|nº 123| Março 07

Nesta Edição » Gestão - Responsabilidade com as pessoas e o planeta
 

Responsabilidade com as pessoas e o planeta

Fundos brasileiros aderem aos Princípios para o Investimento Responsável, iniciativa da ONU que tem a PREVI entre seus criadores

Catorze fundos de pensão brasileiros, entre eles Petros (Petrobrás), Brt Prev (Brasil Telecom), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Valia (Vale do Rio Doce), formalizaram a adesão aos Princípios para Investimento Responsável (PRI, na sigla em inglês), programa da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse programa mundial tem como objetivo que investidores passem a incorporar variáveis ambientais, sociais e de governança corporativa em suas decisões. O PRI foi lançado em Nova Iorque, em 2006, e a PREVI foi uma das entidades que participaram da elaboração do documento e a primeira signatária no Brasil.
No evento de adesão dos outros fundos, que ocorreu na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em 26 de março, o chefe da unidade responsável pelo programa na ONU, Paul Clements-Hunt, destacou que os investidores que participam do PRI hoje possuem ativos de US$ 8 trilhões e respondem por cerca de 12% do mercado global de investimentos. Esses investidores passaram a se preocupar com o controle de riscos e a ver também novas oportunidades a partir das diretrizes do PRI.
 
Paul Clements-Hunt lembrou que os compromissos do PRI são voluntários, mas sérios, o que ficou bem claro na reunião de trabalho que aconteceu com os fundos brasileiros antes da cerimônia de adesão. Para ele, também é importantíssima a participação brasileira no sucesso do PRI. “O país que nos deu a RIO-92 agora está vendo investidores aplicando dinheiro nos princípios da RIO-92... Hoje os investidores percebem que têm o dever de observar o impacto ambiental de suas decisões.”
Para o presidente da Bovespa, Raimundo Magliano, várias iniciativas estão sendo tomadas pelas empresas e pela Bolsa em relação às responsabilidades social, corporativa e ambiental. “Os investidores e a sociedade brasileira hoje aceitam um desenvolvimento menor, mas com responsabilidade. Estamos preocupados com o Planeta Terra”, afirmou.
O presidente da PREVI, Sérgio Rosa, explicou que quando houve o convite para a primeira fase do PRI sentiu-se muito honrado, mas também sabia que o desafio era muito grande e que, junto com outras entidades, haveria muito trabalho pela frente. “Nós, como investidores, temos um importante papel a cumprir. Precisamos preservar o planeta em que nossos participantes vão viver. O economista Milton Friedman disse que “o objetivo social das empresas é o lucro”. Peço licença para adaptar essa frase: o objetivo social das empresas é o lucro sustentável”, disse Sérgio Rosa.
Para Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), é necessário agregar as boas causas à cultura da previdência e que o exemplo de participação da PREVI no PRI deve ser seguido por outras entidades. “Não adianta nossos participantes estarem bem remunerados se não tiverem onde morar”, finalizou.


O que é o PRI Fundos que aderiram ao pri
O programa foi criado com o objetivo de transformar as questões relativas à responsabilidade socioambiental e corporativa em indicadores tão claros quanto indicadores do tipo: “risco-país”, fluxo de caixa, relação dívida/ebtida, lucro, rentabilidade sobre o patrimônio etc.
Para isso, a ONU selecionou 20 dos principais investidores do mundo, entre eles a PREVI, que produziram em 2005 um primeiro documento sobre o assunto, com diretrizes e compromissos que objetivam aprofundar e desenvolver a sua capacidade de lidar com estes problemas e tratá-los de forma efetiva e objetiva.
Banesprev (Santander Banespa)
Brt Prev (Brasil Telecom)
Fundação 14 (Brasil Telecom)
Celpos (Celpe)
Centrus (Banco Central)
Ceres (Embrapa)
Desban (BDMGg)
Economus (Nossa Caixa)
Faelba (Coelba)
Fasern (Cosern)
Funcef (Caixa Federal)
InfraPrev (Infraero)
Petros (Petrobrás)
Valia (Vale do Rio Doce)
"Previ liderou esse processo e participou desde o começo"

O responsável pelo PRI no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Paul Clements-Hunt, fala sobre a criação dos Princípios e a importância da participação da PREVI e do Brasil na iniciativa
Criação do PRI
“Para a participação dos fundos de pensão no PRI, houve um movimento convergente de interesses. Quando falamos em meio ambiente, responsabilidade social e governança sabemos que são medidas de longo prazo. Os fundos de pensão também trabalham com este parâmetro e têm consciência da responsabilidade social.
“Para o sucesso do PRI convergiram principalmente dois fatores. Primeiro o envolvimento do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Com esse envolvimento, os investidores levaram o PRI a sério. Outro ponto importante foi o estouro da bolha das empresas pontocom (empresas de tecnologia nos Estados Unidos). Com perdas de 7 trilhões de dólares, os fundos de investimento ficaram mais abertos a pensar nos riscos de longo prazo e em questões ambientais e de governança. Isso criou um momento propício para os Princípios de Investimento Responsável.”

Importância do Brasil

“Na criação do programa, a ONU não queria apenas a participação de fundos dos Estados Unidos, Europa e Japão. Era importante que o Brasil participasse. Principalmente porque é o país onde aconteceu a RIO-92, que projetou a imagem do desenvolvimento sustentável. Queríamos o envolvimento de um grande fundo brasileiro e a PREVI liderou esse processo e participou desde o começo.”

Envolvimento da PREVI

“A participação da PREVI se deu pela abertura pessoal de seu presidente, Sérgio Rosa, e de sua alta administração. Foi ativa desde o início. Não agiu como observador. Seu papel foi importante por dar a outros fundos de pensão a perspectiva dos países emergentes. Se o PRI ocorresse apenas no Hemisfério Norte não teria sucesso. Sem a participação do Brasil e da PREVI não teria sucesso.”