Edição 181 Fevereiro/2015

vida boa

Literatura de um novo cotidiano

Sobre a aposentadoria, Therezinha Mello diz simbolicamente que começou a escrever, ela mesma, o roteiro do seu dia. Esse roteiro já lhe rendeu a publicação do livro infantil Jorge da Capadócia, o menino guerreiro, entre outros

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Acordar sabendo que posso fazer o que eu quiser é um desafio e, ao mesmo tempo, uma coisa mágica. Hoje, meu dia a dia é diversificado. Tenho prazer em escrever, revisar textos e acompanhar todas as etapas até a publicação dos meus livros. Entrei no Banco do Brasil em 1979, aos 22 anos, após ser aprovada no concurso enquanto ainda cursava a Faculdade de Português e Literatura, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e já lecionava em algumas escolas. No BB, passei 27 anos excelentes, trabalhei na Direção de Artes e cheguei até o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde conheci meu marido Carlos Frederico Cardoso. Juntos, participamos da criação do Projeto Educativo do CCBB, em atividade até os dias atuais.

Aposentei-me há oito anos, como gerente de Administração, depois de passar pelas agências do Méier e da Assembleia, no Rio. Quando saí, queria fazer um mestrado em Recursos Humanos, fiz a prova de seleção e passei, porém tive dúvidas antes de iniciar o curso. Decidi fazer coisas novas e comecei a escrever e participar de oficinas literárias. Entre 2007 e 2008, frequentei aulas coordenadas pelo escritor Carlos Eduardo Novaes e, há três anos, participei também de uma oficina com o professor Ivan Proença. Ao final dos cursos, todos os alunos publicavam pequenas crônicas. Assim, comecei a aperfeiçoar algo que já gostava muito de fazer: escrever.

Em 2012, um amigo me contou que patrocinaria um filme sobre São Jorge, questionando se eu teria interesse em escrever um livro como material complementar. Aceitei, mas sugeri uma história na qual o dragão e a lua pudessem falar, dentro de um estilo infantil. Ele aceitou. Fiquei cinco meses produzindo o material e, quando concluí, os produtores desistiram do roteiro cinematográfico. Assim, tirei dinheiro do meu bolso e publiquei Jorge da Capadócia, O Menino Guerreiro, em março de 2013. Hoje, estou a caminho da segunda edição após receber menção honrosa no Concurso Internacional de Literatura União Brasileira de Escritores (UBE).

Depois disso, fiz uma passagem para os contos. Na oficina literária do professor Ivan Proença, produzíamos um texto por semana. Organizei os meus contos e ainda outros, baseados em emoções humanas como raiva, tristeza, medo etc. Daí nasceu o livro Seis Tempos. O material original não havia sido publicado ainda e já havia ganhado o Concurso Internacional de Literatura UBE, em 2011. Apenas na noite de lançamento, feito naquele ano, vendi 135 exemplares.

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Ao perceber a dificuldade de encontrar uma editora, eu e meu marido criamos juntos o selo editorial Capitolina Edições. Agora, estou na internet, nas redes sociais, edito meus livros e os de amigos também. Terei o prazer de poder editar, por exemplo, o primeiro livro de Luiz Augusto França, que trabalhou comigo no BB. Ele é professor de História e está escrevendo um livro sobre a chegada dos portugueses no Brasil, intitulado Na Esquina do Mundo.

No próximo ano, vou publicar meu livro de poesias Cantilena de Mulher, que já existe em versão e-book. Também vou lançar Machadinho, o Menino das Letras, minha segunda obra infantil, inspirada em Machado de Assis, o escritor que mais leio e admiro. Está pronto e precisa apenas ser ilustrado.

Além dos livros e da editora, já participei de sessões de autógrafos e bate-papos com alunos de escolas públicas e ganhei prêmios de poesia. Ao me aposentar, comecei a escrever eu mesma o roteiro do meu dia. Tudo isso, para mim, representa uma grande conquista, um novo capítulo a cada instante.

Se alcancei tudo isso é porque tenho a PREVI. Quando entrei no Banco do Brasil não pensava em aposentadoria, mas ele é precursor de tantas coisas e por isso já pensava em mim. Estou realizando meus objetivos agora, graças ao que apenas depois de um tempo pude compreender a importância.

Therezinha Mello,

aposentada do BB, editora e escritora.

Contato: therezinhamello@uol.com.br

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Entrevista com Therezinha Mello, aposentada, editora e escritora

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