|nº 147| Jan/Fev 10

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2009, ano de recuperação

Sérgio Rosa relata como a saída da crise está sendo mais rápida para o País e para a PREVI , que teve no último período resultado bem superior a sua meta atuarial

Se o balanço de 2008 deixava um travo amargo na língua, por conta de uma crise mais grave do que os analistas poderiam prever, os resultados dos últimos doze meses são exatamente o contrário. A saída da crise está sendo muito mais rápida que as previsões; e a PREVI, embora não tenha os números oficiais fechados, projeta rentabilidade de 28% para o Plano 1 e de 27% para o PREVI Futuro, bem acima da meta atuarial de 10,28%. Esse fato abre a perspectiva de novas discussões sobre o uso do superávit, mas, mais importante, demonstra a solidez para honrar compromissos com os associados. “Na minha opinião, todos deveríamos ficar muito conscientes dessa importância. Se pudermos ter ganhos adicionais, isso é ótimo, mas a base de tudo tem de ser a segurança”, afirma o presidente da PREVI, Sérgio Rosa. Veja os principais trechos da entrevista concedida à Revista PREVI.

Revista PREVI – Segundo resenhas e analistas, o ano de 2009 foi bem melhor que o esperado, invertendo as expectativas negativas após a crise de 2008. Como foi esse ano para a PREVI?

Sérgio Rosa – O ano de 2009 foi realmente melhor que o esperado. No final de 2008 e começo de 2009 o cenário era muito nebuloso e acho que ninguém apontava para o que realmente aconteceu. A economia mundial tornou-se extremamente complexa e, embora interligada em muitos aspectos, alguns países e regiões apresentam dinâmicas bastante distintas. A capacidade de fazer previsões tornou-se um tanto limitada, até porque os mercados não respondem da maneira como os analistas projetam. Assim como a crise pegou quase todo mundo de surpresa, a recuperação pós-crise também está fugindo um pouco do ritmo previsto pela média dos analistas. Mas em meio a tudo isso, acho que a melhor notícia é que o Brasil deu um salto na percepção do mundo. A resposta brasileira à crise, a sustentação do consumo, a estabilidade do sistema bancário, a solidez dos dados macroeconômicos e a perspectiva de crescimento forte do PIB já para 2010 colocou o Brasil em um novo lugar na visão da comunidade financeira internacional.

Revista – Se a economia brasileira sofreu menos e recuperou-se mais rapidamente, então isso foi bom para a PREVI?

Sérgio – O que aconteceu na economia brasileira foi surpreendente. A Bolsa valorizou quase 80% no ano, mostrando retomada de produção das empresas e crença dos investidores (especialmente estrangeiros) no futuro dessas empresas. Os imóveis se valorizaram, fruto da retomada do crescimento, da redução da taxa de juros e dos programas de financiamento que estão facilitando a aquisição. O consumo das famílias manteve-se em crescimento, aumentando as receitas de shoppings, por exemplo. Tudo isso teve um efeito positivo para os investimentos da PREVI.

Revista – A Bolsa tem importância muito grande para a PREVI, pois é onde se busca rentabilidade acima da taxa de juros. O ano de 2008 mostrou que a Bolsa pode ser muito sensível a crises. Como entender os prós e contras da Bolsa para a PREVI? Continua sendo uma estratégia adequada?

Sérgio – A PREVI tem experiência bem sucedida de investimentos na Bolsa, ou seja, em empresas. É claro que existem riscos maiores e variações intensas em alguns momentos. Mas pensando no longo prazo, achamos que faz todo sentido manter investimento em ações, tanto para o Plano 1 quanto para o PREVI Futuro. A rentabilidade dos dois Planos mostra que há prêmios importantes a conquistar. Essa é uma opção que procuramos explicar o tempo todo e de alguma maneira sentimos que os participantes nos apoiam nessa decisão. Há muitos fundos em que os investimentos estão concentrados na renda fixa. Assim, a rentabilidade fica sempre próxima da taxa básica de juros. Os gestores desses fundos podem comemorar quando conquistam 1 ou 2 pontos percentuais acima das taxas básicas, e sempre mostram a estabilidade como um trunfo. Mas nós achamos que isso é pouco para uma estratégia de investimento de trinta anos.

Revista – Falando nos resultados de 2009, que sinais podem ser dados sobre o desempenho da PREVI? Sabemos que os números finais dependem de auditorias e aprovações, mas, em termos gerais, o que pode ser dito sobre 2009?

Sérgio – O ano de 2009 foi bom para o Plano 1 e para o PREVI Futuro, e a rentabilidade dos dois Planos deve ficar em torno de 28% e 27%, respectivamente, o que é bem acima da nossa meta atuarial, que foi de 10,28%. Muitas vezes nos perguntam se já recuperamos as perdas sofridas em 2008, e a resposta que podemos dar é positiva. Vamos fazer uma simulação bem simples, só para ilustrar. Se no final de 2007 tínhamos o equivalente a 100 e a rentabilidade do Plano 1 em 2008 foi 11,49% negativa, significa que chegamos ao final de 2008 com 88,51. Se começamos 2009 com 88,51 e tivemos rentabilidade próxima de 28% significa que estamos com 113,29. É claro que isso mostra rentabilidade média baixa na combinação dos dois anos, mas representa efetivamente uma recuperação. Peço apenas para tomarem cuidado com esses exercícios numéricos, pois além da variação das aplicações temos as despesas com benefícios, que não estão refletidas aqui.

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