|nº 134| Jul 08

Nesta Edição » Entrevista » Estou entrando num time vencedor

Estou entrando num time vencedor

O novo diretor de Participações, Joilson Ferreira, fala nesta entrevista dos objetivos e de como encontrou a PREVI desde sua posse, em junho

Revista PREVI – Quais são os planos e as metas para o seu mandato na diretoria de Participações, que começou em junho deste ano?
Joilson Ferreira – É difícil falar em metas individuais quando se chega a um lugar em que as coisas estão dando muito certo. Estou entrando num time vencedor. O superávit traduz isso de forma muito clara. E um time coeso na gestão. Na área de participações, a gente chega com vários conflitos resolvidos ou a caminho de resolver, muitas ações com resultados práticos na valorização e defesa de nossos ativos. Num momento em que o PREVI Futuro atinge R$ 1 bilhão. Daí aumenta a responsabilidade. Agora é necessário olhar detalhes para possíveis ajustes e, com mais atenção, alguns investimentos e empreendimentos, buscando novos caminhos ou seguir os mesmos com um pouco mais de atenção. Estou num processo de analisar o que está indo bem e o que é possível melhorar.

Revista – Ter trabalhado antes na PREVI faz diferença?
Joilson – Sim e não. Nesses quatro anos em que fiquei distante da PREVI muita coisa mudou e é necessário cuidado até para não trazer aquela visão anterior e achar que ela está atual. Nesse período de tempo uma entidade do tamanho da PREVI muda muito. A vantagem é que conheço muitos processos e investimentos e muitas pessoas de minha passagem anterior, na diretoria e na assessoria. Obviamente, isso facilita.

Revista – A PREVI é hoje uma referência em governança corporativa?
Joilson – Não tenho dúvida. A visão que tinha um mês atrás, não estando aqui, era positiva, como a do conjunto dos associados. Mas aqui dá para ver melhor. Há critérios para seleção, processo de treinamento de altíssimo nível. Como o que aconteceu no encontro de conselheiros na Costa do Sauípe, com a presença de profissionais como o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, do Marcio Pochmann, presidente do Ipea, do José Santos, do Insead, da França. São poucos os eventos de treinamento com tanta expressão do lado teórico junto com pessoas que vivem a prática, como o presidente da Vale, o vice-presidente da Embraer, o presidente da ALL.

Revista – Como o senhor vê o papel dos conselheiros da PREVI na gestão dos investimentos?
Joilson – Eles têm um papel fundamental de  nos alertar de problemas, de grandes projetos, de riscos dos ativos. É uma vantagem ter esse relacionamento estreito, mesmo ressalvando que o conselheiro tem sua independência após eleito e deve defender o interesse da empresa. O fato de manter essa comunicação e troca de informações é positiva para os dois lados, porque o conselheiro ganha conhecimento e treinamento e ao mesmo tempo a PREVI passa a ter um olhar mais atento aos investimentos.

Revista – E a militância pelo Proxy Statement?
Joilson – É necessário primeiro explicar o que é isso. De maneira simplificada, é um manual de participação em assembléias de empresas. O processo de participação numa assembléia é muito complexo, envolve a tomada de decisão muito antes. Obviamente que você precisa ter o maior número de informações disponíveis para votar adequadamente. Esse manual é um pouco isso. O investidor minoritário quer participar, contribuir para a empresa, mas para isso existe uma forma que deve ser seguida. O trabalho é aprimorar isso, porque você só garante uma discussão de qualidade se seguir determinados padrões.

Revista – Além da preocupação com gestão, como estão os debates sobre responsabilidade socioambiental?
Joilson – Também estão bastante avançados. Cheguei aqui com a PREVI encerrando um processo de estruturação dessas ações não só para o público interno, mas com a preocupação de levar para as empresas participadas, como indutora. Tem um trabalho já finalizado, identificando as áreas em que podemos ter atuação. É uma reflexão que vamos fazer de maneira bem aprofundada. Faz parte de nossa agenda prioritária. Existe grande espaço para crescimento. A PREVI também participa de uma iniciativa reconhecida da ONU, que é o PRI, um instrumento muito importante. Estamos num momento  rico também nessa área, incorporando o assunto na nossa agenda, buscando estruturar nossa ação. Com a preocupação de olhar o todo, o meio ambiente, a sociedade, não apenas nossos interesses mais imediatos.

Revista – A PREVI está envolvida em processos de reestruturação de empresas, o que se pode falar sobre isso?
Joilson – O relevante é que a PREVI adota uma postura de acionista ativo. Temos liderado diversos processos de reestruturação. Exemplo é o da Brasil Ferrovias, em que trocamos ações e hoje somos sócios da ALL, agregando valor para a empresa e para a PREVI. Temos em andamento o processo da Paranapanema, em que praticamente resolvemos a questão da dívida da holding num acordo e creio que será também um marco. Há um processo parecido na Kepler, que de quase falimentar está hoje preparada para liderar seu mercado.

Revista – No dia a dia todos têm contato com empresas em que a PREVI detém participação e nem sempre se dão conta. Como é lidar com companhias em praticamente todos os setores da economia?
Joilson – Há um ponto muito importante que é pouco abordado quando se fala da atuação da PREVI, que é a consolidação das empresas brasileiras. Existe hoje um mercado de capitais bastante avançado no País, com a bolsa de valores podendo ser comparada às maiores do mundo. Quando a PREVI começou a investir era um mercado pequeno e pouco desenvolvido. De vez em quando alguém fala de um investimento que não deu certo, mas esquece de olhar que a grande maioria, acima de 95%, deu muito certo. Algumas das empresas que hoje têm reconhecimento do mercado passaram por momentos difíceis, mas a PREVI deu suporte. Como, por exemplo, a Perdigão e a Embraer. Hoje são casos de sucesso, mas a gente estava lá desde o início.

Revista – E como está a carteira imobiliária da PREVI?
Joilson – Temos uma carteira muito importante, que gera também bastante receita, com patrimônio de quase R$ 3 bilhões, maior que o de muitas fundações. E esse é um mercado que vem crescendo com o bom momento vivido pelo país. Há grande demanda por imóveis de bom padrão. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, nossa vacância é próxima do zero. A gente está num momento muito bom do País, com Grau de Investimento, queda no desemprego, crescimento econômico. No caso do setor imobiliário isso se traduz em vacância muito pequena, aluguéis que dão bom retorno, shoppings lotados.

Revista – Alguma mensagem para os participantes?
Joilson – O que posso dizer é que os ativos garantidores de nossa aposentadoria estão muito bem cuidados. A PREVI tem uma equipe de altíssimo nível, com profissionais reconhecidos no mercado e com a vantagem de serem também associados e terem um carinho maior na defesa da PREVI. Essa equipe é que nos garante uma boa gestão. A mensagem que posso passar para o participante é que sempre é possível melhorar, mas já temos hoje uma grande equipe para garantir nossos recursos. Para mim, pessoalmente, é uma grande honra participar de um time que, creio, é um dos melhores que podemos formar.