|nº 117| Agosto 06

Nesta Edição » Qualidade de vida - Associados vivem melhor
Vivendo mais e melhor
Frederico e os filhos, felicidade depois da aposentadoria
Aumento da expectativa de vida e mais qualidade após a aposentadoria. Novo perfil dos aposentados gera mudanças nas famílias, na PREVI e em toda a sociedade brasileira

Recentemente, um participante aposentado de 85 anos procurou a PREVI querendo saber quantos colegas já tinham ultrapassado essa idade. Para sua surpresa, foi informado que a PREVI já tem 915 participantes acima dos 85 anos, sendo que os dois mais idosos, Enoch Periandro de Oliveira e Hildegardo Doria Mendonça, completam 102 anos este ano. Hoje, são cerca de 18.827 pessoas com mais de 65 anos e 234 com mais de 90 anos, considerando uma população total de 60.006 aposentados relativos ao Plano de Benefícios 1.

O aumento da expectativa de vida é uma realidade na sociedade brasileira como um todo. De acordo com o último levantamento realizado pelo IBGE entre 1980 e 2004 a expectativa de vida do brasileiro ao nascer experimentou um acréscimo de 9,1 anos, ao passar de 62,6 anos para 71,7 anos. Segundo a coordenadora do grupo técnico de População e Cidadania do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e representante do Ministério do Planejamento no Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos, Ana Amélia Camarano, o aumento da longevidade do brasileiro é explicado, entre outros fatores, pela fecundidade elevada no passado, aliada à redução da mortalidade em todas as idades, o que tem levado a um crescimento acentuado do grupo populacional de 60 anos e mais (veja entrevista à pág. 24).
De modo geral, os grupos de pessoas ligados a fundos de pensão têm maior longevidade que o conjunto da população. A PREVI, por exemplo, adota uma tábua de mortalidade que considera uma expectativa de vida para homens e mulheres de 80,50 e 85,94 anos, respectivamente.
Essa diferença é explicada pelo fato de que, geralmente, os participantes de fundos de pensão estão associados a empregadores que propiciam um conjunto de benefícios, tais como salários, condições de trabalho, condições de descanso, salubridade, planos de saúde, exames periódicos de saúde para participantes ativos, programas preventivos para participantes aposentados e pensionistas etc., que possibilitam condições de vida favoráveis à longevidade de seus empregados.
Qualidade de vida

O aumento da longevidade do brasileiro tem produzido um conjunto de transformações sociais, que tem proporcionado uma melhor qualidade de vida para o público idoso. Essas mudanças podem ser percebidas, por exemplo, no espaço privado das famílias, uma vez que muitos aposentados contribuem decisivamente com sua renda para o sustento de filhos e netos. As mudanças estão presentes também no campo cultural com a proliferação das vans que fazem transporte para teatros, cinemas e casas de espetáculos.

Mas a mudança principal tem-se processado no comportamento de quem se aposenta. O colega aposentado Frederico Cavalcanti, 62 anos, retrata como ninguém essa nova face dos aposentados. Aposentou-se em 1992, depois de 29 anos de trabalho no Banco do Brasil. Estatístico de formação, durante 23 anos acumulou a atividade bancária com o trabalho como professor do curso noturno da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Fred, como é conhecido, conseguiu fazer o que muitos planejam mas não põem em prática: preparar-se para ter uma atividade prazerosa depois da aposentadoria. “Depois da aposentadoria, a minha segunda profissão passou a ser a primeira. Tenho uma satisfação muito grande com o trabalho de professor. Dou aula na graduação para jovens de 17, 18 anos. Acabo sendo pai, psicólogo. Não penso em parar, não penso em limite”, diz Frederico. Pai de seis filhos – o mais novo tem 11 anos – Frederico faz profissão de fé no futuro e já planeja o nascimento de mais um. Participante deve manter cadastro atualizado

Para que a PREVI tenha cálculos atuariais precisos, é fundamental que os participantes mantenham as informações cadastrais atualizadas. Tanto é assim que, na PREVI, a área cadastral está diretamente ligada à área atuarial. Uma boa avaliação atuarial, e a decorrente apuração dos compromissos dos Planos de Benefícios, só será conseguida se os dados cadastrais (sociais, financeiros, biométricos etc) que a compõem forem confiáveis.
O quadro abaixo apresenta a distribuição por sexo e faixa etária dos participantes do Plano 1 e do PREVI Futuro. Este, por ser mais recente, apresenta uma “massa” de participantes com perfil bem mais jovem.
Veja gráfico dos associados por faixa etária

Já o cearense Zorillo de Almeida Sobrinho, 79 anos, encontrou na literatura a fonte de prazer na aposentadoria. Entre a posse em Quixadá (CE) em 1952 e a aposentadoria em 1983 em Campo Grande (MS), foram 31 anos dedicados ao Banco do Brasil. Uma trajetória que inclui passagens por São Paulo e Amazonas. Lançou o primeiro livro “As Borboletas do Canaçari” aos 55 anos e não parou mais.
Em junho deste ano, lançou a décima-terceira obra, intitulada “Meus amigos de outrora”, em que fala dos “amigos que fez pelo País afora”. Depois de aposentado, Zorillo pôde dedicar-se ainda mais à literatura. Passou a freqüentar os círculos literários de Campo Grande e foi admitido há três anos na Academia de Letras Sul-Matogrossense. Além de participar das reuniões mensais, escreve artigos para o jornal da Academia. Ele diz que encontrou na literatura a ponte ideal para a travessia entre a rotina diária de trabalho no Banco e a aposentadoria. “A maior parte das pessoas que se aposentam acaba ficando triste, perdida, sem saber o que fazer. Eu tenho a literatura”, conclui Zorillo.
Zorillo, 79 anos, encontrou na literatura a fonte de
prazer na aposentadoria.Em junho deste ano,
lançou a décima-terceira obra

Longevidade tem mesmo impacto nos planos 1 e PREVI Futuro

A expectativa de vida dos participantes constitui informação da maior relevância para um fundo de pensão. A Tábua de Mortalidade é o instrumento utilizado pelo atuário para medir as probabilidades de vida ou falecimento de um grupo específico de pessoas sob condições específicas de risco. Sua grande importância nos fundos de pensão está na possibilidade de avaliação da quantidade de anos a serem vividos pelas pessoas do grupo e, com essa informação, avaliar o montante de capital necessário a pagar seus benefícios nesses mesmos anos futuros.


O atuário da PREVI,
José Ângelo Rodrigues
Os técnicos da PREVI monitoram permanentemente a evolução da longevidade de suas populações. Isso permite que seja identificada previamente a necessidade de mudança da Tábua utilizada. Quando se troca a Tábua de Mortalidade por uma que implique mais anos futuros a serem vividos pelos participantes, implica maior volume de reservas matemáticas a ser acumulado. “Há alguns anos constatamos a necessidade de mudar a Tábua GAM-71 para a GAM-83. Tal mudança só pôde ocorrer em dezembro de 2005, quando passamos a atender tanto à necessidade biométrica das populações quanto à Resolução CGPC 11, de 21/8/2002”, explica o atuário da PREVI, José Ângelo Rodrigues.
Como os planos 1 e PREVI Futuro são por Benefício Definido na fase de aposentadoria, em caso de aumento da expectativa de vida dos participantes as implicações são as mesmas. Ou seja, as reservas matemáticas (projeção dos compromissos) deverão ser elevadas no caso de se adotar tábuas com maior longevidade.

Os Planos de Benefícios por Contribuição Definida, quando puros, ou seja, quando a renda de benefício ao final da vida laboral é paga em quotas ou por tempo certo, a Tábua de Mortalidade não tem importância, uma vez que o fundo de pensão não assume qualquer responsabilidade pela alta ou baixa longevidade de seus participantes. A PREVI, entretanto, não pratica esse tipo de benefício. O Plano PREVI Futuro, embora seja por Contribuição Definida na fase laboral, na fase pós-laboral ele é por Benefício Definido, isto é, a longevidade (alta ou baixa) do participante tem implicação direta no montante de sua reserva matemática.

A análise das Tábuas revela que a expectativa de vida dos participantes da PREVI é superior à da população brasileira, mostrada na Tábua do IBGE. Entretanto, é preciso considerar algumas particularidades de cada Tábua:

  1. Na Tábua do IBGE, estão inclusos todos os brasileiros, desde o nascimento.
  2. Dois movimentos de queda de expectativa de vida afetam a Tábua do IBGE: a mortalidade infantil, até os 5 anos de idade; a morte de jovens na faixa de 14 a 24 anos, devido à exposição acentuada a riscos de vida.
  3. Não existem participantes na faixa etária de 0 a 18 anos na PREVI. Portanto, embora a Tábua de Mortalidade inicie na idade zero, só começa a ter participante a partir da idade de ingresso no Plano de Benefícios.
  4. A Tábua utilizada pela PREVI reflete as expectativas biométricas dos seus participantes. Ou seja, caracteriza-se por representar uma seleção dentro de um conjunto definido da população.