|nº 136| Set 08

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Os impactos da crise na PREVI

Como já vimos, a crise é séria e não há condições de prever exatamente o que ainda vai acontecer daqui para a frente. Neste cenário de incertezas, é natural que nossa atenção se volte para a PREVI, tentando entender que conseqüências cada Plano pode sofrer e o que se pode esperar.
O impacto mais direto da crise ocorre no segmento da renda variável, embora também existam conseqüências nos demais segmentos. Em função da situação específica de cada Plano, tanto os impactos imediatos são diferentes quanto os pontos de atenção para o futuro também são distintos.
De forma geral, antes de entrarmos na análise de cada Plano isoladamente, um dos aspectos a considerar é nossa visão de longo prazo. Sempre que analisamos um Plano de Benefício temos uma fotografia da situação atual e a obrigação de olhar para frente, pois os maiores compromissos do Plano sempre se realizarão no futuro. Sob este aspecto, o valor do patrimônio no momento presente tem sua importância, é claro, mas como a maioria dos ativos será “carregado”, ou seja, será mantido na carteira, é o valor futuro que mais importa.
Por isso mesmo a cautela é um verdadeiro “mantra” para a gestão de um fundo. Não se deve cometer abusos na época das vacas gordas, para que se tenha folga na época das vacas magras. Conforme vamos demonstrar abaixo, acreditamos que a PREVI tem como atravessar esta crise.

PLANO 1 – Maior impacto com a variação das ações e maior preocupação com pagamento de benefícios
Duas características distinguem o Plano 1: a alocação de cerca de 60% dos seus investimentos em renda variável e o enorme volume anual de pagamento de benefícios.
No caso das ações, é claro que a variação negativa da Bolsa afeta o nosso patrimônio. No final de 2007, o Plano tinha uma carteira de R$ 90 bilhões em ações, representando cerca de 65% do total de investimentos.
De lá para cá, embora tenham ocorrido oscilações, com curtos períodos de valorização, o fato é que todas as ações listadas na Bolsa sofreram baixa. O Ibovespa variou de 63.886 pontos no fim de 2007 para 49.541 pontos no dia 30 de setembro, representando uma perda de 22%. Apenas em setembro, este índice oscilou entre os 55 e os 46 mil pontos, mostrando que qualquer fotografia instantânea não consegue traduzir com exatidão a realidade.
O fato é que as ações valem menos hoje e que esta instabilidade deve continuar, fazendo com que as projeções para o final de 2008 e até mesmo para 2009 tornem-se incertas. Tomando uma data de referência para tirar a fotografia do Plano, no dia 30 de setembro a carteira de ações do Plano 1 estava estimada em R$ 78,6 bilhões, acumulando uma rentabilidade negativa no ano de 12,62%.
Apesar disso, o Plano ainda registra situação superavitária. Na mesma data, o superávit do Plano 1 era de R$ 28,6 bilhões. Embora sofrendo uma redução de cerca de R$ 24,3 bilhões comparado com o final de 2007, o superávit representa cerca de 25% acima dos nossos compromissos previdenciários. É bom lembrar que para chegar ao superávit não basta contar as perdas com a carteira de ações, mas deve-se levar em conta toda a variação dos ativos e passivos no período.
A conclusão que podemos tirar é que o Plano acumulou uma folga bastante significativa nos últimos anos, o que lhe permite resistir a este cenário de grande turbulência. Para apresentar este raciocínio em termos numéricos, a rentabilidade acumulada entre 2003 e final de 2007 foi de 288%. Com a rentabilidade negativa registrada em 2008, este percentual cairia para 274,6%, o que dá 189 pontos percentuais acima da nossa meta atuarial no período, que foi de 95%.
Neste cenário conturbado, optamos por suspender a compra e venda de ações, o que tem sido feito apenas em ocasiões especiais. Alguém poderia perguntar se não teria sido melhor vender um bom volume de ações quando a queda da Bolsa ainda não havia sido tão acentuada. A resposta para isso é que nós não tínhamos a clarividência de que a Bolsa cairia tanto (vejam as análise de conjuntura nos artigos anteriores a este) e também não tínhamos como manejar uma carteira tão grande como a nossa. Se a PREVI tivesse feito um movimento de venda significativa, provavelmente teríamos apenas antecipado as curvas de baixa, tornando ineficaz a tentativa de “vender na alta”.
Outra preocupação do Plano 1 diz respeito ao volume de benefícios pagos anualmente, que alcança a cifra de quase R$ 6 bilhões. Como o Plano deixou de arrecadar contribuições, este desembolso é sustentado por algumas receitas (cerca de R$3 bi oriundos de dividendos e aluguéis) e o restante é completado com a venda de ativos. Até o início da crise, a venda de ativos estava toda concentrada na renda variável, mas com a queda significativa do valor das ações decidimos suspender estas vendas. Mesmo assim, o Plano tem um volume de aplicações em renda fixa (cerca de R$ 43 bilhões) que pode ser utilizado para reforçar a saída de caixa.
Apesar da crise e das incertezas quanto ao futuro, até o momento acreditamos que haverá uma recuperação do valor das ações das principais empresas brasileiras, especialmente das que pesam mais em nossa carteira. Acreditamos que a Vale, a Petrobras, os principais Bancos (BB, Bradesco e Itaú), as empresas de energia e outras empresas menores estão bem posicionadas no mercado, vão manter suas operações em boas condições e voltarão a ser valorizadas.

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