Opção para o futuro
Milhares
de jovens
ingressaram
no mercado
financeiro nos últimos anos e
já representam
a maioria dos
investidores da
Bolsa de Valores
de São Paulo
Nos últimos anos, milhares de brasileiros
ingressaram no mundo dos
investimentos atraídos pelas boas
notícias da economia e pela facilidade
de acesso ao mercado financeiro. Para
esses marinheiros de primeira viagem – especialmente
os mais jovens – 2008 tem sido uma espécie
de batismo de fogo, desde que a crise internacional
se agravou, abalando a economia no mundo inteiro. “Como a maioria dos investidores brasileiros
entrou no mercado de cinco anos para cá, a crise é novidade para todos e até os mais velhos podem
ser superados pela emoção, já que nunca passaram
por isso”, afirma Vera Rita de Mello Ferreira, doutora
em psicologia econômica pela PUC-SP, que
escreve para o jornal Valor Econômico.
A grande pergunta que os jovens investidores
se fazem neste momento é: como sobreviver em
meio à turbulência? Para os especialistas, a melhor
saída para a crise é a educação financeira. É
necessário preservar a cultura de investimento e
o pensamento no longo prazo. Embora os jovens
de hoje estejam muito mais conscientes e preparados
para o mercado financeiro, ainda há muita desinformação e erros que podem ser evitados. É
certo que o oba-oba criado em torno do mercado
de capitais nos últimos anos e os manuais de “auto-ajuda” – que indicam como e onde investir – se espalham por aí e nada ajudam na educação
financeira do brasileiro. Ao contrário, ao passar
uma visão simplista e imediatista, esses manuais
e a própria imprensa ensinaram os jovens a olhar
principalmente o mercado de capitais como uma
fonte de dinheiro fácil e rápido.
Só na última década, o número de pessoas físicas
que ingressaram na Bolsa de Valores de São Paulo
cresceu 30 vezes. Em 1998, havia 16,6 mil investidores
com ações na Bovespa. No final de julho
passado já eram mais de 530 mil. A maior parte
desse batalhão de brasileiros que decidiu investir
na bolsa é formada por jovens. Em 2004, 65% das
pessoas com ações na Bovespa tinham mais de 40
anos. Hoje, a proporção é exatamente inversa.
A euforia do mercado de capitais e a facilidade
de acessá-lo, até pela internet, fizeram com que
muitos desses novatos no mercado financeiro
nem sequer considerassem outra possibilidade
de investimento. Para os especialistas, antes de aplicar, o investidor deve conhecer suas limitações
e anseios. Com tantas alternativas, o jovem corre
dois riscos: perder dinheiro que não poderia ser
perdido num fundo arriscado demais ou deixar
de ganhar dinheiro por ser muito tímido na hora
de correr riscos.
Mercado financeiro não é cassino
O jornalista da revista Exame e economista
Cláudio Gradilone, editor do Blog do Investidor e
autor de vários livros sobre finanças pessoais, diz
que aplicar suas economias exige muito mais do
investidor. “O mercado financeiro não é um cassino
onde se aposta a sorte. Se quiser de fato saber o
que está fazendo, o cliente deve imprimir e ler cuidadosamente
os prospectos, estatuto e relatórios
de investimento do fundo, conversar com o gestor
e traçar um histórico da rentabilidade passada, em
especial nos momentos de crise. A excelência de
um gestor aparece exatamente em sua capacidade
de desviar-se da turbulência”, afirma.
Para Gradilone, entender o jargão requer paciência,
estudo e disposição para aprender algo
novo freqüentemente, pois o mercado financeiro é muito dinâmico na criação de novos produtos. “O investidor que se sente confortável fazendo isso
pode se arriscar em aplicações mais sofisticadas.
Quem não se sente bem lidando com investimentos
ou com os profissionais que trabalham
com eles deve preferir as aplicações mais simples
e massificadas. O rendimento será menor, mas
haverá menos probabilidade de ser surpreendido
por um risco mal compreendido”, ensina.
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