|nº 122| Fevereiro 07

ESPAÇO LIVRE
Gosto de escrever pouco
e dizer muito


Hoje aposentado, Maynard Rios de Almeida ficou 20 anos sem escrever poesia, mas voltou com incentivo dos colegas

“Dorival Caymmi demorou dez anos para compor uma canção, eu fiquei 20 anos sem escrever uma poesia”, compara o também baiano Maynard Rios Almeida, 64 anos, aposentado e poeta. Casado, com quatro filhos e um neto, começou a dedicar-se à poesia quando era estudante, mas parou de escrever quando entrou para o Banco do Brasil, em setembro de 1966. Bem depois, com o incentivo dos colegas do BB (“O incentivo é muito importante”), voltou a escrever.
Sua preferência sempre foi por sonetos. “Gosto de escrever pouco e dizer muito. São 14 versos, mas você transmite seu sentimento neles. É como contar uma piada curta, você sorri mais. Uma piada longa muitas vezes não tem graça”, filosofa ele. Exigente com suas obras, quando um poema não estava do seu agrado, rasgava-o. Há vários anos pensa em reunir as poesias num livro, mas ainda não concretizou o sonho.

Até os 22 anos, Maynard viveu em Ipiaú, BA, de onde saiu para trabalhar em Teófilo Otoni. Quando surgiu o concurso para Nível 0-50 do Banco do Brasil, inscreveu-se e passou. Três anos depois fez concurso para escriturário, cargo cujo salário era maior. Trabalhou toda sua vida na
mesma agência até se aposentar em maio de 1995.

A Revista PREVI selecionou dentre os vários poemas disponíveis na internet, no endereço:
http://geocities.yahoo.com.br/maynardalmeida/,
o “Último soneto”. É uma homenagem à mãe do poeta, falecida em 2006.


Maynard à máquina de escrever que ainda usa

Último soneto

Inda te vejo, Laura, sossegada,
Feliz, vendo novela em teu cantinho.
Às vezes dormitando de mansinho
Sob o peso dos anos, já cansada.

Ora te vejo inerte, enregelada...
Triste orfanado estou de teu carinho.
Osculo teus cabelos cor de arminho,
Tua face bonita, serenada...

Manhã, cinco de julho, entristecida...
Minha mãe cerra os olhos para a vida,
Mãe renasce, de novo, para Deus!

Minha Laura querida foi-se embora,
Ao sublime surgir de clara aurora,
Na branca luz puríssima dos céus!