|nº 144| Set 09

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Fundos discutem Responsabilidade Social Empresarial

O fórum de discussão sobre políticas de RSE buscou estabelecer mecanismos contínuos de intercâmbio entre os fundos de pensão, em suas diversas dimensões

Com o objetivo comum de chegar às melhores práticas de gestão socialmente responsáveis, quatro importantes Entidades Fechadas de Previdência Complementar – PREVI, Petros (Petrobras), Valia (Vale) e Real Grandeza (Furnas) – realizaram a primeira Oficina de Responsabilidade Socioambiental dos Fundos de Pensão.

Cerca de 60 profissionais de diferentes áreas de atuação se reuniram para identificar as práticas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) já existentes nestas Fundações e definir novas ações alinhadas ao segmento. Os participantes se dividiram em seis mesas temáticas conforme área de atuação: Investimentos Socialmente Responsáveis; Governança e Responsabilidade Social nas empresas participadas; Canais de comunicação; Relação com fornecedores; Gestão de Pessoas e Governança e Gestão.

Na abertura do Encontro, o presidente da PREVI, Sérgio Rosa, lembrou da emergência do tema enquanto pauta mundial e da importância do esforço coletivo e institucional para tentar diminuir os impactos ambientais. “Não somos concorrentes, nem competimos. Isso estimula a cooperação e o compartilhamento de idéias”, disse Sérgio Rosa, afirmando que a troca de experiência pode e deve ser ampliada para outros temas. Wagner Pinheiro, presidente da Petros, destacou a participação dos fundos de pensão no Programa da ONU que aponta os Princípios para o Investimento Responsável (PRI). “Somos investidores de longo prazo e a longevidade do nosso negócio exige que nos preocupemos de fato com as boas práticas que permitam a sustentabilidade”, afirmou Pinheiro. Também estiveram presentes os dirigentes Maurício Wanderley, diretor de investimentos e finanças da Valia e Sérgio Fontes, diretor-presidente da Fundação Real Grandeza.

A iniciativa conjunta dos fundos de pensão segue o conceito de economia civil sugerida pelos autores do livro Os Novos Capitalistas, cuja versão em português foi viabilizada em 2008 pela PREVI, em parceria com a editora Elsevier. Segundo Stephen Davis, Jon Lukomik e David Pitt-Watson, a economia civil é um fenômeno global no qual os trabalhadores, por meio de suas poupanças, tornaram-se acionistas majoritários das empresas mais poderosas do mundo. Para os autores, essa nova economia se consolida com a conscientização desses cidadãos investidores que passam, no contexto atual, a cobrar investimentos responsáveis e lucratividade sustentável dos grandes fundos de investimento e de pensão a quem confiam seu capital.

Para o professor Fábio Rocha, mestre em Responsabilidade Social e Sustentabilidade, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), “a Responsabilidade Social Empresarial ainda está caminhando no âmbito filantrópico, mas esse perfil já é um começo. Para obtenção de melhores resultados, faz-se necessária a internalização da RSE. As ações, nesse sentido, devem estar alinhadas ao negócio da empresa e, para que sejam reconhecidas como socialmente responsáveis, é preciso definir a atual posição e aonde se quer chegar”. Em consonância com o conceito de economia civil dos Novos Capitalistas, Rocha destacou a capacidade de influência exercida pelos fundos de pensão na economia do País e relacionou a Responsabilidade Social Empresarial ao dever fiduciário dos fundos, ou seja, ao compromisso de administrar os recursos do participante com responsabilidade, confiança e segurança. Assim como os dirigentes, Rocha relacionou a longevidade do setor com a necessidade de uma gestão socialmente responsável.

Organizado pela PREVI, o Fórum foi realizado em 31/8, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro. A ideia é que os eventos tenham organização rotativa e que mais fundos participem das próximas edições.