|nº 129| Jan/Fev 08

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PREVI define diretrizes para investimentos em 2008. Em pauta, maior liquidez no Plano 1 e ampliação das aplicações de renda variável no PREVI Futuro

Todos os anos, a Política de Investimentos da PREVI, amplamente divulgada para todos os associados, contempla previsões de cenários econômicos e determina metas para o Plano 1, o PREVI Futuro e a Capec. Em resumo, trata-se de um conjunto de diretrizes que obedecem às características específicas de cada Plano.

A Política de Investimentos é definida ano a ano. São analisados cenários econômicos no Brasil e no mundo, com horizontes de, no mínimo, cinco anos. A elaboração da Política é segregada de sua aplicação na prática. A Diretoria de Planejamento apresenta as diretrizes para a Diretoria Executiva e para o Conselho Deliberativo. Depois de aprovadas, elas são executadas pela Diretoria de Investimentos e de Seguridade.

“Nossa preocupação é fazer análises criteriosas e acompanhamento dos cenários econômicos e do cumprimento da política de investimentos traçada para que a PREVI mantenha sempre o retorno necessário para garantir os benefícios dos associados. E, como ocorre agora, até mesmo buscar melhorar esses benefícios. Sempre de maneira segura e tecnicamente correta”, afirma Cecília Garcez, diretora de Planejamento da PREVI.

Em 2008, para o Plano 1, que é superavitário, não existem grandes alterações em relação ao ano passado (veja resumo na tabela abaixo). Foram mantidas estratégias que privilegiam a liquidez e consolidam instrumentos de planejamento. Entre eles, os de projeção de cenários macroeconômicos e criação de exercícios simulados de fluxo de caixa e análise de riscos. Dessas simulações, resultam indicadores de liquidez, com os quais é possível estabelecer e acompanhar as metas para cada Plano.

O Plano 1, por exemplo, tem grande aplicação em renda variável, situação eventualmente exposta às oscilações características do mercado acionário. Pelos instrumentos que opera, a PREVI pode realizar leituras fidedignas dos movimentos e indicadores econômicos, garantindo situação de liquidez que assegure os compromissos.

Para ter idéia dos cuidados observados, e do quadro das simulações, na elaboração da Política de Investimentos de 2008 considerou-se o chamado “cenário de estresse”: foram efetuadas simulações tendo como base a maior queda do índice no mercado de ações do Brasil ocorrida no período de 12 meses entre os anos de 1980 e 2007. Tais simulações têm por objetivo avaliar as condições de solvência do plano (estoque de ativos versus compromissos assumidos) bem como de liquidez (capacidade de honrar as obrigações mensais) em condições adversas de mercado. Os resultados mostraram que, mesmo nesse contexto, seria possível, para a PREVI, dispor de recursos suficientes para honrar o pagamento de benefícios, sem ter de vender nenhuma ação. Isto acontece graças à criação do “colchão de liquidez”, instrumento pelo qual são reservados ativos de alta liquidez, em geral, títulos públicos com vencimento e/ou recebimento de cupons de curto prazo.

Alocação de Recursos do Plano 1 em 2008 (em %)

(*) Títulos de renda fixa classificados por agência de risco como “baixo risco de crédito”, basicamente títulos públicos federais e títulos privados emitidos ou garantidos por bancos de primeira linha.
(**) Títulos de renda fixa classificados por agência de risco como “médio risco de crédito”.

Mudanças no PREVI Futuro

As maiores alterações se referem ao PREVI Futuro. A principal delas é a possibilidade de aplicar, neste ano, não apenas 10% (como foi em 2007), mas até 30% do total de investimentos em renda variável. No PREVI Futuro, a rentabilidade se constitui num dos pilares da formação da poupança individual, a qual definirá o benefício a ser recebido na aposentadoria. Como o retorno das aplicações de renda fixa vem caindo nos últimos anos, a projeção de benefícios adequados, no futuro, passa por ampliar os investimentos em ativos de maior rentabilidade, no total das carteiras.

É bom destacar que os 30% destinados para a renda variável são resultantes de análise de risco e retorno, estudos de otimização de carteiras, além de atender a uma demanda dos associados conforme pesquisa realizada com os participantes, há dois anos, onde 80% se mostravam dispostos a investir em renda variável. No cenário econômico atual, em que se prevê maior redução das taxas de juros e estabilização dos resultados das empresas, a opção por essa relação de investimento mostrou-se a mais adequada. É bom lembrar, entretanto, que se tratam de políticas reavaliadas anualmente.

Pela primeira vez, a Política de Investimentos do PREVI Futuro estabelece como horizonte possível a concessão do financiamento imobiliário para os participantes, embora tal iniciativa ainda dependa de avaliação em trâmites internos. Hoje, com a ampliação do patrimônio do PREVI Futuro, a carteira de Empréstimos Simples não atinge, como ocorria no passado recente, o limite máximo de 15% de aplicação das reservas do Plano em operações com participantes.

Nos estudos para a Política de Investimentos deste ano, também foi sugerida a criação de perfis de investimentos para os associados do PREVI Futuro. Dependendo da disposição para risco de cada participante, seria possível optar por um perfil mais agressivo, buscando maior rentabilidade através da aplicação em renda variável, ou mais conservador na aplicação dos recursos de sua reserva pessoal.

Caso a medida seja implementada, será possível optar, por exemplo, entre um portfólio mais conservador, com investimentos de até 10% em renda variável, ou então aumentar a exposição ao risco e criar possibilidades de maior retorno, em uma carteira de investimentos na qual até 50% das reservas estejam em renda variável, e o restante em renda fixa. A implementação da medida ainda está sendo avaliada pela direção da PREVI.

Alocação dos Recursos do PREVI Futuro em 2008 (em %)

(*) Títulos de renda fixa classificados por agência de risco como “baixo risco de crédito”, basicamente títulos públicos federais e títulos privados emitidos ou garantidos por bancos de primeira linha.

Dúvidas dos participantes

A PREVI recebe cartas com dúvidas sobre a Política de Investimentos e responde diretamente aos associados. Veja algumas das questões mais recorrentes dos associados do Plano 1 e do PREVI Futuro no ano de 2007

Plano 1

Mega-investimentos, como a participação da PREVI na Vale do Rio Doce, geram mega-superávits ou mega-déficits. Que estratégia a PREVI usa para se proteger de eventual crise que possa desvalorizar fortemente as ações em questão?
Nilson Antonio dos Santos
Formiga (MG)

Resposta da PREVI – Nos últimos anos, a PREVI desenvolveu ferramentas que permitem mensurar e monitorar os riscos financeiros de seus ativos, o que possibilita definir estratégias de gestão de recursos em caso de movimentos adversos no mercado financeiro. Dentre essas ferramentas, destaca-se o ALM (Gestão de Ativos e Passivos), que busca estimar os valores dos ativos no futuro e funciona como um instrumento de otimização. O ALM baliza a elaboração da Política de Investimentos, que propõe aquisições e alienações de ativos em períodos específicos, de forma a evitar o descasamento entre pagamentos e recebimentos. Para isso, o ALM baseia-se em cenários macroeconômicos prováveis e também em condições extremas de mercado (estresse) para permitir uma visão ampla das condições financeiras do plano em diversas situações.
A PREVI também constitui colchões de liquidez, que poderão ser utilizados em períodos de estresse nos mercados financeiros. Esses colchões são formados basicamente por títulos públicos de alta liquidez, cujo montante é mais que suficiente para honrar os compromissos atuariais num determinado período de tempo, sem que haja a necessidade de desfazimento de ativos de renda variável a preço vil.
Outro instrumento desenvolvido pela PREVI para minimização de riscos financeiros é o Risco Corporativo, que mensura a exposição ao risco de um determinado ativo (empresa ou empreendimento imobiliário) em função de variáveis que possam afetar o seu valor econômico. Como resultado, são obtidos valores máximos e mínimos para o ativo, dentro da distribuição normal de probabilidade.
Por fim, diversas empresas nas quais a PREVI detém participação são contabilizadas pelo seu valor econômico, ou seja, o valor presente dos resultados futuros da companhia. Este procedimento de gestão contábil, devidamente amparado pelas normas do Conselho de Gestão da Previdência Complementar, reflete a sustentabilidade das atividades da empresa no longo prazo, aspecto importante para um investidor institucional como a PREVI. Dessa forma, são minimizadas as volatilidades dos preços das ações, características no mercado acionário.

PREVI FUTURO

Atualmente, o Brasil passa por um período de substancial queda na taxa de juros e de aumento da estabilidade em seu cenário econômico. Tendo isto em mente, concluímos que os investimentos em Renda Fixa tendem a cair muito, e a renda variável será alternativa para investimentos, a exemplo do que ocorre em países desenvolvidos. Assim, gostaria de criticar veementemente o fato de que no Plano PREVI Futuro esteja previsto o investimento de apenas 10% em renda variável, e não um percentual maior. Sugiro algo em torno de 25%, a exemplo dos fundos Multimercado existentes no Banco do Brasil. Critico mais ainda o fato de que a consulta feita aos associados sobre a possibilidade de investir-se 10% em renda variável deu-se há mais de 2 anos e, até o presente momento, ao que parece, não foi investido 1 centavo sequer. Gostaria que tal assunto fosse tratado com celeridade, e que de fato seja implementado tal investimento a fim de que tenhamos uma melhor aposentadoria em nosso futuro.
Márcio Parra
São José dos Campos (SP)

Resposta da PREVI – Até outubro de 2006, os recursos do Plano PREVI Futuro estavam aplicados somente em ativos de renda fixa (ou em operações com os participantes) por apresentarem, naquele momento, a melhor relação retorno/risco. Comprovando o acerto da decisão, o retorno do Ibovespa, acumulado no período de janeiro de 1997 (ano de criação do Plano PREVI Futuro) a dezembro de 2006, foi de 531,73%, inferior à rentabilidade acumulada da taxa mensal Selic no mesmo período (550,41%), ressaltando-se ainda que os investimentos em Renda Variável apresentaram um risco associado bastante superior aos de Renda Fixa.
Há de se lembrar que a gestão de recursos de planos de previdência, em especial os de contribuição definida, deve se preocupar primordialmente com o crescimento real das reservas dos participantes. Considerando as dificuldades de previsão de resgates pelos participantes (eles é que definem o momento de saída do plano), a aplicação dos recursos em renda fixa proporciona a segurança no crescimento real do valor das reservas e conseqüentemente dos seus benefícios.
Entretanto, baseada no cenário de crescimento econômico sustentado, que proporcionaria redução das taxas de juros e melhoria do ambiente econômico para as empresas (e conseqüentemente para os preços de suas ações), a Política de Investimentos 2006–2012 propôs redirecionar parte dos recursos do plano para ativos de renda variável. Estabeleceu-se inicialmente o limite de 10% em função das seguintes questões:
Os estudos de otimização de carteiras, baseados em dados históricos de rentabilidade do plano, mostraram que a alocação de 10% em renda variável manteria o mesmo nível de risco histórico do portfólio.
A pesquisa realizada junto aos participantes do plano mostrou uma preferência (68%) por fundos contendo até 20% em renda variável. Entretanto, uma boa parcela da amostra (26%) ainda optaria por fundos que apliquem somente em ativos de renda fixa.
Acompanhando tendência internacional na gestão dos investimentos em planos CD, a PREVI vem realizando estudos para implantação de mecanismo de opção individual de aplicação, que permitiria ao participante optar pelo melhor perfil de investimento, de acordo com seu grau de aversão ao risco.
Assim, quando da implantação desse mecanismo, o participante terá a opção de alocar uma parte maior de sua reserva individual em renda variável, além dos 10% limitados atualmente, observados os limites e critérios definidos nos normativos internos (Política de Investimentos) e externos (Resolução CMN 3121/2003).
Informamos que até dezembro de 2006 já haviam sido aplicados 7,38% dos recursos totais do plano em ativos de renda variável. Tais investimentos vêm atingindo a meta de rentabilidade definida na Política de Investimentos, que é acompanhar o desempenho do IBrX-50.