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Rentabilidade que arranha o céu

Carteira estratégica para os fundos de pensão teve uma das maiores rentabilidades dos investimentos da PREVI no ano passado e abre oportunidades para novo ciclo de investimentos

Em forte crescimento desde 2007, o mercado imobiliário brasileiro tem ainda boa margem para expansão, aquecido pelos incentivos do governo, pelo aumento da renda e do poder de consumo da população e pela grande demanda de locação em consequência do crescimento das empresas. A perspectiva é de que os fundos de pensão ajudem a fomentar o setor imobiliário nos próximos anos, e a PREVI tem papel relevante nesse processo. Aplicar em imóveis é estratégico
para fundos por serem investimento de longo prazo e gerarem receitas permanentes e regulares de aluguéis, que permitem liquidez para o fluxo de pagamento de benefícios.

Diante da atual conjuntura econômica brasileira, favorecida pelo inédito patamar da taxa básica de juros (Selic), inferior a sua média histórica, o cenário continua propício à diversificação de investimentos em busca de retornos melhores que aqueles vinculados à taxa. Nesse quesito, além do segmento de renda variável, que apesar da volatilidade, oferece maior liquidez e rentabilidade no longo prazo mais alta que os títulos de renda fixa, o mercado imobiliário mantém-se como excelente alternativa de investimento.

Para o diretor de investimentos da PREVI, Fábio Moser, o mercado imobiliário brasileiro está em crescimento e ainda existem muitas oportunidades. Além disso, a exploração do pré-sal e eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, motivarão o investimento no setor, principalmente pelos grandes investidores institucionais, como a PREVI. “O mercado brasileiro está passando por uma fase de valorização muito rápida e isso advém da credibilidade da economia adquirida internacionalmente. Os investimentos em imóveis voltaram a ter rentabilidades melhores e passaram a ser uma boa alternativa para a diversificação do portfólio. Esse fato vem da melhora na política do setor, da mudança da legislação, do processo de locação e venda e do aumento da demanda por locação principalmente por imóveis comerciais de alto padrão, o que, por consequência, gera aumento de preço e concorrência. Investir em imóveis hoje é uma opção rentável”, diz o diretor.

A resolução 3.792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada em setembro do ano passado, ratificou possibilidades alternativas de investimentos em imóveis, seja por meio de Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI–, Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC – ou Fundo de Investimentos Imobiliários – FII.

A PREVI possui na carteira do Plano 1 R$ 3,5 bilhões aplicados em empreendimentos imobiliários, correspondentes a 2,8% dos investimentos totais do Plano, concentrados em conjuntos comerciais e shopping centers. Ao todo são 65 ativos, sendo 43 imóveis comerciais, 14 shopping centers e 8 imóveis em outros segmentos. Dentre os ativos que apresentaram os maiores retornos em 2009 estão os shoppings (32,19%) e os imóveis comerciais (25,83%).

Nos últimos anos, os ativos imobiliários geraram para o Plano 1 rentabilidade acima da meta atuarial. Em 2009, o rendimento acumulado foi de 24,42%, frente à meta atuarial de 10,10% no período. De 2000 a 2009, a rentabilidade apurada foi de 381,49%, enquanto a meta atuarial foi de 303,20%.

PREVI Futuro vai investir em imóveis

Apesar de jovem, o PREVI Futuro tornou-se um plano robusto, com ativos em torno de R$ 1,6 bilhão e quase 57 mil participantes. Para efeito de comparação, analisado isoladamente, com esse patrimônio estaria entre os 40 maiores fundos de pensão brasileiros.

Como estratégia de diversificação de investimento em busca de boas rentabilidades e risco pulverizado, e considerando a experiência técnica adquirida pelo Plano 1, a política de Investimentos do PREVI Futuro incluiu o segmento de imóveis na sua carteira. A aquisição de participações será feita de preferência em conjunto com o Plano 1 em imóveis novos ou em empreendimentos nos quais a PREVI já tenha participação .

Novos investimentos

O desempenho nos últimos anos e a melhora da governança tornaram o mercado mais atraente. Nesse cenário, a PREVI retomou o investimento em imóveis e pretende, no decorrer dos próximos cinco anos, aumentar de 3% para 5% a alocação dos recursos, no caso do Plano 1, e de zero para 5%, no PREVI Futuro. Dessa forma, o foco está voltado para o mapeamento e análise do mercado, de forma a identificar oportunidades e propor estratégias para o crescimento da carteira.

Depois de uma década sem realizar investimentos em novos ativos imobiliários, o Plano 1 adquiriu, no ano passado, quatro edifícios comerciais de alto padrão, sendo dois em Brasília e dois em São Paulo. Os investimentos somaram quase R$ 600 milhões e estão em sintonia com as boas perspectivas para o setor imobiliário e com o processo de renovação da carteira.

Em junho de 2009, foi adquirida a Torre A do empreendimento Parque Cidade, localizado no Setor Comercial Sul, em frente ao Parque Sara Kubitschek, região central de Brasília (DF). O negócio já apresentou retorno superior a 15% a.a. Com expectativa de rentabilidades semelhantes, a Torre C do mesmo condomínio foi adquirida em novembro, por exercício do direito de preferência negociado quando da aquisição da Torre A.

Em São Paulo, foram compradas duas torres do condomínio WTorre Nações Unidas, localizado no bairro de Pinheiros, na capital paulista. A expectativa é de que proporcionem retorno do investimento superior a 12% a.a. O condomínio está em consonância com a estratégia de sustentabilidade, sendo um dos poucos empreendimentos no Brasil certificado com o selo LEED (Leadership Energy and Environment Design), graduação Prata, de responsabilidade socioambiental.

Investir em imóveis sustentáveis faz parte da Política de Investimentos dos Planos. Segundo Moser, essa é uma tendência forte e agrega valor tanto para quem compra quanto para quem aluga: “Temos trabalhado para dar preferência para green building, o que chamamos de imóveis verdes, voltados para a questão da sustentabilidade desde a sua construção. São concebidos dentro de critérios que propiciam redução do consumo de energia e de água e que utilizam materiais que não prejudicam o meio ambiente”, afirma o diretor.

Avanços na legislação e governança

O mercado imobiliário ainda é carente de indicadores que subsidiem o acompanhamento e análise do setor, mas este ano promete grande avanço nesse campo com a criação de um medidor de desempenho, para avaliar com maior precisão a rentabilidade dos ativos.

A Fundação Getúlio Vargas, sob a coordenação da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) e apoio dos fundos de pensão, dentre eles a PREVI, vem desenvolvendo estudo para sistematizar a elaboração e divulgação de um índice específico para o mercado de imóveis no Brasil. O Índice de Referência de Rentabilidade do Mercado Imobiliário Brasileiro (Ibri) permitirá a avaliação média da rentabilidade do mercado imobiliário em diversas regiões do país, além da comparação com outros segmentos. A previsão é de que o índice passe a vigorar a partir do ano que vem.

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