|nº 147| Jan/Fev 10

Nesta Edição » Artigo » Previdência complementar: avanços e conquistas

Apesar de a previdência complementar não depender do pacto intergeracional como a previdência pública, por ser baseada na constituição de reservas garantidoras dos benefícios contratados, o risco da longevidade deve ser constantemente monitorado e pode ser mitigado com a adoção de tábuas de vida atualizadas ou geracionais.

Como desafio para a regulação, teremos que nos empenhar num futuro próximo para rever os parâmetros técnico-atuariais aplicáveis aos fundos de pensão, promovendo sua atualização, de modo a mantê-los compatíveis com a evolução demográfica e econômica.

No campo da regulação, também não podemos deixar de citar os avanços obtidos com relação a temas árduos e complexos, mas absolutamente necessários para o sistema. Como exemplo, a norma sobre despesas administrativas aprovada pelo Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), que veio trazer novos parâmetros, mais condizentes com a realidade atual dos fundos de pensão, demanda do sistema há anos. Além da nova planificação contábil, que foi recepcionada pela NBTE-11 do Conselho Federal de Contabilidade como uma grande evolução em termos de transparência e comparabilidade das operações das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC).

Noutro aspecto importante e não menos relevante, a educação financeira, a Secretaria de Previdência Complementar ajudou a elaborar no Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec) a estratégia brasileira de educação financeira e previdenciária. Essa estratégia foi citada como referência pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), contando com apoio do Banco Mundial para implantação em 1.600 escolas brasileiras.

Os fundos de pensão têm se engajado no tema e, incentivados pela Recomendação nº 1 do CGPC, publicada em 2008 – que possibilitou a dispensa do envio, por meio impresso, do relatório anual de informações aos participantes e assistidos –, estão elaborando seus programas de educação financeira e previdenciária e encaminhando os projetos para a aprovação da SPC. Dessa forma, estão contribuindo em grande escala para a melhoria do conhecimento do assunto por parcela significativa da população.

Relativamente ao campo internacional, o Brasil deu apoio e sediou o Fórum Global sobre Previdência Privada, promovido pela OCDE e pela Organização Internacional de Supervisores de Fundos de Pensão (IOPS). O evento ocorreu em outubro de 2009, no Rio de Janeiro, ocasião em que foram discutidas as reformas previdenciárias e o desenvolvimento na América Latina, com destaque para o atual estágio regulatório e de fiscalização que se encontra o Brasil.

O ano de 2009 foi, assim, um ano de grandes conquistas, mas também de renovação dos desafi os para a evolução do sistema de fundos de pensão. O enfrentamento da crise financeira que afetou a economia mundial no ano anterior; a continuidade da regulamentação de pontos fundamentais para o sistema, como as despesas administrativas e a revisão da norma de investimentos dos fundos de pensão; a ênfase na estratégia de educação financeira e previdenciária; o destaque obtido pelo sistema de previdência complementar brasileiro no cenário internacional e o grande marco que foi a promulgação da Lei nº 12.154, de 23 de dezembro de 2009, com a criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) contribuíram para a consolidação e fortalecimento institucional do nosso sistema de previdência complementar.

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