|nº 140| Mai 09

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O que você quer para o futuro?

A jornalista especializada em economia mara Luquet fala da importância do planejamento no longo prazo e dos cuidados com investimentos e aposentadoria

Mara Luquet participa de programas de rádio e é sócia em uma editora com publicações voltadas para desvendar os “segredos” da economia. Nesta entrevista exclusiva para a Revista PREVI, fala da importância do planejamento de longo prazo e de definir um objetivo e programar a própria aposentadoria o quanto antes. Sobre a escolha de um perfil de investimento, diz que é “fundamental definir e respeitar seu perfil... seu limite para riscos, mas também os compromissos presentes e futuros”.

Revista PREVI – Como acreditar num sonho para daqui a 30 anos, num ambiente econômico instável?

Mara Luquet – Hoje é mais fácil. Apesar da crise, vive-se num país em que há uma moeda estável, permitindo pensar no longo prazo. Recebi um e-mail de uma ouvinte que gosta de investimentos, mas prefere que eu fale de outros temas, não de aposentadoria, porque é muito nova. Mas esse é o grande desafio, pensar na aposentadoria quando se é novo exige menos esforço, a maior parte do trabalho o tempo faz. Isso é uma coisa cultural, como o brasileiro não teve educação financeira, não foi acostumado a pensar nisso. Se o jovem começar a pensar agora terá um esforço muito menor e vai se aposentar com muito mais grana.

No Brasil há outro problema sério que é cultuar a juventude, parece que o cara vai viver só até os 28 anos, e não é. O aumento da expectativa de vida faz com que se tenha de pensar na aposentadoria. Mas estou também convencida de que o nome não é esse: aposentadoria. Teremos de inventar outro. Aposentadoria acabou... A gente não vai poder parar de trabalhar, e isso é uma revolução. No Brasil, essa discussão não chegou. É uma revolução porque muda toda a forma de pensar. Quem quer se aposentar para parar de trabalhar e ficar com os netos vai se cansar, porque os netos vão crescer, vão envelhecer e ele ainda estará lá com os bisnetos.

Revista – A PREVI vai lançar num de seus planos a possibilidade de o associado escolher um perfil de aplicação. Essa opção é interessante?

Mara – É muito interessante. É fundamental você respeitar seu perfil de investidor para não fazer bobagem no meio do caminho. Para não ter um prejuízo desnecessário. É preciso definir e respeitar sua tolerância a risco. O que acontece? Quando o mercado está em alta, todo mundo é agressivo. Quando está em baixa, todo mundo é conservador. Não se para para pensar no perfil. As pessoas perdem dinheiro principalmente por ganância ou por medo. Perfil é definir o seu limite para riscos, mas também os seus compromissos presentes e futuros, o quanto pode dispor. Por que às vezes você é uma pessoa arrojada, mas tem três filhos, não possui casa própria, ajuda o pai, tem um monte de coisas para pagar. Daí não pode arriscar muito.

Revista – Hoje, qual seria a escolha de Mara Luquet?

Mara – Tendo a ser uma pessoa com perfil mais arrojado, mas como tenho algumas obrigações acho que meu perfil é moderado. Sou muito otimista, e os otimistas dificilmente pensam que alguma coisa vai dar errado. Mas gosto mais do equilíbrio, que é a solução para a maioria das coisas.

Revista – Que tipo de informação o participante deve procurar antes de escolher o seu perfil?

Mara – Deve ver quanto tempo falta para se aposentar. Por mais que a pessoa seja arrojada, é necessário ser mais conservadora se estiver à véspera da aposentadoria, porque vai logo usar o dinheiro. Se está no início da contribuição, mesmo sendo conservadora, é de bom tom que tenha um pouquinho de ações, porque, num período de trinta anos, é de se imaginar que terão uma performance melhor.

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