|nº 137| Out/Nov 08

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Mais que um desconto no contracheque

Andréa Vanzillotta é formada em estatística e atuária. Depois de trabalhar durante anos em fundo de pensão, passou para as salas de aula e hoje ensina previdência complementar inclusive em curso de pós-graduação. Nesta entrevista, fala que o participante de fundo de pensão faz uma escolha entre consumo e previdência. Mostra que comprar um sonho de longo prazo exige confiança na instituição. E diz que poucas pessoas têm conhecimento suficiente para administrar recursos por conta própria quando o propósito é garantir um complemento de aposentadoria.

Revista PREVI – Aposentadoria, para os mais jovens, pode parecer ficção?
Andréa Vanzillotta – Não estamos acostumados a falar ou planejar a aposentadoria quando somos jovens. Esse assunto normalmente só entra em pauta por volta dos 40 anos, o que é um erro, porque, quanto antes começar a se programar, mais barato sai a aposentadoria e maior é a possibilidade de acumular um recurso razoável. Previdência é uma poupança de longo prazo e a gente sabe que, quanto mais tempo o dinheiro fica guardado, mais você junta. E, quanto antes começar, mais em conta é a parcela mensal a desembolsar.

Revista – Qual é a idade ideal para começar a pensar nesse assunto?
Andréa – Não tem idade para começar a falar em aposentadoria. Hoje, inclusive, pais já compram planos de previdência aberta quando seus filhos nascem. É possível que esses recursos nem venham a ser usados para uma aposentadoria, mas podem pagar uma faculdade, um curso no exterior. A aposentadoria passa muito pela idéia de planejamento. Quanto antes você começa a planejar alguma coisa, maior a chance de dar certo. O tempo passa, as coisas mudam. Hoje você está solteiro e não tem filhos; amanhã, está casado com dependentes. Questões previdenciárias, como pensão por morte e seguro de vida, já começam a ter um peso maior.

Revista – Hoje, desligar-se do banco com poucos anos de trabalho é mais comum que no passado. O que você diria a quem vive essa situação e pensa em tirar os recursos da PREVI por achar que a reserva acumulada aqui ainda é pequena?
Andréa – O valor da reserva em si não é o que deve pesar na hora de decidir por ficar ou sair do fundo de pensão. O que deve pesar é a questão do planejamento. Às vezes, só porque o dinheiro está disponível, a tentação é sacar e gastar. A pessoa pode pensar “de repente troco o carro ou dou uma entrada em alguma coisa”. A escolha que é preciso fazer é entre o consumo e a poupança. Se a pessoa não tem necessidade imediata do dinheiro, o melhor é deixá-lo no fundo de pensão. É uma forma de poupança. Aconselho sempre a manutenção do vínculo com a previdência, porque para mim é um conceito muito importante. Mas a tendência é que pessoas mais jovens tenham uma visão de curto prazo como se a aposentadoria fosse algo longínquo. O tempo passa muito rápido, quando você vê aquela pessoa de 20 anos já está com 40, e aí, o tempo passou.

Revista – A qualidade da administração dos recursos é decisiva para o participante ficar no fundo de pensão?
Andréa –
Previdência é um projeto de longo prazo, um projeto de vida. Por isso, o participante precisa confiar na solidez e na gestão do fundo de pensão. Imagine a seguinte situação: uma pessoa sai da empresa patrocinadora por qualquer motivo. Se ela está num fundo de pensão que vem enfrentando dificuldades (às vezes ocorrendo o mesmo com a patrocinadora), vai pensar duas vezes em deixar seu recurso lá. Em contrapartida, se está num fundo de pensão como a PREVI que, nos últimos anos, vem apresentando resultados fantásticos, provavelmente vai pensar: por que tirar meu dinheiro se aqui há boa gestão? E mais: quem deixa os recursos no fundo de pensão mesmo se desligando dos quadros da empresa patrocinadora tem a vantagem de vir a sacar a reserva a qualquer momento. Nada impede que, daqui a alguns anos, essa pessoa mude de idéia e decida sacar sua reserva.

Revista – Então, a tendência é que os fundos de pensão sejam cada vez mais cobrados em termos de solidez e de boa gestão dos recursos?
Andréa –
Hoje, os participantes estão mais cientes de que o fundo de pensão não é só um desconto no contracheque. É preciso acompanhar e questionar. Os fundos, de modo geral, fornecem uma quantidade enorme de informações. É só o participante se dispor a olhar, pesquisar, perguntar, telefonar para esclarecer a dúvida. Tem que tomar conta mesmo.

Revista – Ter um parente que já está curtindo a aposentadoria faz diferença para um jovem que decide ingressar num fundo de pensão?
Andréa –
Faz diferença. Muita gente diz: meu pai é da PREVI, meu tio é da Petros. Dá para perceber que o fato de o parente estar bem na aposentadoria é um referencial. A melhor propaganda é você olhar em casa e ver que alguém está recebendo uma boa aposentadoria complementar e que isso faz diferença.

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