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Bem-estar

VOLUNTÁRIOS QUE ATUAM POR MÚSICA

Aposentados do BB colaboram com o Espaço Cultural da Grota e sua Orquestra de Cordas, projeto que beneficia centenas de crianças

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Adriana Silva se preocupava com a filha, Maria Eduarda. Moradora da comunidade da Grota, em Niterói, Rio de Janeiro, ela não queria que a menina, de 11 anos, passasse as tardes em casa, pendurada no celular, sem nenhuma atividade. Foi quando sua irmã teve uma ideia: matricular Maria Eduarda nas aulas de música do Espaço Cultural da Grota, projeto social que atende a comunidade desde 1995.

Maria Eduarda nunca tinha estudado música, nem tocava qualquer instrumento. Hoje, aos 13 anos, toca harpa, flauta doce e percussão na Orquestra de Cordas da Grota e já se apresentou três vezes no Teatro Municipal da cidade. “Fiquei muito nervosa na primeira vez, mas agora estou mais acostumada”, conta a menina, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental.

Na Grota, Maria Eduarda tem aula duas vezes por semana e ensaios aos sábados. “É prazer, não é obrigação”, conta, sorrindo. A menina sonha com um futuro melhor e gostaria de fazer faculdade de Música. Mesmo tão jovem, ela sabe também que a importância do trabalho desenvolvido pelo Espaço Cultural da Grota vai muito além das notas musicais. “Muitas crianças daqui se livram do caminho errado por causa da Orquestra”, diz.

A história de Maria Eduarda é o espelho da de centenas de crianças que passaram pela instituição. Histórias como as de Raquel Terra, ex-aluna do projeto, que hoje dá aulas no núcleo da Grota em São Gonçalo e atua como musicista profissional, compondo trilhas para teatro.

 

 

De pai para filho


Ou de José Carlos Vidal, o Katunga. Ele fazia reforço escolar na Grota, no começo dos anos 1990, e aderiu às aulas de música assim que elas começaram, por diversão. Mal sabia ele que o que começou como um passatempo se tornaria seu meio de vida.

“Já dou aula na Grota há 20 anos, e ensino música em outras escolas. Nunca imaginei que esse seria o meu trabalho”, diz Katunga. E como muitas vezes a paixão passa de pai para filho, Antônio Vidal, de apenas 8 anos, filho de Katunga, já estuda na Grota e tem inclinação por piano e violoncelo.

“Ele é comunicativo, faz aula com todos os professores”, diz o pai, com orgulho, lembrando que carregava o menino a tiracolo para dar aulas no Espaço Cultural.


De mãe para filho

Mas como tudo começou? A história da orquestra teve inícioem 1995, quando o músico Márcio Paes Selles passou a daraulas de flauta doce no projeto social mantido pela mãe, Dona Otávia, da comunidade da Grota do Surucucu. Pouco depois, estimulado pela receptividade dos alunos, Márcio montou um pequeno grupo para fazer apresentações no local.

Esse conjunto viria a ser a semente que deu origem à Orquestra de Cordas da Grota. Em pouco tempo, o projeto cresceu e apareceu.

Hoje, são quase mil alunos nos cursos do Espaço da Grota, com 18 núcleos fora da comunidade, e unidades em São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Nova Friburgo; parcerias com universidades, como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a UniRio; 12 prêmios nacionais e internacionais; e três CDs gravados.

Orgulho de ser voluntário
 

O trabalho do Espaço Cultural e da Orquestra de Cordas da Grota enche de orgulho quem atua por lá. Aposentado do Banco do Brasil, Sérgio Porto conheceu o projeto em 2004. “Meu filho tinha cantado com o Márcio Selles em um coral e me apresentou à organização”, conta.


Encantado, Sérgio começou a ajudar na área administrativa, tornando-se conselheiro, e logo foi convidado para dar conta do desafio de estruturar um projeto para conseguir apoio para a instituição. O auxílio obtido junto a instituições como a Cooperforte ajudou a impulsionar as atividades.


Animado, Sérgio convidou o amigo Carlos Alberto Farah, também aposentado pela Previ, para se unir à causa. Farrah, que já fazia trabalhos voluntários em Niterói, passou a agregar seu conhecimento administrativo. À medida que novos alunos se formavam, começavam a ser encaixados como monitores no Espaço. Mas como aproveitar tantos talentos que ficavam prontos para se profissionalizar a cada ano? Farah teve então a ideia de levar alguns desses jovens para criar um núcleo de música em uma escola pública da cidade.



“Esses meninos são pedras brutas que vão sendo lapidadas e descobrem algo de bom para passar adiante”, diz ele, que hoje é membro do Conselho Deliberativo da Orquestra.

 

Brilho no olhar

Arlindo Magno, por sua vez, entrou no projeto em 2018. Também aposentado do BB, ele se integrou à organização para ajudar a estruturar melhor sua área de governança e melhorar a qualidade dos controles internos. “Isso é muito importante para ajudar a captar recursos em uma entidade sem fins lucrativos”, afirma ele, visivelmente satisfeito de poder ajudar.
 

O retorno do trabalho voluntário, diz ele, é ver o brilho no olhar dos jovens. “É um orgulho auxiliar uma instituição que jamais perdeu uma criança para o tráfico de drogas”, afirma.
 

Wagner Verly, por sua vez, trabalhou 25 anos no Banco e hoje também empresta seu conhecimento para ajudar a Grota. “Bancário manja de contabilidade”, diz ele, que trabalhava na área de câmbio. Wagner conta que pretende continuar como voluntário enquanto tiver forças e puder ser útil. E convoca os antigos colegas. “Estou encantado com o projeto e seria muito bom se mais amigos se associassem.”

 

O que a vida nos dá de bom

Atuando como diretor administrativo e financeiro no projeto, Francisco Pereira da Silva resume o sentimento dos voluntários: “Estamos dando dignidade a esses jovens e distribuindo um pouco do que a vida nos deu de bom”.

Com tanto amor envolvido e um passado brilhante, o que dizer do futuro da Grota? Até onde o projeto pode chegar? Márcio Selles diz que não tem bola de cristal, mas que deseja muito ver a Orquestra continuar crescendo.

“Só que tem uma condição importante: precisamos ter todo o cuidado de nunca perder nossas qualidades lúdicas e a perspectiva de formação do indivíduo. Porque aqui não se trata apenas de aprendizado, mas de ajudar os alunos a se estruturarem e a conviverem com os demais sempre sob a ótica de um espírito colaborativo”, conclui.
 

 

  • Sérgio Porto, Francisco Pereira, Carlos Farah, Arlindo Magno e Wagner Verly, voluntários engajados no ECG

  • Sérgio Porto se encantou com o trabalho da Orquestra e levou amigos para serem voluntários como ele

  • "Esses meninos são pedras brutas que vão sendo lapidadas", Carlos Farah

  • "Estamos dando dignidade a esses jovens", Francisco Pereira da Silva

  • Para Arlindo Magno, é um orgulho ser voluntário em uma instituição que nunca perdeu uma criança para o tráfico

  • "Seria muito bom se mais amigos se tornassem voluntários", Wagner Verly

  • Para Paulo de Tarso, diretor-presidente do Espaço Cultural da Grota, a música é capaz de salvar vidas

  • Raquel Terra é ex-aluna do projeto, dá aulas no núcleo da Grota em São Gonçalo e atua como musicista profissional

  • Alunos de várias idades fazem parte da Orquestra da Grota

  • As aulas de música são fundamentais para dar uma nova perspectiva às crianças e jovens da Comunidade da Grota, em Niterói

  • Marcio Selles, criador da Orquestra e incentivador da música na vida das crianças da Grota do Surucucu, em Niterói

  • Um pouco sobre a relação dos voluntários do BB com o Espaço Cultural da Grota

Marcio Selles e a Osquestra de Cordas da Grota

Quer ser voluntário do Espaço Cultural da Grota? Acesse o site www.ecg.org.br/voluntarios e preencha os dados, ou ligue para

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