Investimentos

Cenários Econômicos

03/11/2017

Novembro de 2017

O boletim macroeconômico é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.

 

Inflação (Dados coletados até 01/11/2017)

IPCA acumulado no ano (1,78%) é o menor valor para o mês de setembro desde 1998. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou 0,16% em setembro. Alimentos e bebidas apresentam deflação de 0,41% no ano o item acumula -3,41%. Artigos de residência voltou a registrar deflação -0,12% motivado pela entrada da bandeira amarela a partir de 1º de setembro.  

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Fonte: IBGE e Banco Central, elaborado pela PREVI

 

Política Monetária (Dados coletados até  01/11/2017)

Ciclo de queda de juros está chegando ao fim. O Copom anunciou a redução da taxa básica de juros da economia de 8,25%a.a. para 7,5%a.a. A queda de 0,75pp (nona seguida) veio em linha com as nossas projeções e confirma que o ciclo de queda está próximo do fim. A diminuição do ritmo de queda (de 1,00pp para 0,75pp) foi sinalizado pelo Banco Central em ata publicada no mês passado quando sugeriu “uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária no ritmo de queda”. O termo novamente se repetiu no último comunicado, sinalizando que movimento de queda deve se repetir na última reunião do ano programada para dezembro, caso se confirme seu cenário básico. 

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Brasil - Atividade (dados coletados até 31/10/2017)

O ambiente internacional tem sido favorável para os países emergentes e, em particular, contribuindo para a recuperação da economia interna.  As principais economias globais têm se fortalecido. Em virtude deste quadro positivo, o comércio mundial acelerou e a expansão das importações, tanto de países desenvolvidos quanto de emergentes, inclusive da américa latina, tem contribuído para as exportações brasileiras. Além disso, a valorização dos preços das commodities tem favorecido as relações de troca. Ademais, os países desenvolvidos estão crescendo sem gerar pressões inflacionárias significativas, seguindo com baixas taxas de juros e mantendo a liquidez internacional. Estes fatores beneficiam a economia doméstica por meio da manutenção do dólar mais fraco e da menor aversão ao risco. Espera-se que a ampla liquidez internacional permaneça por um tempo representando uma “janela de oportunidades” para o Brasil.

Já no ambiente doméstico, ainda há uma elevada incerteza quanto ao ambiente político e quanto ao andamento das reformas. O quadro fiscal e a tendência insustentável da dívida pública é uma ameaça para a recuperação econômica. A indefinição quanto às eleições de 2018 também causam uma postergação das decisões dos agentes, dado que, o descompromisso com os ajustes fiscais poderia elevar a percepção de risco-país e desalinhar a economia novamente. Enquanto houver esta configuração de indefinição  e incerteza, a economia apresentará uma recuperação lenta. 

De qualquer maneira, os indicadores de confiança apresentam uma tendência crescente. A crise política, ocorrida em maio deste ano, afetou no curto prazo os indicadores mas logo assumiram, novamente, a inclinação positiva. Os indicadores de confiança são constituídos por dois componentes: expectativa e situação atual. Até o primeiro trimestre deste ano, a melhora era explicada apenas pelo componente das expectativas. Já há alguns meses  observa-se, também, avanços no elemento de situação atual, sugerindo um percurso mais virtuoso para a economia. O consumo das famílias configura o maior destaque, pelo lado da demanda, motivado pela melhora dos fundamentos. O aumento do poder de compra das famílias foi beneficiado por diversos canais. O ciclo de quedas da taxa de juros tem permitido a renegociação de dívidas liberando margem na renda dos próximos meses e reduzindo o endividamento. A inflação baixa, principalmente, o impacto da redução dos preços de alimentos na cesta das famílias de baixa renda, apoiam a ampliação do consumo.  Ademais, parte dos recursos liberados do FGTS foram destinados ao consumo e outra parte foi utilizada para pagamentos de dívidas, gerando, assim, um efeito positivo  secundário e mais duradouro sobre a demanda, uma vez que, o orçamento familiar torna-se menos pressionado. Conjugado a esses parâmetros benéficos à economia, o mercado de trabalho tem sido uma surpresa positiva. Apesar de ainda elevado, o desemprego tem apresentado desaceleração. 

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Fonte: IBGE, elaborado por DIPLA/ GEPOC

 

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Fonte: FGV, elaborado pela DIPLA/GEPOC

 

Taxa de câmbio (dados coletados até 31/10/2017)

O ambiente externo favorável tem prevalecido, com crescimento acima do previsto em economias centrais, como nos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão. Esse cenário internacional mais benigno e a manutenção de estímulos monetários, ou seja, taxas de juros abaixo dos níveis históricos, vêm direcionando recursos em busca de maiores retornos em países emergentes.

O comportamento do CDS (credit default swap), medida de risco diretamente correlacionada com a taxa de câmbio, tem sido favorável aos países emergentes. Após um período “nebuloso” pós eleições no EUA, este índice manteve a tendência de queda, com impacto positivo nas moedas locais.

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A taxa de câmbio (R$/U$) vêm flutuando no patamar entre R$3,10 e R$3,25, ao longo dos últimos meses. Depois de alcançar a taxa mínima no ano (R$ 3,05 em fevereiro), em período de relativa calmaria nos mercados e o avanço na agenda de reformas, houve mudança repentina com divulgação da delação da JBS, com a taxa alcançando R$ 3,37 em maio, a máxima do ano. Todavia, esse movimento de depreciação não se sustentou.

Fatores externos têm prevalecido no balanço de riscos: o Dólar mais enfraquecido, taxas de juros americanas ainda baixas por período prolongado e preços de commodities favoráveis têm efeitos positivos para a economia brasileira. Porém, a “janela de oportunidade” pode se fechar a qualquer momento, tendo em vista que além desses fatores a economia brasileira ainda carece de ajustes essenciais, principalmente para reequilibrar as contas públicas.

Em um cenário pessimista, o risco de uma reversão no comportamento do real pode ser afetado caso a reforma tributária do governo Trump seja aprovada, com estímulos fiscais acima do previsto. Caso isso ocorra, os impactos no crescimento, inflação e nos juros dos EUA podem influenciar negativamente a taxa de cambio doméstica. Influências também podem vir do sucessor a ser escolhido pelo presidente norte-americano para comandar o FED a partir do próximo ano. A nomeação de um presidente hawkish, que defende juros mais altos e uma política de austeridade mais forte,  pode afetar sensivelmente a taxa de câmbio no resto do mundo. No âmbito interno, o risco político e um retrocesso no ajuste das contas públicas podem provocar oscilações na taxa de câmbio, no médio e longo prazos.

 

Política Fiscal (dados coletados até 31/10/2017)

Os esforços promovidos para equilibrar as contas públicas têm esbarrado na crescente complexidade do desafio fiscal, tanto em função do declínio das receitas, quanto em razão do aumento das despesas. Em setembro de 2017, o déficit primário acumulado do ano atingiu R$ 108,5 bilhões, apresentando crescimento real de 4,2%, em relação ao mesmo período de 2016.

Em 2017, as despesas totais alcançaram R$ 927,6 bilhões, enquanto as receitas líquidas totais somaram R$ 819,1 bilhões. Merece destaque os gastos com previdência social, que registraram déficit de R$ 141,4 bilhões, com taxa de crescimento real de 21,4% na comparação com 2016.

O gráfico a seguir mostra a evolução das despesas totais e das receitas liquidas totais que, juntas, compõem o resultado primário. Observa-se que desde o final de 2014 as despesas têm sido recorrentemente superiores as receitas, em termos acumulados anuais.

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As dificuldades de adequação do resultado primário suscitaram elevação da meta do déficit fiscal deste ano e de 2018. Para 2017, a meta foi revista de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. Atualmente, a previdência é a principal rubrica das despesas, representando 43% dos gastos públicos. Segundo estimativa do Tesouro Nacional, o dispêndio previdenciário deve atingir R$ 560 bilhões, no final de 2017.

 

Estados Unidos (dados coletados até 31/10/2017)

A melhora na economia americana tem impactado positivamente o mercado de trabalho. A taxa de desemprego segue baixa e atingiu 4,2% em setembro, menor percentual desde fevereiro de 2001, apesar da queda pontual de 33 mil empregos. Segundo dados da folha de pagamento (non-farm payroll), a redução do número de empregos foi influenciada pelo clima adverso.  

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Fonte: MCM Consultores, elaborado pela DIPLA/GEPOC

 

Embora não se tenha informações precisas do impacto dos furacões nos dados de emprego, o número de indivíduos que não puderam trabalhar devido ao clima saltou de 31 mil, no mesmo período de 2016 para 1,5 milhão este ano. Além disso, 111 mil empregos foram perdidos no setor de lazer e turismo (nos estados da Flórida e do Texas devido às tempestades).

Apesar disso, de acordo com o relatório mensal de emprego, houve elevação de 0,5% no rendimento médio por hora (average earnings hourly), que mede o ganho médio por hora de um empregado americano. Essa medida, em taxa anualizada, atingiu 2,9% de alta, ante 2,7% no mês anterior, retornando ao nível registrado em dezembro de 2016. Já a taxa de participação da força de trabalho aumentou para 63,1% em setembro em relação a 62,9% em agosto, maior percentual desde setembro de 2013.

A melhora contínua no mercado de trabalho e a elevação dos rendimentos do trabalhador sustentam uma subida da taxa de juros pelo FED na próxima reunião da instituição, prevista para dezembro.

 

China (dados coletados até 31/10/2017)

Na última década, o PIB chinês desacelerou para a média de 7% yoy, considerada o “novo normal” da economia. Após a crise global de 2008, com a demanda externa mais fraca, houve uma mudança do modelo de crescimento chinês. A fim de reduzir a instabilidade interna causada pelos ciclos econômicos globais, o crescimento baseado pelas exportações e investimentos foi substituído para uma economia voltada para o consumo interno. Para impulsionar o mercado interno e evitar uma aterrisagem forte da economia (hard landing), o governo aumentou o gasto público em infraestrutura, adotou políticas de afrouxamento monetário, incentivando o crédito, flexibilizando medidas macroprudenciais, diminuindo as  exigências e descontos sobre as taxas de hipotecas o que, posteriormente, possibilitou a queda dos estoques no setor imobiliário. Contudo, esta política é insustentável e desencadeia em algumas questões:

·         Excesso de capacidade de oferta em diversas indústrias, inibindo novos investimentos;

·         Crescimento insustentável do crédito;

·         Grandes estoques no mercado imobiliário;

·         Aumento contínuo da alavancagem em setores com excesso de capacidade, como de mineração de carvão, aço, alumínio, imobiliário e de construção.

O estímulo ao crédito provocou uma formação de excedente de capacidade em algumas indústrias e grandes estoques no mercado imobiliário, já que produziu-se além da capacidade de absorção interna e externa. Além disso,   aumentou o número de empresas inadimplentes. Portanto, reformas pelo lado da oferta começaram a ser implementadas. As empresas estatais (SOE) carecem de uma reforma estrutural em razão do excesso capacidade e endividamento elevados. Ademais, o governo determinou uma meta de redução da capacidade para os setores que estão sobrecarregados como a indústria pesada, tais como o carvão e o aço. Além disso, a poluição do ar na China piorou muito nos últimos anos. E com isso, as autoridades estão interessadas em reforçar as regulamentações ambientais. Uma das medidas apresentadas, foi a ordem de corte de produção  às indústrias que utilizam a usinas termoelétrica. As principais indústrias que usam esta forma de energia são a de aço, alumínio e refinarias de petróleo. Esta conjunção de fatores justificam a queda da produção industrial.

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Fonte: Oxford Economics, elaborado por DIPLA/ GEPOC
* À preços de 2010

 

 

Pelo lado da oferta, devido à mudança de direcionamento da política econômica voltada para o consumo doméstico, observa-se que o setor de serviços apresenta uma tendência de representatividade na economia crescente. O setor de serviços ultrapassou a indústria desde 2012 e correspondeu à 51,6% da produção econômica em 2016.

Pelo lado da demanda, nota-se um mercado de trabalho resiliente e o salário real relativamente forte, onde a taxa de desemprego caiu para 3,95% no segundo trimestre de 2017, abaixo da média histórica de 4,12%.  O aumento da renda média proporciona um incremento nos gastos dos consumidores em produtos e serviços.

No entanto, a sustentabilidade de longo prazo do crescimento da economia depende das decisões tomadas e objetivos de curto prazo das autoridades, ou seja, priorizando a qualidade e não somente a dimensão do crescimento. O modelo atual de investimento alto, poupança elevada e dívidas excessivas propiciam baixo bem estar para a sociedade e não é sustentável.

Observa-se que desde o final de 2016, as autoridades têm demonstrado atenção ao aumento dos riscos financeiros e anunciaram algumas medidas manifestando  interesse em dar continuidade em algumas reformas estruturais necessárias para a China crescer de forma mais sustentável. 

 

Expectativas de Mercado (dados coletados até 31/10/2017)

 

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