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19 de abril: dia de celebração ou de resistência?

A data, dedicada a celebrar a cultura e herança indígena em todo o continente, ainda é marcada por muita luta

19/04/2023

Celebrado em 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas substitui o Dia do Índio. A data, que tem origem em 1943, ainda no governo de Getúlio Vargas, é marcada pela celebração da diversidade das histórias e das culturas dos povos indígenas, pelo combate aos preconceitos e pelo estabelecimento de políticas públicas que garantam os direitos dos povos originários. Acima de tudo, é também uma oportunidade de se pensar nos avanços que devem acontecer para que os direitos dos povos indígenas sejam integralmente garantidos.

A mudança de nome atende à reivindicação dos povos originários, que vêem no termo "povos indígenas" mais representatividade, uma vez que significa “originário”, ou “nativo de um local específico”. O projeto por essa alteração é de autoria da deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), única deputada federal indígena, e representa uma grande conquista de equidade e reparação histórica, afinal, os povos originários eram 100% da população do Brasil antes da colonização. Apesar de o termo “índio” ter sido difundido quando houve a colonização do Brasil devido ao fato de os portugueses considerarem que haviam chegado à Índias, o termo “indígenas” representa uma forma mais precisa dos povos originários e combater o preconceito que envolve o estereótipo do “índio”.

Segundo dados do último censo do IBGE, há quase 900 mil indígenas no Brasil divididos em 305 povos que vivem em todos os Estados da Federação, inclusive no Distrito Federal. Dentre as cinco regiões do Brasil, a Região Norte é a que tem maior concentração de indivíduos: 305.873 mil, que representam aproximadamente 37,4% do total em todo o país e no Amazonas vivem 55% desse total.

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Foto: Mário Vilela/Funai

O olhar da ancestralidade

Para entender mais sobre a importância dessa data, a Previ conversou com um colega do Previ Futuro autodeclarado indígena, Lucas Galindo.

“Eu me reconheço como indígena desde que eu me conheço por gente. Meu apelido na escola sempre foi ‘índio’. No futebol também. E é uma coisa que eu gosto. Me fez despertar cada vez mais para o tema e ter o interesse constante em buscar essa origem e fonte de ancestralidade”.

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Em 2017, Lucas pôde compartilhar um pouco sobre a sua história com outros funcionários do BB. Ele contou um pouco sobre a experiência:

“O Inspira BB em 2017 teve como tema as particularidades da cultura brasileira. Eu fui um dos cinco funcionários palestrantes daquela edição, que aconteceu aqui em Salvador, no Teatro Castro Alves. O tema da minha palestra foi o “Índio da cidade”, em que conto um pouco da minha história. Depois disso essa identificação aumentou porque as pessoas que viram passaram a procurar e conhecer mais detalhes, além de prestar solidariedade à causa indígena.” 

Lucas também falou sobre autodeclaração, direitos concedidos através de muita luta com a FUNAI e sobre as barreiras de preconceito que ainda tomam conta de uma boa parte da sociedade.

“Vejo que ainda existem dificuldades, as pessoas que têm alguma história ligada à questão indígena muitas vezes se sentem acuadas em expressar isso, com receio de represálias e achar que por estar se colocando nessa situação, querem ter algum tipo de benefício. Não é o meu caso, sou indígena autodeclarado, mas não tenho cadastro na FUNAI, que é o que me daria direitos, e nem quero porque acho que não seria justo. Eu tenho uma vivência dentro da cidade, de classe média, então não é essa a minha demanda. Essa autodeclaração vai muito além de simplesmente ter uma necessidade de utilizar os benefícios que são colocados, que são muito poucos, mas resultado de muita luta.”  

Para Lucas, é importante que o tema da autodeclaração seja cada vez mais debatido, proporcionando que mais pessoas se sintam encorajadas a reconhecer suas origens e ancestralidade. 

Indicações que valem muito a pena

Conheça 10 obras literárias para a gente entender mais a diversidade dos povos:

1- A Terra sem Males: Mito guarani. São Paulo, Jakson de Alencar, Paulus, 2009
2- Das Crianças Ikpeng para o Mundo Marangmotxíngmo Mïrang, de Rita Carelli, 2014
3- A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio, de Kaka Werá Jecupé
4- Câmera na Mão, o Guarani no Coração, de Moacyr Scliar. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2008
5- Kurumi Guaré no Coração da Amazônia, de Yaguarê Yamã. São Paulo: FTD, 2007
6- Wamrêmé Za’ra: Nossa palavra – Mito e história do povo xavante, de Sereburã; Hipru; Rupawê; Serezadbi; Sereñimirâmi. São Paulo: Editora Senac, 1998
7- Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões, de Alcy Cheuiche. Porto Alegre: AGE, 2012
8- O Karaíba: Uma história do pré-Brasil, de Daniel Munduruku. Barueri, SP.: Manole, 2010
9- Amazonas: Pátria da água, Textos e poemas, Thiago de Mello.  SP:  Boccato, 2007
10- Maíra, de Darcy Ribeiro. São Paulo: Global, 2014

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