Edição 159 Junho/2011

administração

Um olho no Brasil e outro no mundo

Conselheiros discutem cenário econômico nacional e internacional

Otimismo. Esse foi o sentimento geral dos participantes do 12º Encontro de Conselheiros da PREVI, na Costa do Sauípe, na Bahia, realizado entre os dias 15 e 17 de junho. Os desafios estratégicos para o Brasil e os impactos internos e externos da economia sobre as empresas brasileiras foram o tema da reunião deste ano – e prevaleceu uma visão positiva do cenário, apesar dos obstáculos no caminho. “Os desafios do país e das empresas são grandes, mas as oportunidades também”, disse o diretor de Participações, Marco Geovanne. “E os conselheiros das empresas em que temos participação têm um papel fundamental para garantir que essas companhias sigam na trilha certa.” Por isso, ele pediu atenção para as tendências de mercado, eventuais mudanças no ambiente regulatório e oportunidades que possam ajudar essas organizações a dar um salto de qualidade.

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Os conselheiros estão cientes de seus papéis como guardiões do patrimônio dos participantes. “Tanto os conselhos fiscais quanto os de administração precisam ficar atentos não apenas às suas empresas e aos setores em que elas operam”, disse Antônio Francisco Costa, conselheiro da Sauípe S.A., empresa controlada pela PREVI e que administra o complexo hoteleiro no litoral baiano. “É preciso prestar atenção ao cenário nacional e internacional para detectar oportunidades e ameaças”, completou.

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Ameaças e oportunidades como as acenadas pela China, tema central da apresentação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, durante o encontro. “Queremos atrair empresas chinesas para produzir no Brasil, associadas a parceiros brasileiros”, disse o ministro. Pimentel destacou que, no cenário mundial – em que os chineses se converteram numa grande potência econômica –, apenas quem desenvolve inovação permanece competitivo.

Inovação como patrimônio

Inovação também foi uma palavra-chave na palestra do historiador Francisco Teixeira, do Grupo de Estudos do Tempo Presente, da UFRJ. “A inovação é hoje o principal patrimônio das empresas e criar saber é o principal desafio”, afirmou. No entanto, poucas empresas brasileiras realmente investem nela, alertou. “Mesmo as que investem, gastam o orçamento em compra de máquinas e sistemas, e não em desenvolvimento de serviços e produtos.”

Marcos Torres, conselheiro da Coteminas, empresa do setor têxtil, um dos mais afetados pela competição chinesa, concorda que inovar é um dos principais trunfos para enfrentar a concorrência externa. “A China é um desafio”, disse. “Mas o Brasil tem condições de vencê-lo. As vantagens da Coteminas, em particular, são a expertise, a inovação, o mercado brasileiro e uma produção destinada para esse consumidor”, enumerou.

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Torres é um executivo experiente, ex-presidente da operadora de celular Claro e um dos poucos conselheiros indicados pela PREVI que não são participantes do Fundo. Ele falou sobre sua contribuição: “É uma forma de trazer uma visão nova para os conselhos, que se soma ao excelente trabalho de governança corporativa desenvolvido pela entidade e por seus representantes”, explicou.

Já Marcelo Gasparin da Silva, conselheiro da Celesc, participou do Encontro como convidado. Ele faz parte do conselho de administração da distribuidora catarinense de energia, mas não foi indicado pela PREVI e sim pelo acionista controlador. “É a primeira vez que outros conselheiros participam do Encontro”, disse. “Foi muito bom poder alinhar a visão de gestão com os colegas ligados à PREVI. Afinal, o objetivo de todos nós é um só: dar retorno e rentabilidade aos investimentos”, afirmou.

E para isso é preciso estar bem preparado. “Leio revistas especializadas, procuro me informar, ter uma visão mais eclética”, disse Wilton Daher, conselheiro fiscal da CPFL. Daher também é conselheiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e pelo Instituto de Seguridade Social (ISS). “Afinal, o trabalho é sempre complexo e desafiante.” Mesmo quando o cenário é positivo, como completa: “O Brasil é a bola da vez como destino de investimentos internacionais: a massa salarial cresceu, a economia é sólida”, enumerou.

Desafios criam oportunidades

Sérgio Paulo Silva, conselheiro fiscal suplente da Ultrapar, por sua vez, admite que o Brasil tem desafios a superar, mas também joga no time dos otimistas. “Hoje, o país enfrenta o risco da abundância, muito melhor do que o da escassez”, afirmou. “É muito mais confortável ter de enfrentar um gargalo de infraestrutura do que uma crise de estagnação”, comparou. Ele lembrou também que vencer esses desafios pode representar um salto para o país e para suas empresas. “Como o investimento em educação, por exemplo, que será vital.”

Outro tema importante debatido pelos conselheiros foi a adequação das empresas brasileiras às normas contábeis internacionais. “Isso vai ser um dos grandes desafios do ano”, disse Maria Elena Reddo Alves, conselheira fiscal suplente da Gerdau Metalurgia. Segundo ela, ainda não houve tempo para adaptação à norma contábil IRFS, usada na Europa, mas os efeitos serão positivos para a governança corporativa das companhias. “Isso cria uma linguagem única: uma fábrica na China, no Brasil ou na América do Sul terá o mesmo padrão contábil. É um idioma mais universal do que o inglês.”

A aplicação das normas, segundo Maria Elena, aumenta a transparência dos números. E, como se vê, todos os debates sempre voltam à governança corporativa e aos instrumentos de controle. Conselheiro em empresas por indicação da PREVI há sete anos e certificado pelo ISS e IBGC, Antônio José de Carvalho assumiu recentemente uma vaga no conselho da Forjas Taurus. “É um bom momento, em que a empresa se reestrutura, cria um conselho independente e evolui nos níveis de governança da Bovespa”, disse.

Torres, o conselheiro da Coteminas, resume a importância do tema – e do Encontro – para os participantes. “A governança é o principal pilar de uma empresa bem administrada. E a PREVI, com sua experiência nessa área, apresenta um diferencial e tanto. Basta comparar o resultado das empresas de que ela participa com o de empresas concorrentes. São ilhas de excelência na economia brasileira”, concluiu. O bolso dos participantes agradece.

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