|nº 147| Jan/Fev 10

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Previdência complementar: avanços e conquistas

O secretário de Previdência Complementar destaca, neste artigo, os avanços que vêm sendo obtidos pelos fundos de pensão nos últimos tempos

Ricardo Pena
Secretário de Previdência Complementar e diretor-superintendente da Previc

O ano de 2009 foi um marco para a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) e para o sistema fechado de previdência complementar sob vários aspectos, desde a reação à crise financeira até os avanços obtidos na regulação do setor, com destaque para a criação da Previc.

O impacto da crise financeira internacional nos fundos de pensão brasileiros em 2008 foi amenizado pelo desempenho obtido em 2009, como se verifica ao fazer a comparação dos números de ativo total em dezembro de 2008, de R$ 444,89 bilhões para R$ 498,95 bilhões, em setembro de 2009. Os números demonstram que houve sensível recuperação e excelente rentabilidade do segmento, com boas expectativas para o encerramento do exercício em 31 de dezembro.

No atual cenário macroeconômico brasileiro, em que se destacam a atual dinâmica da dívida pública mobiliária federal, a redução das taxas de juros e a evolução dos instrumentos financeiros, há que se considerar o impacto desses fatores na política de investimentos dos fundos de pensão, que historicamente têm utilizado taxa de juros reais de 6% a.a. para descontar o fl uxo atuarial, principalmente nos planos de benefício defi nido. O momento induz à diversifi cação dos investimentos, considerando as modalidades e características dos planos de benefícios, para manter o equilíbrio entre os ativos e os passivos.

Nesse sentido, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, em setembro de 2009, a Resolução nº 3.792, promovendo importante mudança na regulação dos investimentos dos fundos de pensão no País. Considerando a necessidade de reduzir custos e otimizar os recursos garantidores, os limites de aplicação dos recursos foram reorganizados e diminuídos de 55 para 30 e várias etapas foram estabelecidas no processo de investimento: observância de princípios, inclusive da responsabilidade socioambiental; seleção de administradores e profissionais com foco na qualificação; elaboração de análises técnicas de avaliação das opções de investimento; planejamento; realização das operações de aquisição e alienação de ativos; e desenvolvimento de sistemas de gerenciamento de risco.

Ademais, a Resolução CMN nº 3.792 confirmou a importância da política de investimento como ferramenta de planejamento na aplicação dos recursos, organizando os investimentos em seis segmentos: renda fixa (100%); renda variável (70%), investimentos estruturados (20%); investimentos no exterior (10%); imóveis (8%); e operações com participantes (15%). Adicionalmente, observa-se que os limites são compatíveis com o perfil do investidor que busca rentabilidade no longo prazo e não é afetado pela volatilidade dos preços dos ativos no curto prazo.

Além do desafio de cuidar dos ativos, os fundos de pensão têm o outro lado da balança para equilibrar. Além de outras variáveis consideradas nos cálculos dos passivos, o impacto do aumento da longevidade da população brasileira também deve ser considerado como um desafi o para a gestão dos fundos de pensão.

Para ter uma ideia, a expectativa de vida ao nascer do brasileiro passou de 45,5 anos, em 1940, para 72,9 anos em 2008. Segundo as tábuas de mortalidade brasileiras, o brasileiro com 60 anos de idade apresentava, em 1991, sobrevida média de 16 anos, ao passo que em 2008 a sobrevida já havia subido para 22 anos. Na média, a cada década, a longevidade tem aumentado 3,2 anos.

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