|nº 105| Agosto 2005

Nesta Edição » Investimentos - Vale do Rio Doce

Um Salto de Confiança

Principal ativo da PREVI, a Vale do Rio Doce conquistou, em julho, a melhor classificação de risco de uma empresa brasileira, o que garante a solidez do patrimônio dos participantes

No começo de julho, a boa notícia: a agência Moody's Investors Service, uma das mais conceituadas no mundo, elevou a classificação de risco da Vale do Rio Doce em moeda estrangeira de Ba1 para Baa3, a melhor conquistada por uma empresa brasileira e quatro níveis acima da nota dada ao Brasil.

Com isso é possível reduzir o custo de empréstimos internacionais e ampliar investimentos. A medida aponta também a solidez da empresa, o principal investimento da Previ e assegura a boa aplicação dos recursos dos participantes. Mas as boas notícias não param por aí.

No prazo de apenas quatro anos, a partir de 2001, a Vale consolidou sua liderança no mercado mundial de minério de ferro e ampliou quatro vezes seu valor de mercado, alcançando quase US$ 40 bilhões. Seu lucro, no ano passado, chegou a US$ 2,5 bilhões e o investimento previsto para este ano na expansão de suas operações é de US$ 3,3 bilhões. Com isso, tornou-se a maior empresa privada da América Latina, a maior exportadora brasileira e conseguiu triplicar sua capitalização de mercado em dólar. No início deste ano, foi anunciada a distribuição mínima de US$ 1 bilhão a título de remuneração aos acionistas.

Para a PREVI e seus participantes, o sucesso da Vale significa mais dividendos, segurança e sustentabilidade futura. Afinal, a companhia de mineração representa o ativo de maior peso em sua carteira de investimento. Hoje, a PREVI detém 24,48% do capital ordinário da Vale e 15,75% de seu capital total. A participação ocorre por meio de fundos exclusivos. A PREVI possui 80,62% das ações da Litel (“empresa veículo” de investimento na Valepar), que, por sua vez, é a empresa com maior participação na Valepar, holding que controla a Vale do Rio Doce.

Assim, com a expressiva expansão obtida pela companhia nos últimos anos, a Litel foi reavaliada em 2004 pelo valor de R$ 11,76 bilhões, o que representou valorização de R$ 3,4 bilhões no patrimônio da PREVI (veja boxe) . Entre dezembro de 2002 e dezembro de 2004, a rentabilidade da empresa foi de 51,29%, já incluso aí o recebimento de R$ 544 milhões de dividendos. Todo esse ganho é resultado de uma parceria que prevê poder de decisão compartilhado. A PREVI está presente em quatro dos cinco comitês estatutários da Vale – Financeiro, de Controladoria, de Desenvolvimento Executivo e Governança e de Ética. E só não participa do quinto (Estratégico) porque, pelas normas, os acionistas não indicam representantes para esse comitê. Também participa do recém-criado Comitê de Acompanhamento de Investimentos (não estatutário).

Sérgio Rosa, presidente da PREVI, é quem preside o Conselho de Administração da Vale. Neste foro, dentre os 12 integrantes, há outros três conselheiros indicados pela Litel/PREVI. Há, ainda, um funcionário da Gerência de Participações para acompanhar a Vale. A função é acompanhar o dia-a-dia da empresa, inclusive com participação nas reuniões com outros acionistas e executivos, e participar também das deliberações do Conselho de Administração.

Além dessa participação direta, a PREVI possui representantes nos conselhos de Administração da Litel e da Valepar, que definem os rumos da Vale. Toda decisão tomada pela Companhia precisa da aprovação da Litel, a única empresa com poder individual de veto. Por outro lado, a Litel não aprova sozinha as decisões da Vale, na medida em que os demais controladores - Bradespar, Bndespar e Mitsui - também exercem influência nas decisões relevantes que necessitam de 75% de votos favoráveis. Esse mecanismo deixa a Vale cada vez mais transparente para os seus acionistas no Brasil e no exterior. A Valepar foi criada por exigência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante o processo de privatização, para ser sua holding de controle. Trata-se de uma empresa fechada com ações divididas por cinco controladores. O maior deles é a PREVI, que, por meio da Litel, detém 46,81% do capital total – e 39,50% do capital ordinário da Valepar. A Litel inclui ainda, como acionistas, Petros, Funcef e Fundação Cesp.

Os outros controladores da Valepar são a Bradespar (com 17,4% de participação), o grupo japonês Mitsui (15%), a BNDESPar (9,5%) e a Eletron/Opportunity (0,02%). Esse bloco somado representa um total de 33,64% de participação no capital total da Vale. O restante das ações da Vale está dividido entre os investidores estrangeiros (39,65%), os investidores brasileiros (19,45%) e governo federal (6,05%), além das ações em tesouraria (1,21%).

Estima-se que, até o momento, cerca de 730 mil trabalhadores brasileiros tenham comprado ações da Vale com o saldo do FGTS. Somando toda a carteira, existem aproximadamente 2,5 milhões de participantes e dependentes de fundos de pensão brasileiros como acionistas da companhia. E todos esses investidores têm ótimas perspectivas de valorização.

Momento-chave

O sucesso teve um momento-chave: março de 2001. Até essa época, a empresa possuía participação na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a qual detinha ações da Valepar. Foi então que ocorreu a eliminação das participações cruzadas e a Vale passou a focar seus negócios em mineração, na área de ferrosos e não-ferrosos, e em logística, controlando o escoamento de sua produção, das minas até o porto, pela malha ferroviária própria. A companhia garantiu energia para consumo próprio e se tornou a maior operadora de logística do Brasil.

Como resultado da estratégia, a Vale incorporou a mina de ferro Ferteco, em Minas Gerais, e expandiu a mina de Carajás, no Pará. Neste estado, foi inaugurada a mina de cobre de Sossego, no município de Canaã dos Carajás, local onde está sendo implantado o primeiro projeto da Vale em níquel, no valor de US$ 1,2 bilhão. Fora do país, a Companhia decidiu entrar na exploração de carvão e -obteve a concessão da mina de Moatize, em Moçambique.

Reavaliação da Vale teve caráter conservador

Por deter ações da Litel, que não são negociadas em Bolsa, a PREVI precisa fazer uma reavaliação econômica para que o valor contabilizado reflita da maneira mais correta possível sua participação na Vale. Foi decidido, então, que essa atualização de ativos sem cotação seja feita periodicamente pelo método de Avaliação Econômica previsto legalmente.

Assim, a Litel foi reavaliada pelo Unibanco em 2004 pelo valor de R$ 11,76 bilhões, acréscimo de R$ 3,4 bilhões em relação ao que estava contabilizado.

Com a reavaliação, o valor da ação da CVRD passou a ser R$ 64,06, enquanto no mercado já estava em R$ 67,73. Outros dois bancos conceituados – Banif Primus e ABN Amro – avaliavam o papel por R$ 76,91 e R$ 72,16, respectivamente. Em julho de 2005 o valor de mercado já estava em R$ 74,38.

O resultado todos conhecem: a Vale disputa hoje com a africana Anglo American a terceira posição no ranking das maiores mineradoras do mundo, atrás apenas das australianas Rio Tinto e BHP Billiton. Nos últimos quatro anos, a mineradora representou nada menos do que 18,4% do saldo acumulado da balança comercial brasileira, com US$ 13,7 bilhões entre exportações e importações. Opera em 15 países e suas ações são negociadas nas bolsas de São Paulo, Madri e Nova York. Quase 100 mil pessoas estão empregadas no Brasil em razão dos negócios gerados pela Companhia.

Dados desse porte comprovam a importância da participação da PREVI no controle e, conseqüentemente, nos resultados da Vale. Para o participante, a questão principal deve ser a garantia de sustentabilidade do investimento a longo prazo. A Vale é uma empresa percebida no mercado como de baixo risco, tem evoluído bastante e paga bons dividendos, o que valoriza o ativo. Para o presidente Sérgio Rosa, a posição da Vale no mercado demonstra a boa condução da Companhia. “E nisso a PREVI tem papel relevante, pois estamos presentes no Conselho, no qual são definidas as questões estratégicas. O investimento na Vale contribui para a transparência, qualidade e crescimento das empresas brasileiras”, conclui.
  » Vale recebe classificação de risco inédita no Brasil
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