Edição 188 Junho/2016

administração

Além do horizonte

Como a PREVI enxerga o cenário de médio e longo prazos, e o que está fazendo para enfrentar a crise na economia

A PREVI tem uma carteira sólida de ativos, ancorada fortemente na economia real e no setor produtivo. Isso faz com que o déficit de 2015 seja apenas o resultado de uma conjuntura negativa na economia brasileira e mundial. A recuperação é questão de tempo. O que não quer dizer que a Entidade esteja de braços cruzados esperando a crise passar.

Desse modo, a PREVI continua de olhos abertos para avaliar as tendências do mercado. Basicamente, a direção dos investimentos será definida pelas características de cada plano e pelos cenários macroeconômicos.

A prioridade é preservar o patrimônio dos planos e os compromissos de longo prazo com os participantes. “O cenário econômico não demonstra um horizonte favorável. Temos inflação resistente e PIB em queda”, avalia Gueitiro Matsuo Genso, presidente da PREVI. “Tivemos uma alta grande nos três primeiros meses, mas houve queda outra vez no segundo trimestre. Este horizonte de oscilações é o que temos pela frente até o final de 2016.” A renda fixa, por sua vez, deve continuar a ser uma boa opção enquanto não houver perspectiva de queda nos juros.

Carteira imobiliária

Nesse cenário, o PREVI Futuro deve adequar seus investimentos em renda variável. A estratégia busca comportar uma tolerância ao risco coerente com um plano ainda em fase de acumulação. Ao mesmo tempo, espera-se ampliar a carteira imobiliária do Plano nos próximos anos.

Já no Plano 1, a prioridade serão investimentos com menor risco e maior liquidez. Essa estratégia é adequada para um Plano que hoje paga cerca de R$ 9,4 bilhões por ano em benefícios, volume que vai crescer até atingir seu ponto máximo no início da próxima década.

Para fazer frente a essa necessidade, o Plano 1 terá metas definidas para vender sua carteira de renda variável. Isso deve incluir a revisão do acordo de acionistas na Vale em 2017 e a renegociação das posições em blocos de controle de algumas empresas.

Vender essas posições também é necessário para cumprir as regras do setor de previdência complementar. Desde o começo da década passada, a PREVI presta contas à Previc em relação à necessidade de se desfazer de parcelas de suas participações em empresas de capital aberto. Um plano de desenquadramento, acompanhado pela Previc regularmente, foi traçado. Nele, a PREVI se comprometia a diminuir sua participação em determinadas empresas (um dos limites prevê, por exemplo, que fundos de pensão só podem deter um máximo de 25% do capital total de uma companhia).

Enquadramento

Em 2015, no entanto, houve o entendimento do órgão regulador de que o momento não era adequado para se desfazer de ativos que estavam depreciados por conta da conjuntura. Ainda há a determinação do órgão para se buscar uma solução para o desenquadramento, mas agora sem uma data final definida, visando, desta forma, preservar o melhor interesse dos associados.

Todas essas decisões seguem os parâmetros determinados nas Políticas de Investimentos. Este ano, o foco no cumprimento das Políticas será mantido. Elas são uma ferramenta que direciona e enquadra as decisões tomadas em relação às diversas carteiras de ativos de nossos planos de previdência.

As perspectivas traçadas pelas Políticas de Investimentos 2016-2022 não foram alteradas em relação às do período anterior, que previa dois anos – 2015 e 2016 – de economia instável e em recessão, com uma recuperação aventada a partir de 2017.

Controle

A construção anual de uma Política de Investimentos, pela Diretoria de Planejamento, proporciona a construção de diretrizes de investimentos que aperfeiçoem a relação entre liquidez, risco e retorno dos ativos, visando de forma permanente o equilíbrio e perenidade do plano. O monitoramento da execução das Políticas, tem como objetivo analisar o desempenho dos investimentos, as metas e limites estabelecidos buscando aferir sua eficácia no atingimento dos objetivos de cada um dos planos em consonância com a missão da PREVI. Cada vez mais os processos de mitigação de riscos são incorporados à gestão.

Em 2015, foi aprovada uma Política de Gestão de Riscos Corporativos, que define um conjunto de princípios e diretrizes com o objetivo de assegurar que sejam formalmente gerenciados os potenciais impactos adversos que influenciam a execução dos objetivos da PREVI. Além disso, a Entidade também conta com um Programa de Excelência em Gestão Baseada em Riscos (GBR), que congrega uma série de projetos visando incrementar continuamente o gerenciamento dos riscos.

Com o objetivo de analisar o risco de liquidez e solvência, o ALM (Asset Liability Management) projeta os ativos e passivos mediante as estratégias e objetivos da organização definidos na Política de Investimentos, levando em consideração os riscos da instituição, seus limites e seu apetite a risco. Essa ferramenta de análise orienta as decisões e ações referentes aos ativos e passivos, simulando possíveis resultados futuros baseados em cenários projetados.

O risco de liquidez é acompanhado através do fluxo de caixa, permitindo analisar se a Previ terá capacidade de honrar o pagamento de benefícios e o risco de solvência é analisado pela relação entre ativos e passivos. Logo, se os ativos possuem saldo maior que o passivo o plano será solvente ao longo da Política de Investimentos.

Um ALM eficiente proporciona aos planos melhor gestão e direcionamento de recursos, maior velocidade nas tomadas de decisão, controle de risco de descasamento das operações ativas e passivas e indicação de investimentos a serem foco de atração ou descontinuidade de negócio.

Compromisso

Em um cenário adverso, cada real conta, e o controle de custos ganha ainda mais importância. “Tínhamos um orçamento de R$ 324,84 milhões para 2015, e a diretoria, mesmo tendo sido autorizada pelo Conselho Deliberativo a usar esses valores, conseguiu economizar R$ 16 milhões desse total”, diz Gueitiro. Em geral, os gastos diminuíram em 2015 quando comparados ao ano anterior. Em alguns casos, essas reduções não foram possíveis como, por exemplo, contratos existentes em dólar (cuja alta da câmbio impactou o resultado) ou com os despesas de Pessoal e Encargos. Isso acontece porque a maioria dos funcionários da PREVI é cedida pelo BB, e, portanto, a folha salarial está atrelada ao acordo coletivo do Banco.

O controle de custos é um compromisso institucional. Desde 2014, a PREVI conta com um Programa de Eficiência Operacional, que tem como objetivo reduzir despesas. “Primeiramente, estamos focando na modernização dos sistemas de TI e na otimização dos processos para termos condições de atender melhor e de forma mais ágil os associados”, explica a diretora de Administração, Cecília Garcez.

“É justamente nos momentos mais difíceis que a boa gestão é mais valiosa. E isso é algo que a PREVI sempre teve e continua a ter”, lembra Gueitiro.

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