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As atividades pós-aposentadoria podem levar a outras “viagens”, em que se podem criar novos mundos, dedicando-se a antigos desejos. É o que aconteceu com o amazonense e ex-bancário do BB, Carlos Trigueiro, de 66 anos. Desde que saiu do Banco, em 1996, vem tocando a carreira de escritor, com seis livros já lançados. Ele, que foi alfabetizado pela mãe por meio de recortes de jornais, na realidade sempre gostou de escrever, o que ajudou na carreira no BB, com quase duas décadas no exterior. Trigueiro trabalhou na Itália, Espanha, China e nos Estados Unidos.

Formado em administração de empresas, Carlos Trigueiro publicou artigos sobre economia e política no Jornal do Brasil. No início dos anos 80, morando em Madri, inspirou-se na obra Confesso que Vivi, de Pablo Neruda, para escrever sobre sua infância no interior do Amazonas, onde até os 5 anos de idade andava nu, e lembrar as mudanças de estados e a adolescência no Rio de Janeiro, onde trabalhou num sanatório psiquiátrico e deparou-se, segundo afirma, com a precariedade da existência e do comportamento humano.

Mesmo dando expediente no Banco, Trigueiro passava as noites escrevendo. Para seu livro de estreia, Memórias da Liberdade, foram dois anos na frente do computador após a jornada de trabalho. Por isso, na hora da aposentadoria, não passou por nenhum drama. Tinha a certeza de que poderia dar o tão sonhado mergulho na literatura. De seus livros, um foi reeditado e outros dois encontram-se ainda inéditos. Recebeu o Prêmio Malba Tahan, em 1999, na categoria contos, da Academia Carioca de Letras/União Brasileira de Escritores, com O Livro dos Ciúmes, da Editora Record, e o Prêmio Adonias Filho, 2006, na categoria romance para O Livro dos Desmandamentos, da Editora Bertrand Brasil.

Pretende ainda colocar no papel suas experiências dos tempos de BB, entre elas o período entre 1980 e 1996, que viveu fora do País. “Não sirvo de parâmetro porque minha vida sempre foi muito diferente. Para mim, o livro não é fruto de pensamento fugaz. A literatura é um espelho que se absorve, analisa e reflete. Na verdade, não escrevo porque gosto, mas porque preciso”, afirma o autor, que caminha cinco quilômetros diariamente.

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