Edição 188 Junho/2016

vida boa

Aposentado nas alturas

Elmar da Silva conta como foi sua expedição ao Acampamento Base do Everest, no Nepal

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Quando me aposentei, decidi que iria curtir a vida e assim permaneço até o momento, sem arrependimentos. Tomei essa decisão porque, ao longo de 30 anos, me dediquei intensamente ao Banco do Brasil. Tomei posse em janeiro de 1977 em Lagoa Vermelha, município do Rio Grande do Sul, onde também conheci Ana Lúcia, minha esposa e grande amor da minha vida. De lá, fui transferido para Campo Bom e depois para Novo Hamburgo, minha cidade natal, ambas no mesmo estado.

Em 1984, fui aprovado em concurso interno e eu, Ana e Fellipe, nosso filho mais velho, hoje com 33 anos, nos mudamos para Pinheiros, no Espírito Santo. Na época, as condições de vida no município não eram muito boas. A cidade era pequena e pouco estruturada. Depois de um ano, fui convidado a vir para Brasília, onde resido atualmente. Na capital, atuei nas áreas de Varejo, Cartão de Crédito e Planejamento e Organização. Por fim, trabalhei por três anos como gerente da Divisão de Marca na Diretoria de Marketing.

Além da evolução no Banco, Brasília me trouxe outras alegrias, como o nascimento do nosso segundo filho, Fabiano, que tem 29 anos. Aqui, também me formei em Publicidade no Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB). Essa foi uma experiência interessante porque eu, com mais de 40 anos, convivi com muitos jovens. Aprendi com eles e sei que aprenderam comigo. Depois da faculdade, fiz dois MBAs pelo próprio BB: um em Marketing e outro em Comunicação Empresarial. Os cursos me ajudaram bastante na minha função na Diretoria de Marketing, onde atuei até fevereiro de 2007, quando me aposentei.

Hoje, aos 60 anos, dedico meu tempo a cuidar da minha saúde física e mental. Por isso, regularmente, faço caminhadas, ando de bicicleta, pratico pilates e natação. Eu e minha esposa gostamos muito de viajar. Conhecemos praticamente todo o Brasil, principalmente as praias do litoral do Nordeste. Também já visitamos vários lugares fora do país, como cidades na América Latina, na Europa e algumas praias do Caribe.

Mas a viagem mais expressiva e inesquecível foi a do Nepal. Desde criança, sempre gostei de natureza, ficar em acampamentos e subir montanhas. No Natal de 2012, ganhei da Ana o livro No Teto do Mundo, em que são relatadas as aventuras de Rodrigo Raineri, um alpinista brasileiro que já foi ao topo do Everest, a mais alta montanha do planeta, mais de cinco vezes.

Claro que eu não escalaria a montanha, mas fiquei fascinado pela história e decidi que iria fazer uma das mais deslumbrantes trilhas do mundo, por onde passam todos os alpinistas que escalam o Everest. Então, em março de 2013, comecei a me preparar fisicamente para esta viagem. No dia 2 de outubro partimos para nossa aventura num grupo de 13 brasileiros, com um guia do Brasil e dois do Nepal.

Fomos até o Qatar e depois para Catmandu, capital do Nepal, onde ficamos por dois dias. De lá, seguimos para a cidade de Luckla em três helicópteros fretados. Como o clima estava ruim naquele dia, não era permitido fazer voos regulares em pequenas aeronaves.

Dezesseis dias de ar rarefeito

Lá chegando, em um dos aeroportos mais perigosos do mundo, localizado no meio das montanhas, iniciamos nossa caminhada, que durou cerca de 16 dias, entre ida e volta. Foram muitas subidas e descidas, degraus, pontes e pedras durante o caminho, sempre enfrentando o ar bastante rarefeito.

Desnecessário dizer o quanto são incríveis as paisagens que conhecemos. Caminhávamos durante o dia e, à noite, dormíamos em pequenas paragens, denominadas lodges, com infraestrutura ínfima, mas com uma receptividade sensacional Aliás, merecia um capítulo à parte relatar o quanto o povo nepalês é simpático, humilde, extremamente prestativo, honesto e incrivelmente feliz. Chegávamos exaustos, muitas vezes com frio, e sempre éramos recebidos com sorrisos, canecas de chá quentinho e um “Namastê” como cumprimento.

Por volta do décimo dia de caminhada, chegamos, enfim, ao EBC – Acampamento Base do Everest, um de nossos objetivos na caminhada, a 5.365m de altitude. É ali que se concentram as expedições de onde partem os alpinistas para o cume da montanha. Ficamos um tempo e depois retornamos para nosso ponto de apoio. No dia seguinte, subimos o monte Kala Patthar, que tem 5.545m, para assistir ao pôr do sol no

Everest. Sem dúvida, esse foi o momento mais emocionante da viagem. Ver o sol iluminando o cume do Everest até desaparecer foi indescritível. Foi nesse dia também que fiz uma ligação via celular (sim, tinha sinal lá) para Ana no Brasil e, sob forte emoção, conversamos um pouco, apesar da diferença de 8 horas e 45 minutos a mais no Nepal, único país do mundo em que a diferença de fuso horário é quebrada.

Retornamos para Luckla, passando pelo Vale de Gokyo, outro caminho fantástico na região do Himalaia, com inúmeros lagos da cor de esmeralda, que contrastam com o marrom das montanhas e o branco da neve. Ao todo, incluindo o tempo que passamos em Catmandu, a viagem levou 23 dias. Aliás, na capital, também visitamos vários templos hindus em Bhaktapur, construções incríveis em madeira. Infelizmente, o grande terremoto deste ano destruiu grande parte daquela rara beleza.

Além de preparação, planejamento e força de vontade, para fazer todas essas viagens não bastava estar bem fisicamente, era necessário uma estabilidade financeira que viabilizasse essas experiências. Nesse ponto, fico muito feliz de ter a PREVI. Uma instituição sólida, que tem me proporcionado realizações como esta.

Elmar da Silva

Aposentado do BB

Contato: elmardasilva@gmail.com

Elmar em sua aventura no Nepal

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