Casos como o da francesa Jeanne Calment, que viveu até os 117 anos, têm sido motivo de estudos dos especialistas da área da saúde. No Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em maio de 2012, o perfil e hábitos da francesa também mereceram atenção. Afinal, o que influencia a longevidade?
18 milhões de brasileiros têm mais de 60 anos
Segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 18 milhões de pessoas possuem mais de 60 anos no país. A expectativa para os próximos 20 anos é que o número de idosos seja o dobro.
"Se observarmos a estimativa desde 1950 até 2025, ela mostra que a população brasileira crescerá cinco vezes, enquanto que a população idosa aumentará 15 vezes no mesmo período, conforme dados do IBGE. Pela primeira vez na história da humanidade, teremos um fenômeno de impacto surpreendente, em que a faixa etária superior aos 60 anos é a que mais cresce", comenta a médica Nezilour Lobato, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Para a médica, apesar de a perspectiva ser positiva em relação ao crescimento da população idosa, é preciso questionar se o processo de envelhecimento está acontecendo com qualidade.
"A longevidade, nesse caso, está diretamente relacionada com a educação, entenda-se não só o conhecimento escolar, mas também costumes de higiene e informação, e com fatores culturais, determinantes para os hábitos de vida, que poderão garantir ou não uma maior longevidade", alerta.
A presidente afirma que existem pessoas geneticamente predispostos à longevidade, como comprovaram estudos de vários pesquisadores no mundo. Apesar disso, os cuidados com a saúde física e mental ainda são fatores determinantes que podem garantir uma vida saudável por mais tempo.
Genética
A médica comenta que um estudo feito na Universidade de Boston (Estados Unidos) pelo professor Thomas T. Perls comprovou que a longevidade é influenciada de 20 a 30% pela genética. "Uma pessoa pode desenvolver genes protetores, que através de mecanismos bioquímicos irão proporcionar maior tempo de vida. Para os considerados "supercentenários", ou seja, aqueles que passaram dos 110 anos, o fator genético corresponde por 70 a 80% da longevidade", explica.
Existe pesquisadores que estudam o fato de algumas populações " a exemplo dos moradores de Okinawa (Japão) " viverem mais. Lá, existem 34 centenários a cada cem mil habitantes (quando a média dos países desenvolvidos é de 20 a cada cem mil). Ainda assim, não se chegou a um consenso quanto aos fatores genéticos relacionados a grupos populacionais, informa Nezilour.
Estilo de vida
O estilo de vida e os hábitos alimentares correspondem em média a 70% da longevidade. Os considerados "supercentenários", apesar de possuírem a sorte de ter a genética responsável pela maior parte da alta expectativa de vida, ainda assim precisam manter hábitos moderados para que a velhice seja mais duradoura. É o que afirma a presidente da SBGG.
"É necessário primeiramente viver com moderação, isso é, evitar hábitos extremos, como o tabagismo, alcoolismo, ingestão elevada de sal e alimentos considerados pobres em vitaminas e nutrientes, como os industrializados, gordurosos etc. A prática de exercícios e atividades físicas, como passear com o cachorro, lavar o carro e caminhar, também contribuem para a maior longevidade", recomenda.