Terceiro dia de evento lança um olhar para o futuro da previdência complementar
08/08/2024O SIGA, Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos Jurídicos da Previdência Complementar dedicou seu penúltimo dia para abordar, de forma abrangente, um tema crucial para as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) e para o mercado: diversidade, equidade e inclusão.
Em painel mediado por Paula Goto, diretora de Planejamento da Previ, a deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP) e Raphael Vicente, diretor-geral da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial (IEIR), destacaram a necessidade de uma mudança cultural profunda para promover a inclusão de mulheres, negros e da comunidade LGBTQIAPN+. A deputada destacou que a sociedade e as empresas devem ser agentes transformadores da cultura excludente, racista, machista, LGBTfóbica e transfóbica na qual estamos inseridos.
“Não conseguiremos transformar esses números alarmantes (de casos de racismo, LGBTfobia, violência contra a mulher etc.) e mudar a realidade das pessoas apenas criando legislações. O poder público precisa, sim, legislar para proteger e dar garantias às minorias, mas não adianta ter apenas a lei. É preciso educar, formar, conscientizar e mudar essa cultura do ódio, da intolerância que permeia os nossos ambientes, os nossos espaços, com naturalidade e tranquilidade absurdas”, afirmou.
Érika Hilton enfatizou que esse enfrentamento exige um compromisso sério. “Diversidade e inclusão não devem ser compreendidas pelas empresas apenas como uma pauta. Não é sobre pauta, é sobre vida, sobre oportunidade. Inclusão é tirar da marginalidade, da precariedade grupos específicos que têm a sua trajetória negada pela cor da pele, pelo gênero, pela sexualidade. Precisamos de um compromisso sério, de chamar a responsabilidade para que essas mudanças ocorram”, concluiu.
Raphael Vicente, por sua vez, apresentou o trabalho realizado IEIR para fortalecer a equidade racial e ressaltou o papel das EFPCs como agentes de transformação, incentivando as empresas a adotarem práticas mais equitativas. “A posição dos fundos de pensão é fator fundamental e definitivo nessa agenda. Vocês investem nas maiores empresas do país, com possibilidade de indicação para conselho e têm que chamar a responsabilidade e cobrar dessas empresas”, disse.
A transparência nos reportes de ASGI foi tema de outro painel. As boas práticas de responsabilidade ambiental, social, de governança e de integridade, são pré-requisitos da Previ para as decisões de investimento em empresas.
Os participantes discutiram a importância da transparência no relato das ações de sustentabilidade para a sociedade, clientes e investidores. Gustavo Pimenta, CFO da Vale, destacou que a mineradora foi pioneira, no Brasil, na adoção do padrão internacional ISSB (International Sustainability Standards Board) para medir esses números e firmar compromissos ambientais.
“Estamos muito longe de onde o setor pode chegar, nossa missão é muito maior, mas nossa jornada começa a surtir efeito com reconhecimento externo. Estamos sempre buscando melhorar”, disse. Ele também afirmou que a inclusão de práticas sustentáveis nos negócios e a transparência nos reportes são diferenciais competitivos para a construção de uma reputação sólida e para atrair investidores conscientes.
O envelhecimento da população representa um dos maiores desafios do século XXI. O painel dedicado à economia da longevidade trouxe à tona as implicações desse fenômeno para os fundos de pensão e para a sociedade como um todo.
Um dos desafios para as EFPCs está relacionado à gestão dos riscos. Andrea Vanzillotta, coordenadora do Comitê Técnico de Previdência Fechada do IBA (Instituto Brasileiro de Atuária), aponta que as entidades precisam estar preparadas, pois o prazo de pagamento de benefícios cresce conforme a longevidade aumenta. “Vale tanto para o INSS quando para os fundos de pensão”, frisou.
Os especialistas abordaram também as oportunidades de investimento que surgem com o aumento da expectativa de vida, em setores como turismo, saúde e educação, e a necessidade de melhorar a qualidade de vida dos idosos.
No painel seguinte, sobre inovação e megatendências, Luis Mangi, vice-presidente do Gartner, apontou que a tecnologia pode ajudar na promoção do bem-estar, lembrando como as ferramentas facilitam o dia a dia e podem servir até mesmo para cuidar melhor da saúde.
Os palestrantes exploraram, ainda, as possibilidades de utilização da inteligência artificial para melhorar a gestão dos planos de previdência, inclusive no contexto de longevidade, reduzir custos e melhorar a experiência dos participantes. A importância de adotar uma cultura de inovação e de investir em soluções tecnológicas foi enfatizada como um diferencial competitivo para os fundos de pensão.
No fim do dia, a jornalista Natuza Nery, do grupo Globo, palestrou sobre o papel do jornalismo no combate à desinformação. Ela destacou que as fakes news não se restringem ao contexto político, mas atingem também as empresas, causando grandes prejuízos. “Enquanto no Brasil a gente achar que fake news é um problema da política e da imprensa, todo mundo vai ser atingido em maior ou menor grau.”, disse.
O encerramento da plenária ficou por conta do diretor de Relacionamento com o Mercado Financeiro na Livelo, Jota Erre, que falou sobre tendências de consumo e oportunidades para diferentes negócios.
O último dia do SIGA é amanhã, 9/8, com término às 12h, e contará com a presença de Alexandre Padilha, Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Relações Institucionais. Para conferir toda a programação, acesse o site do evento.
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