|nº 109| Dezembro 05

Nesta Edição » Capa - Valorização das elétricas
Trabalho da PREVI valoriza empresas e traz ganhos de R$ 2 BI
As mudanças promovidas pela PREVI e outros sócios na CPFL Energia e na Neoenergia valorizaram as empresas e trouxeram impacto positivo de R$ 2 bilhões ao resultado da PREVI. O valor das empresas passou de R$ 4,1 bilhões para R$ 6,3 bilhões. Esse aumento patrimonial foi verificado por meio de reavaliação realizada por avaliador independente.
No final de 2003, a Neonergia ( holding que controla as empresas de energia elétrica de três estados do Nordeste) e a CPFL Energia, duas das principais empresas da carteira da PREVI, passavam por graves problemas, como conseqüência da queda de receita após o racionamento de energia (entre junho/2001 e fevereiro/ 2002). No caso da Neoenergia, as dívidas de curto prazo somavam cerca de R$ 2,4 bilhões. Além disso, a empresa apresentava problemas de operação e de gestão. No caso da CPFL, o endividamento passava de R$ 1,2 bilhão. Era preciso trabalhar para reverter esse quadro. E a Diretoria da PREVI partiu para a ação. Juntamente com os outros sócios, iniciou um profundo processo de mudanças nas Companhias.
Neonergia

No caso da Neonergia, inicialmente foi implementado um novo modelo de organização e gestão que tornou o processo decisório mais ágil. Paralelamente, depois de intenso processo de negociação com diversas instituições financeiras, os sócios conseguiram renegociar as dívidas que somavam R$ 4,5 bilhões, reduzindo taxas e alongando prazos. Como resultado, em 2004 o Grupo teve lucro de R$ 304 milhões, e, até setembro deste ano, já apresentava lucro líquido de R$ 548 milhões.
CPFL

O processo de recuperação da CPFL teve início em outubro de 2003, quando a PREVI e os demais acionistas deram início à reestruturação financeira da companhia, realizando aporte de capital que contou ainda com a participação do BNDES, que passou a integrar o quadro acionário da companhia. Além dessa medida, a venda de ativos resultou em significativa redução no endividamento da empresa. O estatuto da empresa foi alterado para se adequar às exigências para listagem de suas ações no Novo Mercado da Bovespa, já visando a realização de uma oferta pública de ações no mercado nacional e o lançamento de ações da empresa na Bolsa de Nova Iorque. Assim, a companhia poderia obter recursos para prosseguir com os projetos de construção de usinas hidrelétricas, além de proporcionar liquidez em mercado para os acionistas.
Desde então, a empresa apresenta bons resultados. A CPFL Energia encerrou o mês de setembro de 2005 (terceiro trimestre) com Lucro Líquido acumulado de R$ 640,6 milhões, superior aos R$ 118,8 milhões apurados em igual período do ano anterior. A Receita Bruta da companhia (R$ 8 bilhões) cresceu 14,6% quando comparada a igual período de 2004.

Reconhecimento do Mercado


A CPFL e a Neonergia são reconhecidas pelo mercado como duas das melhores empresas do setor. A CPFL Energia, maior empresa do setor, recebeu o prêmio de melhor Companhia Aberta, na 32ª edição do Prêmio Abamec. Os analistas de mercado de capitais votaram com base no desempenho das empresas no ano de 2004. A CPFL Paulista, empresa do grupo, foi vencedora do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ 2005).
As distribuidoras do Grupo Neoenergia, por sua vez, foram premiadas pela ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica): Coelba – como melhor gestão econômico-financeira; Celpe – como melhor evolução de desempenho; e Cosern – como melhor distribuidora. A Celpe recebeu ainda o 1º Prêmio Balanço Social, concedido pelo Instituto Ethos, Abamec, Aberje, Fides e Ibase. Valor enonômico mostra a capacidade de gerar caixa

Diferentemente do valor de mercado, que corresponde à cotação do papel em Bolsa de Valores, o valor econômico é obtido em função da perspectiva de resultados futuros a serem apresentados pela empresa. Em geral, é obtido a partir da metodologia de Fluxo de Caixa Descontado, que é largamente utilizada e referendada nas finanças, tanto na prática quanto no mundo acadêmico. Em processos de fusão e aquisição de empresas, é comum usar o valor econômico como parâmetro para
se determinar o justo valor da empresa. Em linhas gerais, representa a mensuração da sua capacidade de geração de caixa e, conseqüentemente, de distribuição de dividendos.
A decisão de reavaliar

A PREVI participa da Neonergia e da CPFL por meio da empresa 521 Participações S.A., que é uma Sociedade de Propósito Específico, criada com o objetivo único de participar do leilão de privatização das empresas do setor elétrico, e também possui participação direta em Neoenergia. A 521 Participações é detida integralmente via fundos de investimentos. Ou seja, a PREVI aplica em Fundos de Investimentos exclusivos que têm as ações da 521.
Existem diferentes critérios para avaliar uma participação acionária. O valor de mercado corresponde à cotação do ativo em bolsa de valores, e o valor patrimonial refere-se ao valor contábil do patrimônio líquido registrado nas Demonstrações da companhia. Já o valor econômico é obtido em função da perspectiva dos resultados futuros da empresa.
As ações de 521 e Neoenergia não apresentam liquidez e cotação de referência em bolsa de valores. Nestes casos a legislação permite a contabilização da ação com base no valor econômico, que é critério mais adequado e justo do que a forma tradicional de custo histórico ou patrimonial.
De acordo com política interna da PREVI, os papéis de empresas cuja paticipação é representativa e que não têm cotação em Bolsa são reavaliados a cada 2 anos. A reavaliação com base em valor econômico é um procedimento que também vem sendo realizado com a empresa Litel (empresa veículo por meio da qual a PREVI participa da Vale do Rio Doce) e já havia sido realizada para 521 e Neoenergia no final de 2003. À época, ocorreu queda no valor de Neoenergia, já que o valor indicativo com base em avaliação foi menor que o registrado na contabilidade.

A PREVI adota uma prática conservadora e procura optar pelos menores valores, dentre os apresentados pelas empresas avaliadoras. Essas empresas estipulam uma faixa de valor, que vai de um preço mínimo a um preço máximo. Por exemplo, o valor implícito para CPFL na precificação ocorrida agora foi de R$ 23,56, enquanto no mercado, a ação, que chegou a superar preço de R$ 28,00, teve valor médio de negociação igual a R$ 25,12 de novembro até meados de dezembro de 2005.

Outras referências para corroborar o conservadorismo da PREVI na precificação são os diversos preços-alvo de instituições de mercado calculados para CPFL Energia obtidos em publicação da companhia conforme tabela abaixo.