|nº 144| Set 09

EDITORIAL
Cenários e expectativas

A atenção que o Brasil tem merecido da imprensa, de analistas e investidores estrangeiros nunca foi tão grande. Não porque ganhamos um campeonato mundial de futebol, vôlei ou Fórmula 1; pela beleza de nossas modelos; pela devastação da Amazônia ou qualquer outro fato isolado. O motivo de tamanha atenção está relacionado às perspectivas da economia brasileira, que desponta como uma das mais promissoras em termos mundiais.

Em um resumo bem curtinho, o Brasil vem sendo bem avaliado pelos seguintes atributos: estabilidade econômica com perspectivas de crescimento sustentável; estabilidade política, com democracia consolidada (ainda mais se comparado com os outros países emergentes); aumento da renda e do mercado de consumo interno; boas regras de governança entre as empresas; mercado de capitais maduro; empresas de padrão mundial; postura de liderança internacional voltada para a paz e combate à pobreza.

Não são atributos que muitos países possam exibir ao mesmo tempo nos dias de hoje. Apesar disso, internamente esta onda positiva que domina o noticiário internacional sobre o Brasil ainda provoca diferentes reações. Para alguns, nossas mazelas ainda são tão grandes e profundas que nada disso faz muita diferença, e os elogios e as conquistas no cenário internacional são vistos como brilho fugaz e de pouca importância.

Sem desmerecer a enorme agenda que temos pela frente – no sentido de combater a pobreza e a violência, elevar o padrão da nossa política, construir nossa infraestrutura, melhorar a regulação de muitos segmentos da economia, reduzir juros e impostos, entre tantas outras coisas –, não dá para diminuir o significado do atual momento do Brasil. E talvez mereça destaque, ainda, que muitas de nossas conquistas foram obtidas com soluções e políticas originais, superando a necessidade de copiar o que era feito lá fora ou seguir à risca manuais e recomendações de órgãos como o famigerado FMI.

Como dizem alguns, devemos evitar o “complexo de vira-lata” que nos faz sentir inferiores, tanto quanto o ufanismo de qualquer tipo. O fato é que este cenário tem sido muito positivo para a PREVI, que vem recuperando mais rapidamente que o previsto as perdas da crise em 2008. O cenário ainda é de incerteza, mas bem diferente de quatro ou cinco meses atrás.

Falando em cenário, ainda estamos a cerca de três meses do final do ano, mas alguns assuntos já começam a ocupar maior atenção nas nossas cabeças. Muitas dúvidas e expectativas serão respondidas no devido tempo, até porque medidas concretas só poderão ser tomadas dentro dos prazos e dos ritos legais, mas é bom que todos saibam que esses temas não estão esquecidos, ao contrário, muito trabalho em termos de estudo e preparação é feito antes que as coisas possam se tornar realidade. Qual será o superávit do Plano 1? O que poderá ser feito em termos de destinação? Como e em que condições será aplicada a Resolução 26 ou teremos que aguardar novas decisões judiciais? Qual o impacto da nova taxa de juros e tábua de mortalidade? Sabemos que há perguntas e expectativas represadas, mas, se não podemos responder a tudo agora, não pensem, por isso, que os assuntos estão esquecidos.

Um abraço, Sérgio Rosa