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'Sinto-me parte de uma equipe'

O novo presidente do Conselho Deliberativo, José Maria Rabelo, destaca nesta entrevista como pretende atuar de maneira integrada e respeitando as diversas opiniões na PREVI

José Maria Rabelo nasceu em Minas Gerais, Estado em que também tomou posse no BB, em 1975. Formado em Direito, com MBA para altos executivos, é o atual vice-presidente de Negócios Internacionais e Atacado do Banco, depois de ter passado por diversos postos na direção da empresa.

Nesta entrevista à Revista PREVI, fala de sua indicação para presidir o Conselho Deliberativo, em que se considera parte de uma equipe. “Minha missão é contribuir para que sigamos na mesma trilha e, quem sabe, gerar novos saltos de qualidade”, afirma. Outro aspecto que ressalta é a pluralidade do Conselho, o que gera “um ambiente muito rico nos debates e deliberações”.

Lembra que quando entrou no BB nem tinha consciência da importância da PREVI para sua vida, assinou a fi cha no meio de outros papéis, mas hoje considera o Fundo um dos grandes benefícios que o Banco proporcionou-lhe. “Sei o quanto isso foi importante para mim. Gostaria de sugerir, assim, aos 15% que ainda não fazem parte do PREVI Futuro, que considerem o quão importante será, daqui a alguns anos, uma atitude de segurança tomada agora.”

Revista PREVI – Em seu discurso de posse, o senhor afi rmou que, quando ingressou no Banco, jamais imaginou que um dia estaria à frente da PREVI. Quais serão as prioridades na sua gestão?
José Maria Rabelo – Sem falsa humildade, considero-me parte de uma equipe e não tenho qualquer pretensão em caracterizar como “minha” esta gestão. Os avanços de governança pelos quais passaram as organizações – e especialmente a PREVI – não permitem, felizmente, uma atuação personalista. Assim tem sido o que levou nossa Caixa de Previdência ao patamar atual. É claro que tem havido marcante mérito individual, porém de muitos, o que se refl ete nas decisões coletivas, nos diversos níveis de gestão da PREVI, concorrendo para esse resultado. Minha missão, assim, é contribuir para que sigamos na mesma trilha e, quem sabe, gerar novos saltos de qualidade, afinal é o desafio de quem chega.

Revista – Como será a condução dos assuntos do Conselho?
Rabelo – Farei todo o esforço para que haja harmonia nas discussões e deliberações do Conselho. Sua composição plural certamente gera um ambiente muito rico nos debates e deliberações. O pressuposto de um órgão colegiado é de que haja opiniões diferentes, o que só favorece a qualidade da decisão a ser tomada. Respeitar essas opiniões – e seus formuladores – e exercitar a capacidade de convencer e ser convencido, creio que sejam atributos a serem valorizados na dinâmica de funcionamento do Conselho.

Revista – O senhor destacaria algumas das atribuições do Conselho?
Rabelo – Imagino que as principais atribuições sejam aquelas estruturantes, voltadas para a formulação de planos, regulamentos, políticas, estratégias etc., sem prejuízo daquelas decisões pontuais em questões mais relevantes, pelo valor ou criticidade envolvidos.

Revista – Como o senhor enxerga o mercado de previdência complementar hoje?
Rabelo – Penso já constituir lugar comum falar sobre a importância da previdência complementar na garantia de qualidade de vida para as famílias. A crescente percepção de que a previdência pública, em qualquer lugar do mundo, não será suficiente para a manutenção de um padrão de vida digno no pós-emprego é algo que leva inexoravelmente ao fortalecimento das diversas alternativas de formação de uma reserva pessoal própria, cujo caminho mais direto é a previdência complementar.

Revista – Como o senhor vê a PREVI no mercado de capitais brasileiro?
Rabelo – A PREVI é sem dúvida um dos investidores mais importantes em nosso mercado. Seu nível de ativos, seja em renda fixa, seja em renda variável, faz diferença mesmo nos mercados mais maduros. Isso, claro, leva nossa Caixa de Previdência a ser uma espécie de parceiro preferencial de todo empreendedor, o que potencialmente traz riscos, corretamente mitigados pela gestão, haja vista os sucessivos superávits. Mas é preciso que sejamos vigilantes na defesa dos interesses dos diversos públicos envolvidos, contando com metodologias, modelos de gestão de risco, de governança etc. sempre atualizados. Essas práticas de gestão certamente já existem e devem ser valorizadas e aprimoradas constantemente, pois o mercado também muda.

Revista – Quais são os desafios, no horizonte próximo, para as políticas de investimentos da PREVI? O cenário econômico internacional estabilizou-se?
Rabelo – Seria pretensioso elaborar sobre o tema, sem uma análise aprofundada. Genericamente falando, todavia, acho que o permanente refinamento dos instrumentos de gestão garantirá a melhor alocação e realocação dos ativos, ponderada a relação risco-retorno. Quanto ao cenário, penso seja mais proveitoso considerar que ele não se estabilizou nem se estabilizará jamais. Sempre haverá um fator, aqui ou fora, que afetará o preço de um ativo, por exemplo, algo crítico para uma entidade que deve pensar e agir com as práticas do presente e olhos no futuro.

Revista – O BB tem algum posicionamento já definido sobre a utilização do superávit? Há algo a ser mudado no encaminhamento das discussões este ano, em relação ao processo que decidiu sobre a utilização do superávit de 2006?
Rabelo – Por respeito a todas as partes envolvidas, não gostaria de expressar uma opinião aqui. Todavia, posso dizer que o Banco tem, claro, posicionamento sobre o tema, que será objeto de debates nos fóruns próprios. Temos uma expectativa forte de que novos avanços serão construídos, em benefício das diversas partes aí compreendidas.

Revista – Recentemente, dois fatos foram marcantes para o PREVI Futuro: em 2007, o número de participantes ativos superou os do Plano 1 e, em abril deste ano, o patrimônio do Plano rompeu a barreira do primeiro bilhão de reais. O financiamento da Carim deverá ser aberto aos participantes do PREVI Futuro no segundo semestre, e já foram encaminhadas à SPC medidas como a possibilidade de reconhecer vínculo previdenciário entre parceiros do mesmo sexo, participantes do Plano. Qual a importância desses avanços e o que mais os participantes podem esperar?
Rabelo – Acho de suma relevância esses avanços, até porque, quando olhamos para o futuro mais distante, esse será o plano que caracterizará a PREVI. Sabemos da relevância do Plano 1, construído com muito esforço a partir da ação visionária dos fundadores, há 104 anos. Temos de render nossa homenagem a esses pioneiros! Mas o Plano 1, apesar de tão grande e importante, já está fechado e tende implacavelmente à redução, pela mudança constante do mix entre ativos e assistidos. Assim, mais e mais devemos tratar com carinho e focar nossa atenção no PREVI Futuro que, com certeza, terá tanto sucesso e vida tão longa quanto o Plano 1.

Revista – O que pode ser feito para estimular a adesão de novos funcionários do BB ao PREVI Futuro, hoje em torno dos 85%?
Rabelo – Permito-me citar meu próprio exemplo. Quando tomei posse no Banco, em Paracatu (MG), em 15/12/1975, assinei automaticamente a inscrição na PREVI, já que nesse tempo a “adesão” era obrigatória (é verdade que assinei também “documentos” que se soubesse não teria assinado, pois na época eram comuns os trotes para os novatos, algo em que caí inocentemente; no fundo, porém, isso só contribuiu para que eu me integrasse rapidamente à família BB). A inscrição na PREVI foi um dos grandes benefícios que o Banco me proporcionou. Penso que, naquele momento, se a participação fosse facultativa, talvez eu não tivesse consciência ou maturidade para fazê-lo. Hoje, com a vantagem da visão retrospectiva, sei o quanto isso foi importante para mim. Gostaria de sugerir, assim, aos 15% que ainda não fazem parte do PREVI Futuro, que reavaliem sua decisão e considerem o quão importante será, daqui a alguns anos, uma atitude de segurança tomada agora. Todos são, com justiça, senhores de seus atos e recursos, mas difi cilmente teriam opção melhor do que a PREVI para cuidar de seu futuro, próprio e familiar.

Revista – De que maneira o senhor acredita ser possível mobilizar os participantes do PREVI Futuro para que acompanhem de perto a situação de suas reservas pessoais e a atuação da PREVI, como um todo? As características do Plano, afinal, pedem um envolvimento maior do participante.
Rabelo – Em primeiro lugar, participando ativamente – diretamente ou por representação – dos fóruns criados para essa finalidade. Creio que o Conselho do Plano seja o principal ambiente para a discussão e propagação de informações sobre o PREVI Futuro. Além disso, a leitura dos informativos da PREVI, o acompanhamento da alocação e rentabilização dos ativos, por exemplo, certamente ajudarão nesse envolvimento. Acima de tudo, porém, deve estar a consciência de que o participante é o dono dos recursos e deve zelar por eles, por mais que outras pessoas também tenham essa responsabilidade. Não se pode negligenciar algo tão importante quanto o nosso futuro!