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Bolsa perto da inflação

Crise na Europa leva investidores estrangeiros a retirar recursos dos países emergentes, o que faz o rendimento da Bolsa ficar perto da inflação no primeiro trimestre. Destaque positivo é a valorização das ações da Vale

A situação de endividamento de alguns países na Europa, principalmente Portugal, Grécia e Espanha, teve reflexo na Bovespa. O déficit fiscal desses países levou investidores globais a retirarem recursos de países emergentes, inclusive do Brasil, à procura de mercados com moeda tradicionalmente mais forte. Esses investidores temiam que a ajuda do Banco Central Europeu (BCE) não fosse suficiente para que os países honrassem seus compromissos.

Essa retirada de recursos impediu valorização maior da Bolsa no primeiro trimestre. O Ibovespa fechou próximo à inflação, o que não correspondeu às expectativas, uma vez que investidores sempre esperam um prêmio pelo risco de aplicar em ações. Por outro lado, mesmo em meio à crise instalada, as ações da Vale alcançaram valorização de 17,46% no período, em decorrência dos contratos de venda de minério, fechados acima das expectativas, em termos de preço e de demanda.

Esse cenário interferiu de maneiras distintas na rentabilidade dos Planos da PREVI. O PREVI Futuro acumulou 3,62% no trimestre, enquanto o Plano 1 ficou em 1,84%. Os números mostram que o impacto da crise foi menor no PREVI Futuro. A explicação é que cerca de 22% dos investimentos em ações do Plano correspondem a papéis da Vale, cujo desempenho atípico puxou para cima a rentabilidade. Com o Plano 1, no entanto, a valorização da mineradora não teve a mesma repercussão. A razão é que a participação do Plano na mineradora é feita por meio da Litel Participações, sociedade de propósito específico que não possui ações negociadas no mercado. Nesse caso, o valor da participação se mantém fixo durante o ano e, em dezembro, é reavaliado pelo critério de valor econômico. Nas próximas páginas, você encontra um retrato mais abrangente do desempenho dos Planos no primeiro trimestre.

Novas normas contábeis

Os procedimentos contábeis da PREVI mudaram. A novidade abrange todas as entidades de previdência complementar (EFPC) e segue o disposto na Resolução 28 do Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC). Alinhados às normas internacionais, agora os registros e procedimentos contábeis facilitam a comparação entre entidades de previdência do Brasil e do mundo. Os números do primeiro trimestre estão divulgados nas próximas páginas de acordo com essas novas regras. A partir do segundo trimestre, a Revista voltará a apresentá-los de forma comparativa, com números dos dois últimos trimestres.

Uma das inovações é a Demonstração do Ativo Líquido, onde está registrado o total dos recursos destinados ao pagamento dos benefícios, já deduzidas as demais obrigações com terceiros. O Ativo Líquido deverá ser sempre igual ao Patrimônio Social, que é composto pelos compromissos atuariais, os Fundos Previdenciais e de Investimentos e o Superávit ou Déficit. O Patrimônio Social equivale ao Patrimônio Líquido das Sociedades Anônimas.

Outra mudança refere-se à contabilização dos investimentos. Deixam de ser divididos em quatro grandes grupos (Renda Variável, Renda Fixa, Investimentos Imobiliários e Empréstimos/Financiamentos) e passam a ser separados de forma mais específica, pelo tipo de ativo e por entidade emissora.

Estão subdivididos em Títulos Públicos (títulos federais); Créditos Privados e Depósitos (emitidos por empresas abertas, instituições financeiras, pela patrocinadora e por órgãos internacionais); Ações (papéis de empresas abertas, instituições financeiras, sociedades de propósito específico e da patrocinadora) e Fundos de Investimento (quotas de fundos de ações, de renda fixa, imobiliário, de direitos creditórios, de private equity e de venture capital). As demais classificações já existiam: Investimentos Imobiliários (imóveis para locação), Empréstimos e Financiamentos Imobiliários (concedidos aos participantes).

Também há mudança na forma de demonstrar o Fundo Administrativo, cujo saldo passa a ser segregado por plano de benefícios. Constituído, principalmente, a partir das contribuições mensais dos participantes, o Fundo Administrativo é destinado à manutenção da estrutura administrativa da PREVI. É consenso, dentre acadêmicos da área, que as novas normas contribuem para que a contabilidade se volte menos para questões eminentemente tributárias e passe a se debruçar mais sobre a qualidade da informação.