Oportunidade na crise
Investimento em fundos de private equity e venture capital é alternativa no momento
de crise e de diminuição das taxas de
juro. Recursos alocados pela PREVI miram
maiores retornos no longo prazo
No momento em que a volatilidade das
bolsas de valores assusta à maioria
dos investidores, é preciso ter muito
sangue frio e analisar com prudência
os investimentos. Mas também é o
momento de aproveitar oportunidades por conta
de o valor das empresas ter ficado relativamente
barato, se analisadas as perspectivas de longo
prazo. E uma das alternativas para fazer esses investimentos
são os fundos de venture capital (VC)
e private equity (PE).
Para entender a diferença entre as duas modalidades,
segundo a Associação Brasileira de Private
Equity & Venture Capital (ABVCAP), que representa
o setor, o investimento em venture capital é
para empresas ainda pequenas em fase de desenvolvimento,
com boas perspectivas de crescimento por atuarem em setores estratégicos ou inovarem
tecnicamente. Já private equity relaciona-se com
companhias em consolidação dos negócios e em
fase preparatória para lançamento inicial de ações
em bolsas, o chamado IPO.
Segundo números divulgados pela associação, o
volume desses recursos chegou no Brasil a atingir
US$ 16,7 bilhões em julho de 2008, contra US$ 5,6
bilhões em 2004, praticamente triplicando os
valores em três anos. Segundo o presidente da ABVCAP,
Luiz Eugenio Figueiredo, no seminário Real
Estate, Projetando e Construindo Oportunidades de
Investimentos, que aconteceu em São Paulo, em
dezembro, o setor também sofreu forte impacto
da crise econômica que assola o planeta. “Mas, é
nesses momentos de crise que também surgem
as oportunidades e se conseguem os melhores
resultados para os investidores,” afirmou.
Outro participante, Eduardo Machado, de um
dos maiores fundos do mundo de investimento
em PE e VC, o Carlyle, deu uma boa notícia, de
que dos US$ 90 bilhões que tinham disponíveis
para investimento no mundo, o fundo a que representa
na América Latina ainda tem 40 bilhões
para investir em PE e VC, “mas que essas são as únicas boas notícias que tenho para dar agora,
porque 2009 será um ano difícil em que serão
necessárias muita segurança e disciplina nos
investimentos. Mas é importante lembrar que
os momentos anteriores de crise foram aqueles
em que conseguimos dar melhor retorno para
nossos investidores”, afirmou.
PE e VC na PREVI
Por conta da estabilidade macroeconômica
porque ainda passa o país, com a redução da taxa
real de juros, a PREVI, como outros fundos de
pensão, tem procurado investimentos alternativos
como private equity e venture capital (PV/VC) para
conseguir maior retorno e diversificação em seus
portfólios. Principalmente com participação em
Fundos de Investimento em Participações (FIP)
e Fundos de Investimentos em Empresas Emergentes
(FMIEE). Atualmente, a participação da
PREVI fica em torno de 10% a 20% do patrimônio
líquido desses fundos. O tempo de investimento
irá variar de acordo com o prazo de duração estabelecido
em seus regulamentos (em média dez
anos). Mas essa não é uma prática que começou
agora. A participação em fundos de PE e VC vem
desde 1996, sendo a entidade uma das primeiras
a atuar no primeiro ciclo desse mercado, o que
ocorreu entre 1996 e 2004, antes do crescimento
exponencial que ocorreu até a crise deste ano.
Na PREVI, hoje, os recursos aplicados em PE/VC
chegam a aproximadamente R$ 760 milhões em
dez fundos. Se forem considerados também os
valores comprometidos, já que seis fundos estão
em período de investimento, o valor é de aproximadamente
R$ 980 milhões. Embora em volume
pequeno comparado ao patrimônio do fundo de
pensão, esse investimento é considerado estratégico. “Esperamos retornos maiores no longo
prazo, diversificação da carteira de renda variável,
aumento do número de empresas listadas em bolsa
de valores e crescimento do mercado de capitais,
como um todo”, afirma Fábio Moser, diretor de
Investimento da PREVI.
Moser diz que no novo ciclo de investimentos
que ocorreu nessas modalidades a partir de 2005
não é possível estabelecer parâmetros de rentabilidade,
mas se forem considerados os fundos
já encerrados no primeiro ciclo de que a PREVI
participou, eles deram retorno real na faixa de
16% ao ano, enquanto a meta atuarial atual é de
5,75%. A experiência adquirida no primeiro ciclo
possibilitou investimentos mais maduros no ciclo
mais recente. Além do rendimento necessário para
manter a saúde dos Planos e o rendimento dos associados, a PREVI também tem visão estratégica
de diversificação e atua, nesses casos, em setores
de ponta ou que não estejam presentes em seu
portfólio tradicional, como os ligados à infra-estrutura,
tecnologia de informação, biotecnologia,
agricultura, ao saneamento e à educação.
“Neste momento, estamos avaliando os investimentos
já realizados, tendo em vista que as verbas
destinadas para a modalidade já foram comprometidas.
No entanto, existe a possibilidade do
exame de novas oportunidades, caso se mostrem
bons negócios e compatíveis com a Política de
Investimentos da PREVI”, conclui Moser. |