|nº 138| Dez 08

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Opção para o futuro

Milhares de jovens ingressaram no mercado financeiro nos últimos anos e já representam a maioria dos investidores da Bolsa de Valores de São Paulo

Nos últimos anos, milhares de brasileiros ingressaram no mundo dos investimentos atraídos pelas boas notícias da economia e pela facilidade de acesso ao mercado financeiro. Para esses marinheiros de primeira viagem – especialmente os mais jovens – 2008 tem sido uma espécie de batismo de fogo, desde que a crise internacional se agravou, abalando a economia no mundo inteiro. “Como a maioria dos investidores brasileiros entrou no mercado de cinco anos para cá, a crise é novidade para todos e até os mais velhos podem ser superados pela emoção, já que nunca passaram por isso”, afirma Vera Rita de Mello Ferreira, doutora em psicologia econômica pela PUC-SP, que escreve para o jornal Valor Econômico.

A grande pergunta que os jovens investidores se fazem neste momento é: como sobreviver em meio à turbulência? Para os especialistas, a melhor saída para a crise é a educação financeira. É necessário preservar a cultura de investimento e o pensamento no longo prazo. Embora os jovens de hoje estejam muito mais conscientes e preparados para o mercado financeiro, ainda há muita desinformação e erros que podem ser evitados. É certo que o oba-oba criado em torno do mercado de capitais nos últimos anos e os manuais de “auto-ajuda” – que indicam como e onde investir – se espalham por aí e nada ajudam na educação financeira do brasileiro. Ao contrário, ao passar uma visão simplista e imediatista, esses manuais e a própria imprensa ensinaram os jovens a olhar principalmente o mercado de capitais como uma fonte de dinheiro fácil e rápido.

Só na última década, o número de pessoas físicas que ingressaram na Bolsa de Valores de São Paulo cresceu 30 vezes. Em 1998, havia 16,6 mil investidores com ações na Bovespa. No final de julho passado já eram mais de 530 mil. A maior parte desse batalhão de brasileiros que decidiu investir na bolsa é formada por jovens. Em 2004, 65% das pessoas com ações na Bovespa tinham mais de 40 anos. Hoje, a proporção é exatamente inversa.

A euforia do mercado de capitais e a facilidade de acessá-lo, até pela internet, fizeram com que muitos desses novatos no mercado financeiro nem sequer considerassem outra possibilidade de investimento. Para os especialistas, antes de aplicar, o investidor deve conhecer suas limitações e anseios. Com tantas alternativas, o jovem corre dois riscos: perder dinheiro que não poderia ser perdido num fundo arriscado demais ou deixar de ganhar dinheiro por ser muito tímido na hora de correr riscos.

Mercado financeiro não é cassino

O jornalista da revista Exame e economista Cláudio Gradilone, editor do Blog do Investidor e autor de vários livros sobre finanças pessoais, diz que aplicar suas economias exige muito mais do investidor. “O mercado financeiro não é um cassino onde se aposta a sorte. Se quiser de fato saber o que está fazendo, o cliente deve imprimir e ler cuidadosamente os prospectos, estatuto e relatórios de investimento do fundo, conversar com o gestor e traçar um histórico da rentabilidade passada, em especial nos momentos de crise. A excelência de um gestor aparece exatamente em sua capacidade de desviar-se da turbulência”, afirma.

Para Gradilone, entender o jargão requer paciência, estudo e disposição para aprender algo novo freqüentemente, pois o mercado financeiro é muito dinâmico na criação de novos produtos. “O investidor que se sente confortável fazendo isso pode se arriscar em aplicações mais sofisticadas. Quem não se sente bem lidando com investimentos ou com os profissionais que trabalham com eles deve preferir as aplicações mais simples e massificadas. O rendimento será menor, mas haverá menos probabilidade de ser surpreendido por um risco mal compreendido”, ensina.

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