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"PREPARADA PARA O COMBATE"

Devanir Silva, superintendente geral da Abrapp, fala sobre o impacto da Covid-19 na previdência complementar e o que podemos aprender com as crises passadas

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“Se é válida a imagem de que a pandemia da Covid-19 mergulhou o mundo em uma guerra, é fato que nossa previdência complementar está preparada para o combate”, afirma o superintendente-geral da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar). Devanir, que atua no setor de previdência complementar desde 1981, conta que já viu todo tipo de crise no mercado brasileiro e global, mas que o setor sempre supera os momentos difíceis. Para ele, a situação não será diferente agora em que o mundo se vê às voltas com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
 

Em entrevista à Resenha Previ, Devanir Silva observou que o sistema brasileiro de previdência complementar fechada está em situação de solvência superior à encontrada nos Estados Unidos, na Austrália e na Alemanha. Também falou sobre que lições podemos tirar das crises anteriores e lembrou que a Previ tinha apenas 14 anos de existência quando eclodiu a Gripe Espanhola. A seu ver, a recuperação no período pós-pandemia será um prêmio para os mais resilientes, com o fomento da poupança previdenciária.

Qual o impacto da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus sobre o setor de fundos de pensão?

A crise é enorme porque está presente ao mesmo tempo na saúde, na sociedade e na economia. Por outro lado, tudo isso, felizmente, está acontecendo em um momento em que o sistema formado por nossas entidades acumula indicativos da mais plena solidez. O indicador de solvência (que resumidamente mede a capacidade de honrar os compromissos) é de 100%, o que coloca o sistema brasileiro à frente do norte-americano, do australiano e do alemão. Em resumo, o quadro é sólido e em nenhum momento aponta para a atuação de gestores impulsionados em vender o que têm a qualquer preço para fazer caixa.
 

A recuperação virá no pós-pandemia com um prêmio para os mais resilientes. Estou vendo a criação de uma consciência que vem fortalecendo a importância do ato de poupar e de criar reservas seja para a aposentadoria ou para momentos ruins. E isso, certamente, terá como destino o fomento da poupança previdenciária.
 

Em que medida podemos comparar essas crises a outras crises anteriores do mercado financeiro? Quais seriam as diferenças e as semelhanças entre elas?


Nosso sistema tem se mostrado não só resiliente a todas as dificuldades pelas quais o país passou nas últimas décadas, mas também saiu delas ainda mais fortalecido. Vejamos um exemplo bem próximo a nós: no último dia 16 de abril comemoramos os 116 anos da Previ. Nascida no ano de 1904, tinha apenas 14 anos quando a Gripe Espanhola fez incontáveis vítimas no Brasil. A passagem da data evoca superação, tanto mais por ter a Caixa dos Funcionários do Banco do Brasil se tornado depois disso a número 1 no Brasil e na América Latina.
 

Em 2009, ano seguinte ao da crise do subprime, quando as economias brasileira e do mundo lutavam em meio a muitas dificuldades, o nosso sistema apresentou um rendimento equivalente a mais do que o dobro da necessidade atuarial. No próprio ano da crise (2008), enquanto os fundos de pensão internacionais da lista da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sangravam em mais de 20%, os brasileiros conseguiam segurar a sua rentabilidade negativa em não mais de 1,64%. É verdade que estamos enfrentando a pior de todas, mas o sistema brasileiro de previdência complementar talvez seja o mais preparado para enfrentar estas adversidades.
 

Por sua experiência com crises anteriores, quais são os fatores que aumentam a resiliência de um fundo de pensão durante a crise?

Podemos dizer que é especialmente em momentos como esse que a visão de longo prazo cultivada pelos gestores dos fundos de pensão faz uma enorme diferença no resultado. Sem essa visão de longo prazo, as oportunidades que quase sempre surgem nas crises podem passar despercebidas ao gestor de fundo de pensão menos atento aos detalhes. Mas tudo tem um ponto de partida que, nesse caso, é um amplo conhecimento do passivo que a entidade carrega. Uma visão clara das responsabilidades futuras é o que irá oferecer as condições para que, a partir dela, o dirigente exerça uma gestão calibrada, colada na realidade e efetivamente de longo prazo.
 

Em um momento como esse, quais devem ser as prioridades dos gestores de fundos de pensão? É possível transformar essa crise em oportunidade?

O nosso sistema vem fazendo exatamente isso, ou seja, transformando as dificuldades sempre que possível em oportunidades. E, para explicar isso, além da visão primordialmente de longo prazo, precisamos acrescentar outros fatores como a qualidade da gestão, o emprego das ferramentas de controle adequadas e tudo mais que remete à qualidade e ao profissionalismo. Com essa receita em mãos e na cabeça, as entidades evitam negociar agora ativos que se encontram depreciados neste momento em função das condições adversas de mercado. Ao mesmo tempo, aproveitam eventualmente até essa depreciação momentânea para adquirir papéis cujos fundamentos permitirão a recuperação de seus preços no futuro.
 

É claro que momentos de tanta volatilidade provocam pressão, estressam o ambiente de negócios e exigem que gestor e participantes dos planos estejam alinhados, algo que só se consegue com uma boa comunicação, baseada em textos, áudios e vídeos atrativos, claros e curtos para atrair a leitura.
 

Participantes e gestores devem compartilhar tudo que puderem, especialmente no que diz respeito às expectativas geradas pelos perfis de investimentos.
 

Em sua visão, qual é o prognóstico de recuperação da economia global e brasileira? Quais os setores mais bem preparados e que podem sair da crise mais rápido?

A economia brasileira vinha experimentando um tímido retorno à atividade antes da crise e, agora, com os problemas fiscais agravados e o cenário econômico global também desfavorável, é certo que a recuperação no país será lenta. É muito importante, portanto, que o arcabouço fiscal e monetário seja eficaz.
 

Nesse ponto, aliás, cabe lembrar o papel fundamental que os fundos de pensão poderão exercer como verdadeiros protagonistas capazes de ocupar o centro do espaço, de somar esforços na retomada da atividade econômica e de trazer de volta trabalho e renda. E nesse momento, é claro, existem setores que se destacam e oferecem oportunidades. O agronegócio, o processamento de alimentos, a indústria farmacêutica e a tecnologia podem ter plena condição de superação mais rápida.
 

O que um fundo de pensão precisa para aproveitar melhor o impulso da recuperação quando ela vier?

Os fundos de pensão precisam ser vistos e tratados como prioridade pelos governantes por meio de políticas públicas que traduzam o entendimento do muito que a poupança previdenciária pode fazer pelo Brasil, a exemplo dos enormes benefícios que proporcionam nas nações mais desenvolvidas. No caso brasileiro, infelizmente, essa compreensão sobre o potencial transformador que as nossas entidades trazem consigo ainda está aquém. Já progredimos bastante, mas, se conseguirmos ir além, poderemos fazer ainda mais.

No médio prazo, como vê o cenário de investimentos para os fundos de pensão? E que desafios ele traz para os gestores dos fundos depois da crise?

O desafio colocado para os gestores será cada vez maior e mais intenso se mostrarem competência na gestão do risco, considerando que viveremos em um mundo financeiro crescentemente habitado por imprevistos e produtos complexos. Felizmente, contamos com quadros dirigentes e profissionais à altura dos desafios, qualificados, inclusive, para buscar para as carteiras um maior rendimento por meio de investimentos no exterior.
 

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Prioridade

"Os fundos de pensão precisam ser vistos e tratados como prioridade pelos governantes por meio de políticas públicas que traduzam o entendimento do muito que a poupança previdenciária pode fazer pelo Brasil, a exemplo dos enormes benefícios que proporcionam nas nações mais desenvolvidas", Devanir Silva.

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