Edição 186 Janeiro/2016

Educação Financeira

O ano é novo, mas as contas são as mesmas

Especialistas dão dicas sobre como pagar as dívidas de início de ano e seguir no azul

Entra ano, sai ano e é sempre a mesma coisa: janeiro chega e, com ele, uma série de contas que fazem parte do dia a dia de grande parte dos brasileiros como IPTU, IPVA, material escolar, matrícula de escola ou faculdade, além das compras do Natal feitas com cartão de crédito. E pagar bem essas dívidas pode ser fundamental para definir se você vai passar o resto do ano tranquilo ou ficar no vermelho.

Os especialistas são unânimes em afirmar que, com planejamento e educação financeira, é possível, sim, pagar todas as contas do início do ano e passar o ano com as contas no azul. Então, como fazer para quitar essas contas de forma saudável? Vale a pena parcelar ou é melhor optar pelo pagamento à vista? As dúvidas são muitas e, por isso, o melhor é se informar e fazer os cálculos.

Para Alexander Lima, contador e professor do Centro Universitário Celso Lisboa, planejamento é a palavra de ordem para pagar as contas e passar 2016 sem dor de cabeça. “A primeira coisa a se fazer é colocar na ponta do lápis as contas referentes aos tributos como IPTU e IPVA, matrícula e material escolar, e os compromissos mensais já assumidos. Quanto antes se souber o valor a ser pago, mais fácil planejar. O ideal mesmo é fazer esse cálculo ainda em dezembro para, se possível e necessário, usar o décimo terceiro para pagá-las”, explica. Ele conta que é preciso ficar atento também aos prazos de pagamento, pois, no caso dos impostos, o atraso ou o não pagamento pode gerar implicações futuras.

 

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O contador Kleber Duarte, especialista em auditoria fiscal, também indica a reserva do décimo terceiro recebido no fim do ano anterior para quitar essas contas. Outra opção, segundo ele, é juntar o dinheiro ao longo do ano anterior. “Adquirir empréstimos para pagar IPTU, IPVA, material escolar, principalmente hoje em dia, com os juros tão altos, não é uma boa opção. Como esses gastos são recorrentes, é possível se programar com antecedência, utilizando uma previsão de custos. Talvez passar o ano inteiro fazendo uma poupança seja o melhor caminho. Dessa forma, o custo fica diluído ao longo do ano”, explica.

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Parcelar ou não?

Se não conseguir pagar todas as contas e tiver de escolher alguma para parcelar, é melhor optar pelo IPVA ou pelo IPTU, que têm condições preestabelecidas. Mas, para usar essa opção, é fundamental ficar atento às datas de adesão ao benefício e de pagamento. O IPVA pode ser pago à vista com descontos de até 8%, dependendo da cidade, ou em até três parcelas. Já o IPTU, normalmente, pode ser quitado em até 12 cotas mensais. Especialistas explicam que a melhor alternativa sempre é o pagamento do valor integral, pois, além de se livrar da obrigação rapidamente, é possível utilizar os descontos oferecidos pelas administrações públicas.

Alexander, no entanto, faz um alerta: “Enquanto este parcelamento estiver vigorando, é preciso ter disciplina financeira para pagá-lo em dia. Para isso, ao fazer o orçamento mensal, é preciso incluir essas parcelas e não assumir novas obrigações no período, para que não haja um comprometimento maior do que o salário pode cobrir”, explica.

Gastos escolares

Para quem tem filhos em idade escolar ou mesmo na universidade, o início do ano também é época de fazer matrícula e comprar material escolar e uniforme. Como não dá para fugir dessas obrigações, o ideal é tentar negociar descontos nas mensalidades, no caso de haver mais de um filho na mesma instituição. Na compra do material escolar, a palavra de ordem é pesquisar: “A pesquisa de preço no momento do consumo é extremamente necessária, sobretudo nos dias atuais. Uma economia pequena em qualquer item já pode ser suficiente para pagar outra conta”, alerta Alexander.

“No caso da compra com cartão de crédito, deve-se parcelar só se não houver cobrança de juros. E nunca deixar de pagar a fatura em dia porque os juros são exorbitantes”, alerta Kleber.

“Se parcelar as compras, certifique-se de já ter eliminado outras dívidas no cartão para não acumular gastos e não conseguir pagar a fatura integralmente”, completa Alexander.

Pesquisar é fundamental

Pesquisar os preços na internet e nas lojas físicas exige paciência, é verdade, mas a economia pode ser significativa. Dados divulgados pelo Procon anualmente mostram que as disparidades nos valores podem ultrapassar os 100%. Além de olhar a lista com calma, para avaliar o que precisa ser adquirido, vale fazer um levantamento do que ser pode ser reaproveitado, evitando assim a compra desnecessária. A atitude, além de econômica, é sustentável. Outra boa medida a ser adotada é ver com a escola quais itens vão ser usados no primeiro semestre para saber o que poderá ser comprado por etapas.

Para conseguir preço melhor, vale até se juntar com outros pais da mesma turma dos filhos ou com um grupo de amigos. A diferença de preço na compra por atacado pode ser bem grande. Outra dica valiosa é evitar levar as crianças às compras. Normalmente elas costumam pedir produtos da moda que, invariavelmente, são mais caros. Mochilas e lancheiras também podem ser compradas com antecedência, fora da ‘alta temporada’ dos materiais escolares, com preços bem mais em conta. O uniforme de inverno não precisa ser adquirido no início do período letivo, ou seja, uma despesa a menos no começo do ano.

Compras de Natal ou do ano inteiro?

O Natal é em dezembro, mas para muita gente os resquícios da compra dos presentes duram por muitos meses. “Entre todas as dívidas, as compras com cartão de crédito são as que exigem mais atenção. Quando se tem parcelas a vencer, é preciso ficar atento, incluí-las nas planilhas mensais e evitar fazer novas dívidas até que as antigas sejam pagas. Assim, evita-se que o prazer de comprar vire o pesadelo de não ter como pagar”, alerta Alexander.

Que tal fazer um ‘caixinha’ para os gastos do ano seguinte?

Os contadores Alexander Lima e Kleber Duarte concordam que, entre todas as dicas, a melhor é programar os gastos e, sempre que possível, fazer um ‘caixinha’ durante todo o ano para deixar o começo do novo ano bem mais tranquilo e as contas sempre no azul.

Abaixo, segue exemplo de uma conta básica para você ter noção de como é possível poupar para honrar os compromissos do início do ano. Veja o que cabe no seu bolso e se prepare para passar o ano inteiro sem aflições, que podem ser evitadas com um bom planejamento.

Se os seus gastos de começo de ano giram em torno de R$ 1.800, isso equivale a R$ 150 por mês (12 meses do ano). Se não tiver condições de guardar todo esse valor de uma única vez, separe R$ 100 por mês até outubro e, em novembro e dezembro, quando receber o décimo terceiro salário, complete o que falta para pagar as contas previsíveis do início do ano.

Janeiro também tem aumento

Para aposentados e pensionistas, o mês de janeiro traz também o reajuste dos benefícios, tanto do INSS quanto da PREVI. Nos dois casos, o índice utilizado é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). E é importante lembrar que aumentos de benefícios acima da inflação não são permitidos pelo regulamento dos planos.

Segundo o contrato previdenciário, o cálculo do valor do benefício inicial que a PREVI paga a cada participante é diretamente relacionado à carreira no Banco. Após a definição do valor do benefício, ele passa a ser reajustado anualmente pelo INPC, conforme prevê o Regulamento do Plano. Esse reajuste tem o objetivo de manter o valor real dos benefícios e impedir a corrosão do poder de compra de aposentados e pensionistas.

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