada pela vida nos palcos

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Desde que me entendo por gente o teatro faz parte da minha vida. No entanto, só depois de me aposentar pelo Banco do Brasil é que pude me dedicar exclusivamente a essa arte. Porque ler textos com emoção, interpretar personagens que transcendem a nossa imaginação, contar histórias e alegrar vidas é o que me dá prazer! 

Eu e meus irmãos sempre vivemos rodeados pelo universo lúdico que nosso pai, Luiz da Silveira Simões Couto – advogado que também foi funcionário do BB – nos apresentava desde que nascemos. Ele tinha a alma de artista: foi mágico, escritor, dramaturgo, ator e passou esse amor para os seis filhos. Meu irmão, Leonardo Simões, embora mais novo que eu, sempre teve apoio e seguiu carreira. Tornou-se diretor, produtor e crítico teatral de sucesso na cidade onde nascemos, Niterói. Ele segue sendo fonte importante de apoio e inspiração, inclusive para parcerias fundamentais para a minha carreira. 

Me lembro de meu pai acompanhar de perto nosso interesse pelas artes. Tanto que, em 15 de agosto de 1982, foi oficialmente fundado o Grupo Dois Pontos. Uma sociedade civil sem fins lucrativos, com estatutos redigidos por meu pai, do qual todos nós participamos. Seguimos no modelo familiar por algum tempo e, depois, de forma mais profissional, passamos a montar espetáculos, divulgando nossa paixão pela arte e, mais do que tudo, empolgando os públicos que nos assistiam. Fosse em espetáculos escolares ou grandes palcos, a grande atração era o espetáculo teatral. 

Essa paixão pelo teatro, pelas artes, é tão pulsante na nossa família que transcende gerações. Hoje, além de ter meu irmão como parceiro e exemplo, tenho a alegria e o orgulho de trabalhar também com o meu filho, Luan, de 19 anos. Definitivamente, o legado do meu pai vai longe! 

Banco e teatro, carreiras em paralelo

Meu caminho no teatro começou bem antes, mas seguiu em paralelo com minha carreira no Banco. Ainda adolescente, atuei em ‘O Dragão de Bondade’, do grupo teatral de Luiz Zaga, e fiz diversos outros trabalhos. Em 1987, fiz vestibular e comecei a cursar Artes Cênicas, na Universidade do Rio de Janeiro (UniRio). Fazia curso de datilografia, quando meu pai me disse para fazer o concurso para o Banco do Brasil. Naquela época, ser funcionária do Banco era a certeza de uma carreira promissora.

Fiz, passei, e tomei posse aos 26 anos, em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado do Rio de Janeiro. Trabalhei lá por 1 ano e 3 meses. Na sequência, fui transferida para a agência do Banco na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio e, em 1993, quando casei, fui trabalhar em Niterói, cidade onde vivo até hoje. 

Terminei minha faculdade e passei a conciliar as duas atividades: trabalhava no Banco, como caixa, e fazia minhas peças de teatro amador, que incluía apresentações em projetos-escola. Não era fácil, mas eu conseguia desempenhar muito bem as duas funções, embora muita gente me discriminasse, nos dois ambientes. Para alguns colegas de trabalho, não dava para me levar a sério porque eu era atriz de teatro. E para os companheiros dos palcos, era difícil acreditar que alguém com a alma tão livre e inventiva pudesse cumprir metas e realizar atividades tão duras. Bom, depois de tantos anos me equilibrando nas duas funções, consegui provar que a junção das artes com o universo bancário é perfeitamente possível. 

E tanto é possível que as muitas conversas e histórias que ouvia de clientes, principalmente idosos, nas agências onde trabalhei, me ajudaram a compor os mais variados personagens ao longo da minha vida. De Rapunzel a dona Benta, do ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’; passando pela Chapeuzinho, de ‘O Mistério de Feiurinha’, de Pedro Bandeira; até uma governanta numa leitura dramatizada de ‘A Lição’, de Eugène Ionesco. Não importa o personagem, mas sim a dedicação que empenhamos para colocá-lo em cena. 

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Depois da aposentadoria, ainda mais teatro

Já tinha a ideia de começar a fazer uma Licenciatura para que, quando me aposentasse, pudesse dar aulas de teatro. Em outubro de 2016, me matriculei no Nepac (Núcleo de Ensino e Pesquisa em Artes Cênicas) para ter aulas aos sábados. No mês seguinte, fui convidada a encenar a comédia Crises!, no Solar do Jambeiro, em Niterói. Decidi aceitar e a vontade de me aposentar, que já estava aflorada, foi decisiva para eu aderir ao PEAI, em dezembro daquele ano, antecipando o fim do meu período de trabalho no BB, onde passei 29 anos muito felizes. 

Definitivamente, foi a decisão mais acertada: afinal, já tinha trabalhado por muitos anos e queria, mais uma vez, me dedicar a uma nova atividade. Tudo bem que atuar não é novidade para mim, mas ter o tempo que quiser para aprender, ensinar e representar é muito bom. A assertividade dessa decisão eu pude conferir ao longo de 2017: passei o ano envolvida em trabalhos no teatro. Peças para adultos, para crianças, leituras dramatizadas, imersão em estudo. Cheguei a achar que não daria conta, mas vi que, com jeitinho, a gente adquire novos hábitos, ganha novos objetivos, e a vida novas cores. 

Cuidando da vida

Como a aposentadoria ainda é uma fase relativamente nova na minha vida, aos poucos estou me acostumando a ela e inserindo novas atividades ao meu dia, que concilio com as peças de teatro. Desde janeiro de 2017, passei a acordar cedo e fazer caminhadas, que ajudam a me manter em forma. Tenho feito também check-ups médicos para cuidar da saúde e outras atividades para preencher os meus dias, como ir à academia, andar de bicicleta, fazer aulas de dança de salão e canto, reformar minha casa. Enfim, é muito bom poder curtir a vida depois de tantos anos de dedicação ao trabalho.

Tenho plena consciência de que isso só tem sido possível porque posso contar com o complemento da PREVI. Nossa Entidade nos oferece benefícios e segurança, o que me dá a certeza de que vou poder ter uma vida tranquila e poder realizar os meus projetos no futuro. 

Atualmente, recebo apenas o benefício pago pela PREVI, porque ainda não tenho os requisitos totais para me aposentar pelo INSS. Mas, assim que passar a receber a aposentadoria oficial, acredito que vou poder planejar ainda melhor a minha vida e colocar em prática alguns projetos e sonhos, como viajar com amigas para Portugal e Paris, produzir o meu próprio espetáculo e trabalhar de forma livre, fazendo a diferença na vida das pessoas. 

Porque, para mim, teatro é amor! 

Luciene Amarante, aposentada da PREVI

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