|nº 134| Jul 08

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Excelência em gestão e sustentabilidade

Para o diretor Fábio Moser, é necessário ter calma para enfrentar o atual momento de volatilidade econômica

Revista PREVI – Quais os planos para o seu mandato? Metas? Prioridades?
Fábio de Oliveira Moser –
Apesar do curto período no cargo, 30 dias, verifiquei que temos muito trabalho pela frente. O que podemos dizer é que a nossa prioridade é manter e aprimorar alguns princípios, como a excelência da gestão de nossos ativos, investimentos socialmente responsáveis, busca pelo cumprimento do enquadramento do Plano 1 e implementação dos perfis de investimento no PREVI Futuro.

Revista – Sobre o enquadramento do Plano 1, será necessário vender ações de empresas?
Moser –
A Resolução CMN 3456 regula os limites dos Fundos de Pensão por tipo de ativo. Nos últimos anos, a grande valorização dos ativos do Plano 1 acentuou o desenquadramento da PREVI em relação à legislação. Quanto ao desinvestimento, podemos dividir a questão entre as ações de mercado, com maior liquidez, e aquelas de participação no controle das empresas, onde a venda é regulada por acordo de acionistas. No primeiro caso, a venda depende muito do mercado, tanto do preço quanto da liquidez. No ano passado, a PREVI desinvestiu cerca de R$ 5,6 bilhões, o que pode se repetir ou não este ano, dependendo do comportamento do mercado. Temos o dever fiduciário de chegar ao enquadramento da melhor maneira possível. É muito mais factível explicar que não conseguimos chegar aos limites no prazo estipulado devido a condições de mercado que nos enquadrarmos a qualquer custo. No caso de ações em participações, a venda depende de gestões e negociações que não envolvem apenas as condições de mercado, exigindo a busca de melhores alternativas para a alienação do ativo.

Revista – E a qual receita para o Plano PREVI Futuro?
Moser –
Para o PREVI Futuro, que atingiu a marca de R$ 1 bilhão e beira os 50.000 participantes, o grande desafio é a implementação dos perfis de investimento. Sua implementação está prevista para 2009.

Revista – A Vale é uma das estrelas da carteira. A PREVI vai acompanhar o lançamento de ações para não diluir sua participação?
Moser –
A própria Vale já anunciou que os controladores vão acompanhar o aumento de capital. A participação da PREVI na Vale ocorre através da Valepar (controladora). Essa participação proporciona à PREVI direitos especiais no controle da empresa, que serão mantidos no aumento de capital da Vale, conforme decidido pela Diretoria Executiva e pelo Conselho Deliberativo.

Revista – Qual o impacto de utilizar o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa como um dos critérios para subsidiar decisões de investimento?
Moser –
A sustentabilidade busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais sem comprometer o futuro de quaisquer dessas demandas. A visão da PREVI é que não basta garantirmos os recursos financeiros para o futuro de nossos participantes se não houver, lá na frente, condições ambientais para que eles possam viver. Acreditamos, também, que nossos investimentos podem ser um instrumento capaz de contribuir para garantir esse futuro. Assim, passamos a incluir as questões de sustentabilidade em nossas análises de investimento e desinvestimento. Mas essa é apenas mais uma das atitudes que a PREVI tem tomado nesse sentido. Desde 2006, é signatária e representante para a América Latina dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), iniciativa da ONU para o investimento sustentável que reúne os maiores investidores institucionais do mundo, responsáveis pela gestão de ativos que ultrapassam 13 trilhões de dólares. Esses conceitos de sustentabilidade fazem também parte de nossos compromissos com o PRI.

Revista – A carteira imobiliária tem apresentado boa rentabilidade. Como o senhor vê esse quadro e o atual portfólio de investimentos da PREVI?
Moser –
A PREVI é hoje um dos maiores investidores nesse segmento e tem margem para novos investimentos, ao contrário do que ocorre em renda variável. Vão existir muitas oportunidades tanto na área de shoppings quanto de edifícios comerciais. Desde que seja bem negociado, bem comprado, bem vendido, é uma forma de diversificação da carteira.

Revista – Quais os principais desafios para gerir um patrimônio de quase R$ 140 bilhões?
Moser –
O sucesso do trabalho que vem sendo feito ao longo dos últimos anos não deixa dúvidas em relação ao que deve ser feito no futuro. Manter a seriedade da gestão, garantindo as melhores oportunidades de investimento e desinvestimento, maximizar a geração de rentabilidade, sempre com foco claro em nossas obrigações atuariais e, sem dúvida, contribuir ativamente, e cada vez mais, para o desenvolvimento de nossas empresas e de nosso mercado de capitais. Temos que gerir esses recursos utilizando as melhores práticas de governança corporativa, de forma a atender o passivo atuarial, retorno e liquidez, de forma a garantir o pagamento dos benefícios aos participantes.

Revista – Há temor no cenário econômico mundial: bolsas em queda e inflação em alta. Em que medida isso afeta os investimentos?
Moser –
Neste momento, de extrema volatilidade, é necessário ter calma e deixar a poeira baixar. Os participantes precisam saber que essa volatilidade não terá necessariamente impacto no patrimônio. No caso da Renda Fixa, por exemplo, surgem boas oportunidades de investimento em decorrência do aumento das taxas de juros, mesmo com a tendência de queda no longo prazo. Nosso objetivo é otimizar nosso portfólio, conjugando rentabilidade e segurança. Para isso são muito importantes os cenários, as perspectivas de mercado e a experiência de quem está há muito tempo lidando com ativos em bolsas e títulos públicos.

Revista – A compra da BRT pela Oi tem sido presença constante na mídia. Como o senhor tem acompanhado essa operação?
Moser –
Primeiro é necessário esclarecer que a PREVI é acionista da Brasil Telecom e da Oi desde a privatização do sistema Telebrás, fato permitido à época. Em decorrência da mudança da legislação, a PREVI está afastada da direção da Oi desde 2001, não tendo participado na decisão de compra da BrT. No que tange ao aspecto regulatório, é importante observar que a legislação foi elaborada há dez anos, num momento em que praticamente não existia celular e era difícil obter telefone fixo. Hoje a concorrência se dá entre telefonia móvel e fixa, o que leva à necessidade de atualização do marco regulatório. A junção da BrT com a Oi é boa para o país, à medida que cria uma empresa nacional com capacidade de competição. Competição e escala permitem ganhos para os usuários com redução de custos, ou seja, bom para o usuário, para o governo e para os acionistas.

Revista – Alguma mensagem para os participantes?
Moser –
Quero dizer aos participantes que podem ficar tranqüilos com a certeza de que faremos o melhor para garantir seu futuro com muito trabalho, eficiência na gestão, prestação de contas, eqüidade de informações, ética, buscando as melhores práticas de governança corporativa tanto na PREVI quanto nos investimentos.