|nº 138| Dez 08

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Oportunidade na crise

Investimento em fundos de private equity e venture capital é alternativa no momento de crise e de diminuição das taxas de juro. Recursos alocados pela PREVI miram maiores retornos no longo prazo

No momento em que a volatilidade das bolsas de valores assusta à maioria dos investidores, é preciso ter muito sangue frio e analisar com prudência os investimentos. Mas também é o momento de aproveitar oportunidades por conta de o valor das empresas ter ficado relativamente barato, se analisadas as perspectivas de longo prazo. E uma das alternativas para fazer esses investimentos são os fundos de venture capital (VC) e private equity (PE).

Para entender a diferença entre as duas modalidades, segundo a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), que representa o setor, o investimento em venture capital é para empresas ainda pequenas em fase de desenvolvimento, com boas perspectivas de crescimento por atuarem em setores estratégicos ou inovarem tecnicamente. Já private equity relaciona-se com companhias em consolidação dos negócios e em fase preparatória para lançamento inicial de ações em bolsas, o chamado IPO.

Segundo números divulgados pela associação, o volume desses recursos chegou no Brasil a atingir US$ 16,7 bilhões em julho de 2008, contra US$ 5,6 bilhões em 2004, praticamente triplicando os valores em três anos. Segundo o presidente da ABVCAP, Luiz Eugenio Figueiredo, no seminário Real Estate, Projetando e Construindo Oportunidades de Investimentos, que aconteceu em São Paulo, em dezembro, o setor também sofreu forte impacto da crise econômica que assola o planeta. “Mas, é nesses momentos de crise que também surgem as oportunidades e se conseguem os melhores resultados para os investidores,” afirmou.

Outro participante, Eduardo Machado, de um dos maiores fundos do mundo de investimento em PE e VC, o Carlyle, deu uma boa notícia, de que dos US$ 90 bilhões que tinham disponíveis para investimento no mundo, o fundo a que representa na América Latina ainda tem 40 bilhões para investir em PE e VC, “mas que essas são as únicas boas notícias que tenho para dar agora, porque 2009 será um ano difícil em que serão necessárias muita segurança e disciplina nos investimentos. Mas é importante lembrar que os momentos anteriores de crise foram aqueles em que conseguimos dar melhor retorno para nossos investidores”, afirmou.

PE e VC na PREVI

Por conta da estabilidade macroeconômica porque ainda passa o país, com a redução da taxa real de juros, a PREVI, como outros fundos de pensão, tem procurado investimentos alternativos como private equity e venture capital (PV/VC) para conseguir maior retorno e diversificação em seus portfólios. Principalmente com participação em Fundos de Investimento em Participações (FIP) e Fundos de Investimentos em Empresas Emergentes (FMIEE). Atualmente, a participação da PREVI fica em torno de 10% a 20% do patrimônio líquido desses fundos. O tempo de investimento irá variar de acordo com o prazo de duração estabelecido em seus regulamentos (em média dez anos). Mas essa não é uma prática que começou agora. A participação em fundos de PE e VC vem desde 1996, sendo a entidade uma das primeiras a atuar no primeiro ciclo desse mercado, o que ocorreu entre 1996 e 2004, antes do crescimento exponencial que ocorreu até a crise deste ano.

Na PREVI, hoje, os recursos aplicados em PE/VC chegam a aproximadamente R$ 760 milhões em dez fundos. Se forem considerados também os valores comprometidos, já que seis fundos estão em período de investimento, o valor é de aproximadamente R$ 980 milhões. Embora em volume pequeno comparado ao patrimônio do fundo de pensão, esse investimento é considerado estratégico. “Esperamos retornos maiores no longo prazo, diversificação da carteira de renda variável, aumento do número de empresas listadas em bolsa de valores e crescimento do mercado de capitais, como um todo”, afirma Fábio Moser, diretor de Investimento da PREVI.

Moser diz que no novo ciclo de investimentos que ocorreu nessas modalidades a partir de 2005 não é possível estabelecer parâmetros de rentabilidade, mas se forem considerados os fundos já encerrados no primeiro ciclo de que a PREVI participou, eles deram retorno real na faixa de 16% ao ano, enquanto a meta atuarial atual é de 5,75%. A experiência adquirida no primeiro ciclo possibilitou investimentos mais maduros no ciclo mais recente. Além do rendimento necessário para manter a saúde dos Planos e o rendimento dos associados, a PREVI também tem visão estratégica de diversificação e atua, nesses casos, em setores de ponta ou que não estejam presentes em seu portfólio tradicional, como os ligados à infra-estrutura, tecnologia de informação, biotecnologia, agricultura, ao saneamento e à educação.

“Neste momento, estamos avaliando os investimentos já realizados, tendo em vista que as verbas destinadas para a modalidade já foram comprometidas. No entanto, existe a possibilidade do exame de novas oportunidades, caso se mostrem bons negócios e compatíveis com a Política de Investimentos da PREVI”, conclui Moser.