Edição 191 Novembro/2016

administração

Empresas sustentáveis têm vida longa

PRI faz 10 anos incentivando investimentos responsáveis que refletem diretamente na perenidade das companhias

A PREVI é uma das maiores Entidades de Previdência Complementar Fechada do mundo e, para obter esse status, é necessário diariamente investir em uma gestão eficiente, baseada em princípios muito claros de diligência, competência, excelência em governança e sustentabilidade corporativa. E ser pioneira em diversas áreas que podem ajudá-la a administrar ainda melhor seus planos de previdência é algo natural. Por isso, há dez anos ela se tornou a primeira signatária latino-americana e representante no board do PRI (Principles for Responsible Investments, ou, em português, Princípios para o Investimento Responsável). O programa, lançado pela ONU em 2006, busca disseminar globalmente iniciativas de excelência para uma governança sustentável que influencia diretamente na longevidade e perenidade das companhias.

A busca por investimentos responsáveis, que atendam não apenas a critérios econômico-financeiros, mas que também busquem a minimização dos impactos socioambientais e mitigação de riscos potenciais, é mais um componente do trabalho da PREVI em prol de sua Missão de garantir o pagamento de benefícios aos associados de forma eficiente, segura e sustentável.

Segundo Marcel Barros, diretor de Seguridade da PREVI, os princípios do PRI representam o compromisso voluntário dos grandes investidores institucionais do mundo com as questões socioambientais e de governança corporativa, que afetam o resultado financeiro de seus investimentos no longo prazo. “Nesses dez anos, o PRI teve um papel fundamental na conscientização dos Fundos de Pensão sobre a importância de se olhar para outras questões que não apenas a rentabilidade, mas também para a responsabilidade e humanização do investimento. Uma empresa não pode apenas pensar em seus lucros no curto prazo. Para ser perene, bem-sucedida e longeva, ela precisa ser sustentável e investir em empresas que também sejam. Ser signatária do PRI é uma prova de que a PREVI coloca esse pensamento em prática diariamente”, avalia.

Marcel acrescenta que, após uma década de PRI, a avaliação dos representantes é a de que, mais importante do que ter um grande número de signatários, o que realmente importa para o programa é a qualidade dos participantes e o cumprimento espontâneo dos princípios, sua participação nas reuniões e a disseminação dessa cultura de investimento sustentável. “Entendemos que as empresas que não se enquadram nas premissas do PRI devem se retirar do grupo”, conta.

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Alinhada aos princípios do PRI, a PREVI dissemina as suas boas práticas de governança nas empresas participadas incentivando a adoção de medidas importantes, como transparência nos números e nas ações, criação de conselhos fiscais, publicação de Relatório Anual, entre outras iniciativas que geram sustentabilidade e bons resultados no longo prazo.

Nas reuniões do PRI, de acordo com o diretor de Seguridade, são discutidos diversos assuntos, como as iniciativas utilizadas para colocar em prática os princípios e como disseminá-los; o que poderia ser melhorado e como acompanhar os signatários, sejam eles de que nível for (proprietário, gestor ou operador de serviços). Marcel lembra que a sociedade está cada vez mais exigente nas questões relativas ao respeito ao meio ambiente, à sociedade, à saúde e à qualidade dos produtos e serviços. “Quando uma empresa não olha para essas questões, dificilmente conseguirá ter bons resultados e perenidade no mercado e, provavelmente, ainda poderá ter problemas jurídicos no futuro”.

São 1.400 signatários e US$ 59 trilhões em ativos

O PRI consiste em seis Princípios básicos voluntários, e não impositivos, que se desdobram em diretrizes cuja finalidade é viabilizar a incorporação das questões socioambientais e de governança às práticas de análise, decisão e gestão de investimentos, além de oferecer suporte para os signatários na integração desses temas com suas decisões e propriedade de ativos.

Os seis Princípios foram criados por investidores, incluindo a PREVI, e têm o apoio da ONU. Atualmente, já são mais de 1.400 signatários em cerca de 50 países, representando

US$ 59 trilhões em ativos. Incentivado pela ONU desde 2003, o programa foi oficialmente lançado na Bolsa de Valores de Nova Iorque, em abril de 2006, com a participação de 20 dos maiores investidores institucionais mundiais, dentre eles a PREVI, e a presença do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Um mês depois, o PRI foi lançado no Brasil, na sede da PREVI, no Rio de Janeiro, e, em abril de 2007, uma cerimônia de adesão dos signatários na Bolsa de Valores de São Paulo oficializou a versão brasileira do programa.

“Como gestores de recursos, nós, da PREVI, buscamos administrar esses ativos com a visão mais humana e sustentável possível, sem olhar exclusivamente para a rentabilidade do investimento. Desde a assinatura do PRI, nossas Políticas de Investimentos nos orientam a não alocarmos recursos em empresas de armamentos e fumo. Além disso, levamos em consideração fatos importantes sobre o comportamento das empresas participadas e suas ações em relação ao meio ambiente, às leis trabalhistas, às questões sociais e à transparência na sua governança”, explica Marcel.

Responsabilidade nos investimentos da PREVI

As Políticas de Investimentos da PREVI incluem a identificação dos impactos sociais, ambientais e econômicos gerados pelas empresas nas quais a Entidade tem participação, auxiliando na escolha dos melhores investimentos. Afinal, negócios socialmente responsáveis são negócios perenes, que renderão dividendos no longo prazo, indispensáveis não só para o pagamento de benefícios dos participantes, mas, também, para o desenvolvimento econômico do País.

A PREVI também acompanha de perto a evolução desses impactos com a aplicação de pesquisas e questionários sobre gestão, risco e sustentabilidade; com a análise dos relatórios de sustentabilidade e de administração das empresas; e em contatos regulares com os conselhos de administração e com as diretorias das companhias participadas. Há o estímulo permanente à adesão a pactos e princípios de boas práticas em governança corporativa, bem como o incentivo à observação de padrões internacionais de monitoramento de riscos ambientais e de transparência na comunicação com o público.

“Ao assinar os Princípios, nós, como investidores, nos comprometemos publicamente a adotá-los e implementá-los, sempre que se relacionarem com nossas responsabilidades fiduciárias. Nos comprometemos ainda a avaliar a eficácia do conteúdo dos Princípios e aprimorá-lo com o passar do tempo. Acreditamos que, assim, ampliaremos nossa capacidade de honrar nossos compromissos com os beneficiários, além de alinhar melhor nossas atividades de investimento aos interesses mais amplos da sociedade. Além disso, procuramos difundir esses Princípios e cobrar das empresas nas quais investimos ações semelhantes, que se baseiem na sustentabilidade econômica, social e na humanização dos investimentos”, acrescenta Marcel.

Desfazendo de ativos

O diretor lembra que, no passado, a PREVI chegou a ser acionista da Sousa Cruz, empresa que fabrica cigarros, mas que há muito tempo se desfez desses papéis. No caso da Forjas Taurus, companhia que fabrica armas, a orientação é vender as ações. “Estamos nos desfazendo dos papéis da Taurus, mas não podemos simplesmente vendê-los sem analisar as possibilidades. Nossa orientação é de saída do bloco de controle da companhia, mas temos de vender as ações de forma segura para que nos traga o retorno financeiro já investido, sem causar prejuízo aos nossos planos”, explica.

Reavaliação de certificados ambientais

Marcel explica que hoje há uma necessidade real dos negócios serem sustentáveis do ponto de vista ambiental, econômico e administrativo. O acidente da Samarco, ocorrido em novembro de 2015, na região de Mariana (MG), mostra que é preciso reavaliar a efetividade de certificados e auditorias realizadas em empresas que estão diretamente ligadas ao meio ambiente.

“A Samarco tinha todos os certificados das barragens e realizava auditorias semestrais no local que não indicaram a possibilidade de um acidente como o que houve. Então, precisamos discutir até que ponto as certificações e auditorias são efetivas. Havia todo um acompanhamento que parece não ter sido suficiente, o que ratifica a necessidade de olhar para frente quando falamos de sustentabilidade”, alerta o diretor. “As iniciativas do PRI comprovam que sustentabilidade e negócios andam lado a lado e essa integração é uma realidade, no Brasil e no mundo”, complementa. 

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Princípios representam compromisso com sustentabilidade

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