|nº 115| Junho 06

Nesta Edição » Responsabilidade Global - Previ adere a princípios da ONU
PREVI participa de iniciativa global da ONU
Investidores que administram mais de US$ 4 trilhões somam esforços para considerar as práticas de responsabilidade socioambiental em suas decisões

Desafio

A grande questão colocada sobre a mesa é “empresas com melhores práticas de responsabilidade socioambiental e de boa governança corporativa são mais seguras para o investidor de longo prazo?”

Para 20 grandes investidores globais (fundos de pensão de diferentes países), que juntos administram mais de US$ 4 trilhões de recursos, a resposta é “sim”. Todos acreditam que empresas que tenham boas práticas de respeito ao meio ambiente, que mantenham um elevado padrão de responsabilidade social e que assegurem transparência em seus negócios são empresas mais seguras, e que ao longo do tempo geram mais valor para seus acionistas e colaboradores. Ou seja, são empresas mais “sustentáveis”.


Apresentação do PRI em Nova Iorque

Se este pensamento é verdadeiro, como então considerar estas questões na hora da tomada de decisão sobre investimentos? Hoje em dia, os gestores dos fundos de pensão estão o tempo todo correndo atrás de investimentos de baixo risco e boa rentabilidade. Eles sofrem a cobrança dos associados e têm que demonstrar que tomaram as melhores decisões. E o “mercado” ainda não estabeleceu fórmulas, índices e metodologias claras para “precificar” (ou seja, atribuir um valor) às questões que dizem respeito ao meio ambiente, responsabilidade social e respeito aos acionistas e demais colaboradores da empresa.

Será possível transformar as questões relativas à responsabilidade socioambiental e corporativa em indicadores tão claros quanto indicadores do tipo: “risco-país”, fluxo de caixa, relação dívida/ebtida, lucro, rentabilidade sobre o patrimônio etc?

Estas questões foram apresentadas, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), a um grupo de 20 investidores selecionados entre os principais do mundo todo, e entre eles a PREVI. Estes investidores trabalharam durante o ano de 2005 para produzir um primeiro documento sobre o assunto, traduzindo um conjunto de diretrizes e compromissos que objetivam aprofundar e desenvolver a sua capacidade de lidar com estes problemas e tratá-los de forma efetiva e objetiva.

PREVI é a primeira signatária da América Latina

Foi criado assim o programa patrocinado pela ONU chamado de “Princípios para o Investimento Responsável (ou PRI – Principles for Responsible Investment ). Este programa será desenvolvido pelos próprios investidores envolvidos (cuja adesão é totalmente voluntária) e sob a coordenação da UNEP-FI (ou IF-PNUMA na sigla em português – Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente)

O Programa foi lançado primeiramente na Bolsa de Valores de Nova Iorque, no dia 27 de abril, com a presença do Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, quando os primeiros investidores assinaram o documento de adesão ao PRI. Depois, foi lançado em Paris no dia 2 de maio e finalmente no Brasil, em 10 de maio.

O diretor de Investimentos, José Reinaldo Magalhães, vai representar a PREVI no grupo de investidores que formará um conselho de gestão do PRI. Para ele, será uma grande oportunidade de colocar em prática aquilo que todos desejam, que é combinar o investimento seguro e rentável com o respeito ao meio ambiente e uma visão da empresa quanto a todos os impactos que seus negócios provocam. A possibilidade de levar esta discussão adiante com fundos de pensão do mundo todo torna a missão possível, pois vão se juntar diferentes experiências e um grande poder de fogo no cenário de investimentos.
Os compromissos
foram formalizados
em documento
lançado em
Nova Iorque,
Paris e no Brasil

Para o presidente da PREVI, Sérgio Rosa, que esteve em Nova Iorque para assinar o documento de adesão ao PRI, esta discussão tem tudo a ver com a própria missão da PREVI, que é olhar para o longo prazo, procurando alternativas sustentáveis e seguras de investimento. Ao se pronunciar no lançamento do PRI no Brasil, juntamente com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Sérgio Rosa recorreu a uma imagem para identificar o compromisso da PREVI: “Não adianta pagar a aposentadoria dos nossos associados hoje às custas da qualidade de vida do seu filho ou neto no futuro”.

DEFESA DO SOCIAL, DO MEIO AMBIENTE E DA GOVERNANÇA

Princípios a serem observados:

1 - Incluir temas como meio ambiente, desenvolvimento social e governança corporativa (ESG – Environmental, Social and Corporate Governance) nas análises de investimento e nos processos de tomada de decisão.


Recomendações:

  • enfatizar as questões de ESG nas políticas de investimentos;
  • apoiar o desenvolvimento de ferramentas, métricas e métodos de análises relacionados aos fatores de ESG;
  • avaliar as capacidades dos gestores de investimentos internos de incorporar os fatores de ESG;
  • avaliar as capacidades dos gestores de investimentos externos de incorporar os fatores de ESG;
  • solicitar aos provedores de serviços em investimentos (como analistas financeiros, consultores, corretores, firmas de pesquisa ou agências de avaliação) que integrem os fatores de ESG em suas pesquisas e análises;
  • motivar pesquisas acadêmicas entre outras sobre o assunto; e
  • promover o treinamento em ESG para profissionais da área de investimentos.

2 - Sermos proprietários ativos e incorporar os temas de ESG nas políticas e práticas de detenção de ativos.

Acões possíveis:

  • desenvolver e divulgar uma política de acompanhamento de participação ativa de acordo com os Princípios;
  • exercitar os direitos de voto ou supervisionar a conformidade com a política de voto (no caso de terceirização);
  • desenvolver capacidade de engajamento (por meios diretos ou por terceirização);
  • participar do desenvolvimento de políticas, regulamentação e estabelecimento de padrões (tais como a promoção e proteção dos direitos dos acionistas);
  • registrar as resoluções dos acionistas consistentes com a visão de longo prazo dos fatores de ESG;
  • atuar com as empresas no engajamento sobre as questões de ESG;
  • participar de iniciativas de engajamento cola-borativo; e
  • solicitar aos gestores de investimentos que comprometam-se e relatem sobre o compromisso relacionado à ESG.

3 – Buscar a transparência adequada nas empresas em que investimos quanto às questões de ESG.

Acões possíveis:

  • solicitar relatórios padronizados sobre as questões de ESG (usando ferramentas como Relatórios de Responsabilidade Sócio Ambiental, entre eles o Global Reporting Iniciative- GRI);
  • solicitar que as questões relacionadas à ESG sejam integradas dentro dos relatórios financeiros anuais;
  • solicitar informações a empresas no que se refere a adoção ou aderência às normas relevantes, padrões, códigos de condutas ou iniciativas internacionais (tal como o Pacto Global das Nações Unidas); e
  • apoiar as iniciativas e resoluções dos acionistas que promovem a divulgação de ESG.

4 – Promover a aceitação e a implementação dos princípios no conjunto de investidores institucionais.

Acões possíveis:

  • incluir requisitos relacionados aos Princípios nas solicitações de propostas (RFPs – Requests for Proposals);
  • alinhar mandatos de investimentos, procedimentos de monitoramento, indicadores de desempenho e estruturas de remuneração de forma adequada (por exemplo, garantir que processos de gestão de investimentos considerem horizontes de longo prazo quando apropriado);
  • comunicar as expectativas com relação aos fatores de ESG para prestadores de serviços de investimentos;
  • rever as relações com os prestadores de serviços que não cumpram as expectativas de fatores de ESG;
  • apoiar o desenvolvimento de ferramentas para avaliação da integração à ESG; e
  • apoiar o desenvolvimento de regulações ou de políticas que permitam a implementação dos Princípios.
Conheça os fundos que participaram do lançamento do PRI
Instituição
País
ABP
Holanda
AP2
Suécia
Bedrijfstakpensioenfonds Metalektro (PME)
Holanda
BT Pension Scheme
Reino Unido
Caisse de dépôt et placement du Québec
Canadá
Caisse des dépôts et consignations (CDC)
França
CalPERS
EUA
Canada Pension Plan Investment Board
Canadá
Catholic Superannuation Fund
Austrália
Christian Super
Austrália
CIA (Caisse de Prévoyance du Canton de Genève)
Suíça
Comité syndical national de retraite Bâtirente
Canadá
Connecticut Retirement Plans and Trust Funds (CRPTF)
EUA
Etablissement du Régime Additionnel de la Fonction Publique
França
Folksam
Suécia
Fonds de réserve pour les retraites (FRR)
França
General Board of Pension and Health Benefits of the United Methodist Church
EUA
Government Employees Pension Fund
África do Sul
Government Pension Fund
Tailândia
Kikkoman Corporation Pension Scheme
Japão
Lifeyrissjodur Verzlunarmanna (Pension Fund of Commerce)
Islândia
Mennonite Mutual Aid (MMA)
EUA
Munich Reinsurance Company
Alemanha
Nathan Cummings Foundation
EUA
National Pensions Reserve Fund of Ireland
Irlanda
New York City Employees Retirement System (NYCERS)
EUA
New York State and Local Retirement System
EUA
New Zealand Superannuation Fund
Nova Zelândia
Norwegian Government Pension Fund
Noruega
PGGM
Holanda
PREVI
Brasil
Storebrand
Noruega
Teachers' Retirement System of the City of New York
EUA
United Nations Joint Staff Pension Fund (UNJSPF)
International
Universities Superannuation Scheme (USS)
Reino Unido
VicSuper
Austrália

5 – Trabalhar juntos para reforçar nossa eficiência na implantação dos Princípios.

Acões possíveis:

  • apoiar/ participar de rede de relacionamento e informação para compartilhar ferramentas e recursos e fazer uso de relatórios de investidores como fonte de aprendizagem;
  • endereçar coletivamente assuntos emergentes relevantes; e
  • desenvolver ou apoiar iniciativas de colaboração consideradas adequadas.

6 – Divulgar nossas atividades e progressos em relação à implementação dos Princípios.

Acões possíveis:

  • divulgar como os fatores de ESG estão integrados com as práticas de investimentos;
  • divulgar atividades de acompanhamento das empresas (votação, engajamento, políticas de diálogo);
  • divulgar o que é solicitado aos prestadores de serviços em relação aos Princípios;
  • comunicar aos beneficiários sobre as questões da ESG e os Princípios;
  • relatar sobre o progresso e/ou realizações relacionadas aos Princípios usando uma abordagem Comply or Explain *
  • buscar determinar o impacto dos Princípios; e
  • fazer uso dos relatórios para estimular a consciência de um grupo mais amplo de atores-partes interessadas.

(*) A abordagem Comply or Explain requer que os signatários relatem como os princípios estão sendo executados ou forneçam uma explicação sobre os itens que eles não estão de acordo.