Investimentos

Cenários Econômicos

02/10/2017

Outubro de 2017

O “Boletim Macroeconômico” é um relatório periódico que tem como objetivo informar aos participantes da Previ sobre os principais acontecimentos e atualizações referentes à conjuntura econômica. Nesse relatório também são expostas projeções realizadas pelo mercado, provenientes de fontes públicas.

 

Relatório Trimestral de Inflação (Dados coletados até 02/10/2017)

No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado no último dia 21/09, o Banco Central relata que houve evolução favorável do cenário econômico desde a publicação de seu relatório de inflação anterior. No ambiente externo, a recuperação da atividade global permanece, apesar do baixo patamar inflacionário, com crescimento acima das expectativas nas economias avançadas. A continuidade das políticas monetárias expansionistas pelos principais bancos centrais vem dando suporte adicional ao crescimento e contribuindo para o fluxo de recursos para os países emergentes.

Internamente, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre surpreendeu positivamente, indicando uma retomada gradual do crescimento econômico, impulsionado pelo consumo das famílias. Contribuíram para o aumento do consumo, os recursos das contas inativas do FGTS e a recomposição do poder de compra da população pela queda da inflação corrente.

Segundo cálculos do Banco Central, as projeções para a inflação (IPCA) no fim de 2018 e 2019, são de alta de 4,3% e 4,2%, respectivamente, com a inflação do ano vigente em torno de 3,2%. As estimativas indicam que o ciclo de flexibilização monetária (leia-se queda dos juros) estão em estágio final. O Banco Central deve diminuir o ritmo de queda da taxa SELIC de forma moderada, a depender das condições econômicas, da evolução da atividade econômica e do balanço de riscos.  

Fatores interno e externos têm contribuído para a queda da inflação e auxiliado no objetivo do Banco Central de controle dos preços. O comportamento da inflação permanece favorável, o que abre espaço para a manutenção da queda dos juros, porém com menor intensidade.

 

Taxa de Câmbio (Dados coletados até 02/10/2017)

O ambiente externo favorável tem prevalecido com crescimento acima do previsto em economias centrais como nos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão. Esse cenário internacional mais benigno e a manutenção de estímulos monetários, ou seja, taxas de juros abaixo dos níveis históricos, vêm direcionando recursos em busca de maiores retornos em países emergentes.

Apesar de toda a incerteza gerada pelo risco político, a taxa de câmbio (R$/U$) vêm flutuando no patamar entre R$3,10 e R$3,20, ao longo dos últimos meses. Depois de alcançar a taxa mínima no ano (R$ 3,05 em fevereiro), em período de relativa calmaria nos mercados e avanço na agenda de reformas, houve mudança repentina com divulgação da delação da JBS, com a taxa alcançando R$ 3,37 em maio, a máxima do ano. Todavia, esse movimento de depreciação não se sustentou.

Fatores externos têm prevalecido no balanço de riscos: o Dólar mais enfraquecido, taxas de juros americanas ainda baixas por período prolongado e preços de commodities favoráveis têm efeitos positivos para a economia brasileira. Porém, a “janela de oportunidade”  pode se fechar a qualquer momento, tendo em vista que além desses fatores a economia brasileira ainda carece de ajustes essenciais, principalmente para reequilibrar as contas públicas.

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Inflação (Dados coletados até 11/09/2017)

Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,19%, contra um crescimento de 0,24% em julho. O grupo “Alimentos e Bebidas” apresentou deflação de 1,07%, sendo o fator que mais contribuiu para a redução do IPCA Por outro lado, “Transportes” foi o grupo que mais cresceu, com expansão de 1,53%, motivada pela alta dos tributos sobre combustíveis: gasolina 7,19%, etanol 5,71% e diesel com 3,88%.

Merece destaque o desempenho do grupo “Artigos de Residência”, que no último mês encontrava-se em deflação e este mês apresentou alta de 0,20%.

Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou deflação de -0,03%, motivado pela queda no preço dos alimentos (-1,18%). O INPC acumulado até o mês de agosto (1,27%) foi o menor índice registrado pelo indicador. No ano passado, neste mesmo período, o valor era de 6,09%.

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Fonte: IBGE e Banco Central, elaborado pela Previ 

 

Política Monetária (Dados coletados até 11/09/2017)

Copom mantém ritmo de queda da taxa básica de juros (SELIC) e indica que pode diminuir a intensidade da redução na próxima reunião. Em reunião realizada no dia 31/08/2017, o Banco Central diminuiu em um ponto percentual a taxa de juros básica da economia de 9,25% para 8,25%, em linha com nossas expectativas. Essa foi a oitava queda seguida da SELIC e foi justificada por um comportamento da “inflação bem favorável” no Brasil e no exterior. Em nota, os diretores do Comitê de Política Monetária destacaram a intenção de reduzir a intensidade das reduções da taxa SELIC.

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Atividade (Dados coletados até 01/09/2017)

O PIB brasileiro apresentou crescimento de 0,2% no segundo trimestre do ano em relação ao primeiro.

Apesar da elevação registrada na atividade econômica no trimestre, no acumulado dos últimos doze meses o PIB apresenta retração de 1,38%,  embora haja tendência em direção ao patamar positivo.

No primeiro semestre do ano, a economia demostrou alguns sinais de recuperação  No entanto, deve-se observar os dados com parcimônia, tendo em vista que as taxas positivas não estão totalmente disseminadas na economia.

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Pela ótica da demanda, o consumo das famílias destacou-se registrando um aumento de 1,4% no segundo trimestre. Além da liberação das contas inativas do FGTS, a queda da inflação acompanhada com aumento de renda real e a diminuição da taxa básica de juros contribuiu para a melhora do consumo. Merece destaque também o aumento de 0,5% das exportações brasileiras.

Pela ótica da oferta, o setor de serviços foi o responsável pelo crescimento no segundo trimestre, avançando 0,6% em relação ao trimestre anterior, sendo o comércio o subsetor que mais se destacou, com alta de 1,9%. Contudo, ao observar os dados acumulados nos últimos doze meses o destaque foi o setor agropecuário (6,17%).

Por sua vez, o PIB industrial influenciou, negativamente, registrando queda de 0,5%. Detalhando por subsetores industriais, a indústria extrativa mineral contribuiu positivamente em 0,4% em relação ao trimestre anterior. A indústria de transformação cresceu na margem em 0,1%. Já o setor de eletricidade apresentou queda de -1,3% e a construção civil denotou a pior queda da indústria,  de -2% na comparação trimestre contra trimestre e -6,6%  na comparação anual.

Em um cenário prospectivo, o consumo das famílias poderá determinar a continuidade da recuperação econômica, dependendo das condições macroeconômicas favoráveis de juros e inflação baixos e a melhora gradual do mercado de trabalho.

 

Estados Unidos (dados coletados até 30/08/2017)

Enquanto o mundo aguarda os desfechos das tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que provocaram aumento da volatilidade nas principais bolsas do mundo, as atenções se voltam para a repercussão dos discursos dos principais líderes de bancos centrais no tradicional simpósio de Jackson Hole, organizado pelo FED de estado de Kansas. Sem muitas novidades, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, deu poucos sinais sobre quais serão os próximos passos para normalização da política monetária da Zona do Euro, em um cenário mais positivo de crescimento econômico. Assim como nos EUA, na Europa o atingimento da meta de 2% de inflação é o ponto de partida para o BCE reduzir os estímulos monetários. Observa-se, porém, um comportamento pouco consistente da inflação, apesar da queda da taxa de desemprego.

Em seu discurso, a presidente do FED, Janet Yellen, ressaltou a importância do fortalecimento das instituições norte-americanas e defendeu a atual regulamentação financeira do país como de suma importância para reduzir os riscos de novas crises. Yellen destacou que os regulamentos implantados no período pós-crise de 2007 tornaram o sistema financeiro mais seguro, sem prejudicar a atividade econômica. Na visão de alguns analistas foi um discurso direcionado ao presidente dos Estados Unidos, que durante a campanha eleitoral criticou o atual sistema regulatório. O atual mandato de Yellen como presidente do Federal Reserve termina em fevereiro de 2018 e cabe ao presidente Donald Trump a decisão de reconduzi-la ou escolher seu substituto. 

Com seis quedas consecutivas nos últimos meses, os índices de preços americanos, CPI núcleo e CPI índice cheio, apresentaram desinflação (vide gráfico). É difícil identificar as causas dessas quedas, pois a taxa de desemprego tem atingido mínimas históricas. Uma das hipóteses está relacionada a mudanças estruturais no mercado de trabalho, no ponto de vista de alguns analistas.

Para o Banco Central (FED), esse movimento de inflação mais fraca pode postergar a elevação das taxas de juros e “frear” seu plano inicial de normalização. Nesse cenário, é provável que se mantenham a liquidez mundial e o fluxo de capitais para os países emergentes. 

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Política Fiscal (dados coletados até 30/08/2017)

No primeiro semestre de 2017, o déficit primário atingiu R$ 56,1 bilhões, apresentando crescimento real de 48,3%. Nesse período, as despesas totais alcançaram R$ 604,3 bilhões, enquanto as receitas líquidas totais somaram R$ 548,2 bilhões. Merece destaque os gastos com previdência social, que registraram déficit de R$ 52,9 bilhões, sem os quais o resultado acumulado seria superavitário.

O gráfico a seguir mostra a evolução das despesas totais e das receitas liquidas totais que, juntas, compõem o resultado primário. Observa-se que desde o final de 2014 as despesas têm sido recorrentemente superiores as receitas, em termos acumulados anuais.

 

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As dificuldades de adequação do resultado primário suscitaram elevação da meta do déficit fiscal deste ano e de 2018. Para 2017, a meta foi revista de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, em linha com as projeções do mercado apuradas pelo Prisma Fiscal, sistema de coleta de expectativas de mercado da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que tem entre seus objetivos ancorar as expectativas quanto ao desempenho de importantes variáveis fiscais brasileiras.

 

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O presente boletim, de caráter informativo, foi produzido com base em dados publicamente divulgados. A PREVI não declara, tampouco garante, de forma expressa ou tácita, que tais dados sejam imparciais, precisos, completos ou corretos. Cenários, análises, projeções, prognósticos e estimativas com base em tais dados estão sujeitos a riscos e incertezas e podem ser, ainda, e a qualquer momento, prejudicados, desconsiderados e descartados, até mesmo como decorrência, por exemplo, de mudanças na conjuntura nacional e/ou internacional, divergências nos critérios e métodos interpretativos e/ou nos fatores de riscos sistêmicos e/ou associados a alterações geopolíticas, políticas, econômicas, sociais, legislativas ou regulatórias. Este boletim não deve, em nenhuma circunstância, ser considerado como indicação, orientação, recomendação ou fonte para tomada de decisões. Compete a cada leitor realizar pesquisas, estudos e análises devidas. Qualquer eventual decisão ou ação é de sua exclusiva responsabilidade, não podendo a PREVI, em nenhuma hipótese, ser de qualquer forma responsabilizada, inclusive, por qualquer perda ou dano, direto ou indireto. A PREVI não assume qualquer compromisso ou obrigação, inclusive de revisar, atualizar ou complementar este boletim. A reprodução, divulgação, distribuição ou compartilhamento não expressamente autorizado deste boletim,  ou de qualquer parte dele, sujeitará o infrator às penalidades legais.

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